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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Crescimento de Yuri Alberto não é obra do acaso

Colunista do UOL

25/08/2022 11h05

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Já tinha gente querendo mandar Yuri Alberto de volta para a Rússia depois dos primeiros seis jogos no Corinthians. As atuações discretas e a escassez de gols estavam atreladas diretamente a algo que não era responsabilidade exclusiva dele. A leve melhora coletiva da equipe após a sequência com Róger Guedes e Renato Augusto comprova isso. O Timão tem um belo atacante!

Atuando quase sempre como o homem mais avançado do time, o camisa 9 alvinegro foi pouquíssimo alimentado nas primeiras partidas pelo clube. Soma-se a isso o período necessário de retomada do ritmo de jogo, algo que estava há dois meses sem, e o conhecimento básico dos companheiros, e se chega às respostas do desempenho ruim inicial.

É preciso deixar de lado expressões como ''chamar a responsabilidade do jogo'' para analisar com mais racionalidade o rendimento de um atleta. Resumir se um indivíduo joga mal ou bem, exclusivamente por isso, é um grave erro.

Como ''produto final'' de um time, o atacante de referência precisa ser alimentado. Caso contrário, passará o tempo correndo entre os zagueiros, torcendo para que uma bola sobre. E quando isso acontece, geralmente erra pela ansiedade causada no cenário anterior. No caso de Yuri Alberto então, foi algo nítido.

A partir do momento em que o Corinthians teve a sua construção ofensiva qualificada, com a sequência de Renato Augusto e a definição de um meio-campo titular para os jogos mais importantes da temporada, o atacante de 21 anos começou a dar retorno. Seja com os três gols marcados na virada sobre o Atlético Goianiense, ou na assistência para o primeiro tento diante do Fluminense, nesta quarta-feira.

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A rotina de Yuri Alberto nos primeiros dias de Timão
Imagem: Fonte: Opta

Os números oferecem um bom suporte de comparação. Exceto na estreia contra o frágil Coritiba, quando finalizou seis vezes, Yuri recebeu raras bolas em condições de arrematar nos sete jogos seguintes. Chegou a passar mais de 300 minutos sem ''machucar'' a meta adversária.

Perante o Atlético Mineiro, o Flamengo duas vezes, o Palmeiras, o Atlético Goianiense, em Goiânia, e o Avaí, foram apenas três finalizações. Em sete partidas, concluiu metade do que havia feito em um jogo só. Isso não pode ser problema só do atacante!

Já a partir do duelo de volta contra o Dragão, pela Copa do Brasil, teve ao menos uma bola em condições de finalizar por jogo. Só neste confronto dos três gols, arrematou quatro vezes, todas no alvo. No jogo de ontem, concluiu mais duas vezes.

Outro ponto que auxilia é a melhora de Róger Guedes. Mais focado nos últimos jogos, acrescentou qualidade e imprevisibilidade a partir do lado esquerdo do ataque. Ao lado de Renato Augusto, é o jogador que mais se aproxima de Yuri Alberto para dialogar. E não por acaso é o companheiro que mais serviu para finalizações do atacante no Corinthians. Três dos 16 arremates do camisa 9 são oriundos de assistências de Róger.

Ainda há um bom caminho para percorrer pela frente. O Corinthians é o time que menos finaliza em média por jogo do Brasileirão 2022. Isso é muito pouco para um elenco de boa qualidade. Mas o que já deu para perceber é que Yuri Alberto vai dar a resposta esperada se for bem alimentado.