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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ainda vale apostar na história de Dani Alves e Coutinho?

Colunista do UOL

06/11/2022 10h55

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Um dos maiores dilemas de Tite na convocação que será anunciada nesta segunda-feira é o que fazer com Daniel Alves e Philippe Coutinho. Titulares absolutos na Rússia, em 2018, eles vivem em baixa há algumas temporadas. E não será surpresa se ficarem de fora da lista dos 26 nomes. Ao menos um deles pode não ir ao Catar.

A situação poderia ser mais amena com a ampliação de 23 para 26 convocados em cada seleção, mas o que a experiente dupla fez em campo não justifica tal condição. Sabe-se, porém, que não é só o momento de cada atleta que define a chamada. Há um combinado de adequação tática às funções, hierarquia no vestiário, e o próprio histórico recente de ambos com a Amarelinha.

Ponderando tudo isso é que surge a dúvida. É válido acreditar que eles podem se recuperar e acrescentar no contexto do Brasil? Nas últimas Copas há exemplos bem-sucedidos. Quem não lembra de Ronaldo em 2002? Foi ao Mundial basicamente sem jogar após duas temporadas se recuperando de lesão e entrou de vez para a história da Seleção.

Existe também os exemplos negativos. O mais famoso recentemente é o de Dunga, que apostou em Kléberson como reserva em 2010, quando o meia já vivia uma fase ruim e perdia espaço como titular no time do Flamengo. E caiu no Mundial sem opções confiáveis no banco de reservas.

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Tite terá que tomar a decisão
Imagem: Lucas Seixas/UOL

Não se trata de comparar a qualidade de Daniel Alves e Coutinho a Ronaldo Fenômeno. Tão pouco de colocá-los na mesma prateleira de Kléberson. Apenas provocar essa reflexão. Será que podem ser uteis ao grupo ou tirariam espaço de alguém que merece mais?

A situação de ambos é muito límpida. Daniel Alves tem 39 anos e fez apenas 12 jogos nos últimos três meses. Não foi bem no Pumas, onde atuou como volante, fora da posição de lateral-direito. Foi o craque da Copa América de 2019, mas nas últimas oportunidades que teve na Seleção passou longe de convencer. Apresentou problemas defensivos.

Já Philippe Coutinho teve um início animador no Aston Villa, na temporada passada, mas caiu novamente de produção e perdeu espaço. Há basicamente um mês não inicia como titular e nem foi relacionado para a partida deste final de semana. Na Seleção, mostrou bom nível nas chances recentes que teve.

Danilo se estabeleceu como o titular da lateral-direita. Se for chamado, Dani Alves será o suplente, mas Éder Militão também sabe jogar na função, e poderia ser improvisado sem problemas em caso de ausência de Danilo. Tite fez esse teste recentemente.

De quebra, abriria vaga para mais um zagueiro. Thiago Silva, Marquinhos e o próprio Militão estão garantidos. Gabriel Magalhães e Bremer, em tese, brigam por uma vaga, mas ela pode se transformar em duas caso Tite opte por não levar Daniel Alves. Essa hipótese não é pouco provável. Ainda há Roger Ibañez e o recém recuperado de lesão Lucas Veríssimo querendo beliscar uma vaga.

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Daniel Alves foi capitão da seleção brasileira no amistoso contra o Japão, em junho
Imagem: Masashi Hara/Getty Images

No meio, também é certo que Coutinho não será titular. Se jogar com uma linha de quatro atacantes de ofício, Paquetá compõe o meio com Casemiro. Se empurrar Paquetá para o lado esquerdo, Fred entra. Há também a possibilidade de Casemiro, Paquetá e Fred formarem uma trinca por dentro, e Neymar ser um ''falso ponta'' a partir do lado esquerdo.

Everton Ribeiro ainda parece estar na frente de Coutinho neste momento. Tite o convocava até quando o meia do Flamengo estava em má fase. E agora, que voltou a atuar bem, é nome certo no Mundial. Desta forma então, Tite teria que chamar oito atacantes para destinar uma das vagas para Philippe Coutinho. Seria uma opção tática. Para ter mais um jogador com características de meia no elenco.

O problema é que o nível no ataque é alto. E tem mais gente pedindo passagem. Neymar, Gabriel Jesus, Raphinha, Antony, Vinícius Junior, Richarlison, Rodrygo e Pedro são nomes basicamente certos. Gabriel Martinelli vem jogando bem e pode pintar no grupo. Em comparação a Coutinho, apresenta muito mais bola neste momento. Ainda há a hipótese de chamar Firmino, que também poderia jogar no meio-campo.

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Philippe Coutinho comemora gol marcado pela seleção brasileira em amistoso contra a Coreia do Sul
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Só saberemos qual será a decisão de Tite no início da tarde desta segunda-feira, mas dois dos principais jogadores brasileiros das últimas décadas têm grandes chances de ficarem de fora da Copa do Mundo. E não será nenhum absurdo. Há muito talento disponível.