Alemanha mostra que é um leão para atacar, mas um gatinho para defender

O Japão surpreendeu a Alemanha na estreia das duas seleções na Copa do Mundo 2022. Resistiu aos europeus durante boa parte do jogo, contou com excelentes mexidas de seu treinador na 2ª etapa, e aproveitou a debilidade do sistema defensivo dos favoritos, que terão problemas para ir longe caso mantenham o desequilíbrio desta quarta-feira.

Hansi Flick optou por Sule na lateral, o que abriu espaço para Schlotterbeck na zaga. Gundogan ganhou a disputa com Goretzka e começou ao lado de Kimmich no meio. Musiala, Muller, Gnabry e Havertz formaram o quarteto ofensivo. Já Hajime Moriyasu escalou uma linha defensiva bem experiente com Sakai, Nagatomo e Yoshida. Kamada foi titular no meio, assim como Kubo pela esquerda e Maeda na frente.

20 minutos! Esse foi o tempo que o Japão conseguiu resistir ao talento, organização e volúpia alemã. Neste período, variou a altura do bloco de marcação com intensidade e compactação. Chegou a ter um gol bem anulado de Maeda, após boa jogada de Kamada e Junya Ito. Mas a diferença de qualidade entre as equipes é muito grande. A partir do momento em que os alemães encaixaram o seu jogo, não houve páreo.

Musiala flutuava da ponta para o ''meio-espaço'' na esquerda. Raum avançava como um ponta, Gundogan encostava no setor. Pela direita, Sule se mantinha alinhado a Rudiger e Schlotterbeck, por trás da linha da bola, e Gnabry ficava bem aberto. Kimmich e Muller dialogavam com ele. Havertz flutuava pelo ataque e gerava superioridade numérica no setor da jogada. Tudo muito bem ensaiado, intenso e vertical. Um deleite!

Foram oito ações ofensivas de destaque num período de 32 minutos. 15 finalizações ao todo na 1ª etapa. O 1x0 parcial ficou barato para os japoneses. O gol saiu de uma entre tantas lindas enfiadas de bola de Kimmich. Desta vez para Raum atacar as costas da defesa e ser derrubado pelo goleiro Gonda. Gundogan converteu a cobrança de pênalti.

Musiala desfilava seu talento e agressividade com apenas 19 anos. Não sentiu em nada a estreia em Copas. Muller, o mais veterano, mostrava mais uma vez o porquê é um dos maiores atacantes da história do futebol alemão. Sempre preciso! Gundogan, além do gol, se recuperou de uma falha cometida logo no início para ser o maior sócio de Kimmich na distribuição das jogadas. Uma aula de como se jogar no meio-campo!

Pensando em preservar o seu saldo de gols, o Japão voltou com Tomiyasu no lugar de Kubo. O lateral do Arsenal entrou como zagueiro, e uma linha de cinco na defesa foi montada. Kamada passou a jogar no lado esquerdo da linha de meio. Um 5-4-1. Mitoma e Asano substituiram Nagatomo e Maeda logo depois. O time aumentava ainda mais o potencial de contragolpe, algo que voltou a incomodar a Alemanha.

A produção ofensiva germânica, porém, seguiu alta. Gundogan e Sané acertaram a trave esquerda antes dos 15 minutos. Musiala quase fez um gol de placa um pouco antes. Gonda fez milagres em finalizações de Hofmann e Gnabry também. Não matar o jogo foi um problema para os europeus. O Japão, com Mitoma e Sakai de alas, e com Asano na frente, mostrou mais poder de fogo ofensivo, e machucou os alemães.

Minamino e Ritsu Doan tinham acabado de entrar, mas foram os protagonistas do gol de empate marcado aos 30 minutos. Mitoma recebeu pela esquerda e serviu Minamino na área, ele bateu cruzado e Neuer pegou, mas Ritsu Doan completou no rebote. O gol abalou mentalmente a Alemanha e encheu os nipônicos de coragem.

Aos 37', Asano recebeu um lançamento primoroso de Itakura nas costas de Schlotterbeck e bateu na saída de Neuer, que ficou pregado embaixo da trave. A Alemanha até tentou pressionar, mas estava na lona. Mais uma vez estreia com derrota numa Copa do Mundo e vai precisar vencer a Espanha na próxima rodada para ter boas chances de classificação.