'Jeito Felipão' dá aproveitamento de campeão ao Athletico

Contratado para ser o grande responsável pelo departamento de futebol do Athletico-PR, Luiz Felipe Scolari vem tendo um início daqueles no comando técnico do Furacão. São sete vitórias em 11 partidas disputadas num período de aproximadamente 50 dias. Média de dois gols feitos por jogo. Números que seriam suficientes para uma equipe ser campeã brasileira.

Manter o aproveitamento é o grande desafio da sequência da temporada. A ideia inicial nem era ter Felipão como treinador. Foi contratado inicialmente como diretor técnico, mas acumula as funções desde o 4 de maio. Desta forma, é difícil imaginar outro alguém para dirigir o time na beira do campo neste momento. A subida de produção do Athletico é evidente.

O profissional de 73 anos é o terceiro técnico do clube na temporada. Alberto Valentim foi demitido em abril, logo após a primeira rodada do Brasileirão, e Fabio Carille ficou incríveis sete jogos na Baixada, pouco mais de um mês. A instabilidade do cargo não afetou o campeão mundial com a seleção brasileira, em 2002. Pelo contrário, a sensação é que a experiência que levou ao CAP equilibrou o ambiente.

Trata-se de um elenco com a segunda menor média de idade do Campeonato Brasileiro 2022. Com 24 anos, só fica na frente do Red Bull Bragantino. O plantel foi reforçado e há qualidade, muito talento já em alto nível, além de outros atletas em desenvolvimento. A figura de Scolari em meio a esta realidade tem dado resultado.

Em termos táticos não há nada de tão novo dentro do que o treinador apresentou em seus últimos trabalhos. Certamente, o Furacão bota mais a bola no chão, em comparação ao Cruzeiro da Série B de 2020 e ao Grêmio do ano passado — trabalhos anteriores realizados pelo treinador gaúcho. O aproveitamento inicial, aliás, é bem parecido com o que teve nos clubes que estão na Segundona. O desfecho é que dá toda pinta que será diferente.

O Athletico varia o comportamento em campo. Por vezes é mais reativo, aguarda a iniciativa dos adversários para atuar em contra-ataques, o que acaba sendo mais frequente, mas vem evoluindo quando precisa ficar mais tempo com a bola. Tenta se instalar no campo adversário de forma segura, trabalhando bastante pelos lados.

O flanco esquerdo, com Cuello e Abner, é o mais produtivo. Terans e Pablo - que se reencontrou em Curitiba - são os jogadores mais decisivos com Scolari, e há uma disputa aberta na ponta-direita. Cannobio e Marcelo Cirino são os principais nomes para o setor. Hugo Moura vem protegendo bem à frente da área e libera Christian para se somar ao ataque. Matheus Fernandes é outro nome bastante utilizado na função.

Quem também se estabeleceu foi o lateral direito Khellven, titular absoluto e assíduo participante nas principais jogadas de ataque. É difícil vermos os dois laterais do time atacando simultaneamente o último terço do campo. Geralmente um deles faz o ''balanço defensivo'' por trás da linha da bola, ao lado dos zagueiros e de Hugo Moura. A média de gols sofridos é inferior a um gol por partida.

Num Brasileirão marcado por decepções da maioria dos favoritos até aqui, o Athletico com seu jeito ''simples'' e eficiente ostenta a terceira colocação. Ainda pode naturalmente melhorar o desempenho em determinados cenários, mas hoje é um time muito mais competitivo do que era há alguns meses. Isso pode ser ainda decisivo nesta temporada.