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O Flamengo não recuou porque quis e Dorival não tinha opções diferentes
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Passada a euforia do tetracampeonato rubro-negro na Copa do Brasil, a história dos 90 minutos já pode ser dissecada. E tem sido comum as críticas à postura do time depois de abrir o placar, assim como às substituições feitas por Dorival Junior na 2ª etapa. Mas como muita coisa no futebol. Nem sempre é o que parece e o que o senso comum prega.
O Flamengo não recuou porque quis. Ou simplesmente deixou de atacar para defender o 1x0. O Corinthians é que se impôs mediante um problema defensivo recorrente da equipe: a pouca pressão na bola no setor de meio-campo, algo que piorou sem a presença de João Gomes.
Sem desarmar e inibir o avanço adversário, que possui jogadores de qualidade para circular a bola, é natural que o time seja empurrado para trás. Principalmente quando o rival mostra entendimento da dificuldade rubro-negra em dobrar a marcação pelos lados, fruto do desenho em losango do meio-campo e da característica defensiva dos jogadores.
O Corinthians abria suas peças, induzia o Flamengo a fazer o movimento de flutuação com Vidal e Everton Ribeiro para proteger os flancos, e encontrava espaços pelo meio, região em que Renato Augusto e Fausto Vera trabalharam com liberdade. Arrascaeta auxiliou pouco no fechamento de linha de passes. Thiago Maia ficou sobrecarregado.
Se não consegue recuperar a bola com frequência e se estabelecer no campo de ataque, o Flamengo torna-se um time débil e desconfortável. Mesmo assim encaixou bons contra-ataques e teve dois gols anulados, mas passou longe do domínio que costuma exercer.
As substituições que geraram tantas críticas dos torcedores são o efeito do problema original. Vidal parecia cansado e sofria com dores no tornozelo ainda no 1º tempo. Não havia no banco um jogador de meio-campo que o pudesse substituir e oferecer a vitalidade que o time necessitava naquele momento. Victor Hugo e Matheus França jogam mais adiantados. Diego passa longe de ser essa peça.
A solução de Dorival em colocar Matheuzinho foi correta dentro das características do lateral. Mesmo improvisado, foi bem na função diante do Atlético Mineiro, no último sábado, e tem mobilidade, intensidade, poderia auxiliar Thiago Maia. Nos oito minutos em que ficou em campo com o volante titular, o rubro-negro conseguiu controlar a pressão corintiana. O problema foi que o próprio Thiago já não aguentava mais.
Correu muito! Cobriu uma imensa faixa de campo basicamente sozinho, estava sobrecarregado, e teve que deixar o gramado. Novamente. Não havia no banco quem fizesse a função. Em campo estava David Luiz, que jogou diversas vezes assim na carreira. Natural que mais uma improvisação fosse feita. Não era o ideal pelo momento físico do atleta, mas a única solução possível naquele momento.
Não funcionou pelo total desentrosamento entre Victor Hugo, Matheuzinho e David Luiz, que passaram a formar uma trinca por trás de Everton Ribeiro, Gabigol e Everton ''Cebolinha'' na reta final do jogo, mas não havia nada diferente disso para Dorival fazer.
A finalíssima da Copa do Brasil deixou duas lições para a continuidade do trabalho do Flamengo.
A primeira é que é necessário que a diretoria de futebol planeje o elenco com mais precisão no início da temporada. Diego, que já vinha mal desde a metade de 2021, foi um dos volantes do plantel a temporada toda, e Erick Pulgar só chegou depois do fechamento das inscrições da Copa do Brasil.
A segunda é que é necessário mais entrega e concentração de determinados atletas no momento defensivo. Quando o Flamengo recua o bloco de marcação, a ''pressão na bola'' cai muito. Foram vários os jogos em que a equipe sofreu com isso nos últimos dois meses. Mesmo tendo a última linha bem ajustada e Thiago Maia fazendo um ótimo trabalho de cobertura com João Gomes, é necessário mais defensivamente.
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