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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A redenção de Pablo no mesmo palco de sua queda

Colunista do UOL

06/09/2022 23h26

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385 dias! Esse é o tempo que separa a tragédia da glória para Pablo. No dia 17 de agosto de 2021, o atacante fazia um de seus últimos jogos com a camisa do São Paulo. Perdeu uma chance incrível nos 3x0 do Palmeiras, nas quartas da final da Libertadores. Agora, na mesma competição, também no Allianz Parque, diante do Palmeiras, e na exata trave do triste episódio, marcou um gol e deu uma assistência no empate que garantiu a vaga do Athletico na grande final de Guayaquil.

O feito é gigante para o momento em que Pablo passa no clube paranaense. Barrado pelo jovem Vitor Roque, vinha em baixa, mas saiu do banco para dar a classificação ao seu clube.

Sem Danilo e Raphael Veiga, Abel Ferreira optou por Gabriel Menino e Bruno Tabata. Já Luiz Felipe Scolari repetiu quase a mesma equipe do primeiro jogo. Erick compôs o meio com Alex Santana e Fernandinho. Hugo Moura foi o desfalque.

O Palmeiras foi muito superior ao Athletico no 1º tempo! Marcando forte e acelerando em rápidas transições, criou quatro boas chances assim em 25 minutos, e abriu o placar logo de cara com Gustavo Scarpa. Bruno Tabata roubou a bola de Canobbio e serviu Zé Rafael. Ele venceu o duelo com Fernandinho e cruzou rasteiro. Pedro Henrique falhou e o camisa 14 não perdoou.

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Como Palmeiras e Athletico iniciaram o segundo jogo da semifinal da Libertadores 2022
Imagem: Rodrigo Coutinho

Dudu, Tabata e o próprio Scarpa assustaram na sequência. O Athletico, que inexplicavelmente se expôs demais nos primeiros minutos, não conseguia produzir nada. Dependia de vitórias pessoas de Vitor Roque, algo que não era acompanhado pelos companheiros do jovem atacante na sequência das jogadas. O Verdão marcava forte, transpirava concentração, e era muito organizado para aproveitar os contragolpes.

Em fase ofensiva, também iludia o Furacão. Desde a saída de bola, com Weverton entre Marcos Rocha e Murilo, e adiantando Gómez, confundia os encaixes de marcação do rubro-negro, e conseguia circular a posse com eficiência. Era vertical. Chegava na área com perigo. Marcos Rocha serviu Rony aos 35', mas o chute saiu prensado e Bento pegou.

Nos acréscimos, porém, uma cena ruim se repetiu. Murilo deu uma solada acima do joelho de Vitor Roque em lance totalmente isolado, e acabou expulso diretamente. Há pouco a se discutir sobre o lance, mas os palmeirenses reclamaram a ausência de um cartão vermelho para Alex Santana, que acertou o rosto de Rony com o braço de forma proposital, antes da cobrança de uma falta na metade da 1ª etapa.

Luan entrou no lugar de Tabata no intervalo para recompor o miolo de zaga. Abel montou um 4-4-1, com Scarpa e Dudu retornando pelos lados. No Furacão, mexida tripla. Abner, Alex Santana e Canobbio saíram. Pedrinho, Terans e Rômulo entraram. Logicamente o jogo tomou outra cara na 2ª etapa. O Athletico o tempo inteiro com a bola no campo de ataque, e o Palmeiras tentando assustar em contra-ataques ou bolas paradas.

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Gustavo Gomez balançou as redes para o Palmeiras diante do Athletico, em confronto da Libertadores
Imagem: Ricardo Moreira/Getty Images

Em um lateral cobrado na área por Marcos Rocha conseguiu fazer o segundo gol. Gustavo Gómez ganhou o duelo com Thiago Heleno pelo alto e raspou de cabeça para marcar aos nove minutos. O rubro-negro encontrava muitas dificuldades para entrar na área alviverde, mas uma substituição ajustou isso. Pablo entrou no lugar de Erick. Passou a fazer a dupla com Vitor Roque pelo centro do ataque e diminuiu o placar.

Fernandinho enfiou um lindo passe para Vitinho nas costas de Marcos Rocha, ele cruzou rasteiro, Vitor Roque escorou e Pablo marcou. Do mesmo jeito que ganhou potência ofensiva, o Furacão se expôs demais, e Dudu fazia grandes jogadas em contra-ataques. Em um delas, serviu Gabriel Menino na área, mas o chute forte do volante parou na ótima defesa de Bento.

O destino, porém, estava traçado. Pablo serviu Terans na entrada da área aos 40', e o chute do uruguaio desviou em Piquerez antes de morrer no canto direito de Weverton. O Palmeiras não conseguiu igualar o feito do Tricolor. Há 28 anos, o São Paulo chegou em três finais seguidas de Libertadores, mas havia o Furacão de Pablo no meio do caminho. Será a segunda vez que o clube disputará a decisão da competição.