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Aplicativo substitui as tradicionais peneiras para as divisões de base
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Ser profissional de futebol é o sonho de diversos meninos e meninas em todas as regiões do Brasil. Os desafios para chegar no objetivo não são poucos. A começar pela exigência de talento até a oferta de oportunidades realmente sérias. O aplicativo DS Football vem democratizando o acesso a essas chances. Já é possível se colocar na vitrine para grandes clubes sem sair de casa e sem gastar um centavo.
A ferramenta foi desenvolvida pela Dreamstock, empresa fundada pelo brasileiro Marcelo Matsunaga há cinco anos. Ele reside no Japão há três décadas e teve a ideia para oportunizar atletas de todo o mundo. Como o Brasil é o maior exportador de ''pé de obra'' do planeta, com mais de 1.300 atletas atuando em 85 ligas diferentes, acabou sendo o principal ''contribuinte'' do aplicativo.
Escolhido para desenvolver o projeto junto às divisões de base, o brasileiro Euler Victor explica que já há mais de 30 clubes parceiros da empresa em solo nacional nos últimos 18 meses, e os resultados já começam a aparecer. São 600 nomes cadastrados.
''Menos de 1% dos atletas que fazem as peneiras acabam passando. A partir do momento que o vídeo deles passa por uma análise de desempenho dentro da plataforma aumenta para 34% o número de atletas aprovados'', afirma.
O processo funciona da seguinte forma. O atleta baixa o aplicativo e faz o cadastro de forma gratuita. Pode subir os vídeos na sequência. Esse conteúdo passa por uma análise prévia para identificar o nível do jogador ou jogadora. A partir daí este indivíduo é separado em escalas diferentes e isso fica à disposição dos clubes parceiros. Caso se interessem por alguém, entram em contato diretamente com a família oferecendo um período de experiência.
Não há vínculo da Dreamstrock com os atletas. A empresa faz a ponte, mas não ganha financeiramente com a operação de nenhum indivíduo. Não há participações e percentuais em negociações, como garante Euler Victor. Inclusive, o número de jogadores com empresários é grande dentro da plataforma.
''Temos atletas de Manaus empregados na região Sul. Isso é importante. Não acredito que o futebol possa ser feito sem responsabilidade social. Dentro da plataforma os meninos ainda podem criar uma vaquinha virtual para custear suas viagens e a compra de chuteiras ou caneleiras. Nós não assinamos procuração, não temos direitos federativos de nenhum atleta e nem gerenciamento de carreira. O nosso cliente é o clube. Ele é que paga pelo nosso trabalho. O jogador pode ter empresário. Isso não é impeditivo nenhum'', esclarece.
Não são poucos os profissionais de base que abordam os efeitos negativos da especulação imobiliária nas grandes cidades como algo preocupante num futuro próximo. Os campos de várzea estão sumindo. E com eles importantes espaços de livre desenvolvimento futebolístico para muitas crianças e adolescentes.
Por outro lado, há o crescimento de escolinhas privadas. Euler aponta o quanto isso pode ser nocivo e aponta o aplicativo como opção de inclusão social a quem fica à margem deste processo.
''A peneira do tráfico é muito mais fácil que a peneira do futebol. Um quinto das escolinhas do Brasil são gratuitas. A média da mensalidade é de R$ 150. Como o pai que recebe um salário-mínimo vai pagar para os dois filhos? Estamos elitizando o esporte que é mais popular. Nenhum craque brasileiro vem de origem rica. Precisamos olhar para a periferia e oportunizar. A fonte vai secar. Dentro dos bairros não há mais campos de futebol. Na minha época de infância se jogava bola na rua todo dia. Hoje, eles jogam uma vez por semana. Tem jogador de fora do país que nunca ganhou nada com escolinha de futebol no Brasil.''
De acordo com Euler Victor, não há a exigência de que os vídeos postados na plataforma sejam altamente profissionais e elaborados. A maioria são bem simples e filmados com um celular. Dentro do aplicativo há, inclusive, orientações para que as gravações sejam feitas com mais qualidade desta forma.
O garoto Davi Luiz, de apenas 12 anos, que viralizou por um lindo gol em que deu três lençóis antes de bater para o gol, num campeonato de várzea no interior de Minas Gerais, é um dos milhares de candidatos a craque que estão cadastrados no aplicativo. O Santos já ofereceu um período de testes para ele.
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