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Tratar Tabata como o substituto de Scarpa é ruim para todos
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O Palmeiras fez uma ótima contratação ao repatriar o brasileiro Bruno Tabata. Ele atuou nas divisões de base do Atlético-MG, mas nem chegou a se profissionalizar pelo Galo. Fez carreira em Portugal. Por isso se conhece tão pouco sobre ele aqui no Brasil. Por mais que tenha muitas similaridades com Gustavo Scarpa, que deixará o clube em novembro, compará-los pode ser um erro.
É possível que o departamento de futebol do Verdão tenha recrutado o atleta pensando numa reposição ao camisa 14. Isso é uma coisa. Daí a dizer que Tabata substituirá exatamente Scarpa dentro da estrutura do elenco é perigoso.
Primeiro porque nenhum jogador é exatamente igual a outro. Também por aquilo que o ex-meia do Fluminense representa para o Palmeiras hoje. Esperar a mesma taxa de contribuição direta de gols certamente atrapalharia a percepção sobre o seu potencial. O torcedor e a imprensa podem se encher de expectativas inerentes à repetição desses números, algo que o novo jogador do clube jamais teve na carreira.
Bruno completou 25 anos em março. É canhoto e atuou no Sporting nas últimas duas temporadas. Fez 52 jogos na equipe, mas apenas 13 como titular. Nas últimas três partidas pelos Leões, atuou adiantado e centralizado no ataque, mas funciona melhor como um meia que parte de um dos lados do campo, com liberdade para flutuar ao centro do gramado, nas costas dos volantes rivais, exatamente como Scarpa já fez algumas vezes.
Numa comparação direta, porém, Tabata acaba tendo valências mais próximas de um atacante do que Gustavo Scarpa. É mais agressivo ao buscar movimentos na área, finaliza bastante desta forma, e não funciona tão bem numa zona mais recuada do campo, algo que o futuro jogador do Nottingham Forest sabe fazer.
Mesmo assim tem capacidade de articulação, controle de bola, agilidade para girar o corpo e sair de pressões, repertório de drible, visão de jogo, qualidade nos cruzamentos e no último passe. Possui mais força em relação a Scarpa, mas uma tomada de decisão inferior. Pode melhorar também a concentração em alguns jogos. Por vezes oscila neste aspecto.
Antes do Sporting, Tabata atuou quatro temporadas seguidas pelo Portimonense, clube que o tirou da base do Galo. No sul de Portugal, deu 11 assistências em seu último ano, algo que foi determinante para ser comprado pelos mesmos cinco milhões de euros desembolsados pelo Palmeiras. Chegar nesta marca o aproximaria daquilo que Scarpa representa hoje, mas foi um número fora de seu padrão.
Outra passagem relevante da carreira do novo jogador do Palmeiras é o vice-campeonato do Pré-Olímpico de 2020, com a seleção sub-23 treinada por André Jardine. Tabata foi reserva numa equipe que tinha Paulinho, Antony, Pedrinho, Pepê (ex-Grêmio), Matheus Cunha e Yuri Alberto. Ele fez três jogos na competição.
Tabata pode ser importante e se tornar titular do Palmeiras. Tem futebol para isso. Mas é preciso que se permita a adaptação e a evolução dele dentro do time sem querer que seja um novo Gustavo Scarpa a partir de 2023. Chegar antes da saída do novo companheiro foi benéfico para evitar a comparação direta.
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