Portugal pega no 'tranco' e deixa mais dúvidas do que certezas

A seleção portuguesa estreou com vitória na Copa do Mundo de 2022. Importante para pular na frente na tábua de classificação do Grupo H e aumentar a confiança para a competição, mas novamente a sensação deixada não foi positiva. Os três gols marcados iludem. A produção ofensiva não foi extensa quanto o placar pode supor. E defensivamente houve erros infantis. A atitude da Portugal foi bem negativa.

Fernando Santos colocou em campo um time muito ofensivo. Otávio entrou no meio. Danilo Pereira atuou como zagueiro. João Félix ficou com a vaga que disputava com Rafael Leão. Já o técnico Otto Addo montou uma linha de cinco na defesa com Amartey, Salisu e Djiku como zagueiros. Iñaki Williams foi o homem mais avançado.

O ritmo arrastado da troca de passes de Portugal foi a tônica de um sonolento 1º tempo. Foram poucos os momentos em que o time luso imprimiu velocidade na circulação da pelota e teve movimentos intensos de ataque à profundidade. Os laterais ocuparam sempre os flancos do campo de ataque, liberando Bruno Fernandes e João Félix para tentar trabalhar nas costas dos volantes ganeses.

Os portugueses tiveram o controle e se aproximaram na faixa central. Bernardo Silva e Otávio auxiliavam Rúben Neves na articulação inicial, mas poucas jogadas de ultrapassagem ou movimentos de rupturas em cima da última linha de defesa de Gana foram vistos. Os africanos se postaram quase sempre em bloco baixo, e conseguiram bloquear as ações europeias pelo meio. Cristiano Ronaldo não teve espaço.

Recebeu um passe em profundidade de Bruno Fernandes após erro na saída de bola ganesa, mas o goleiro Atl-Zigi saiu da meta para abafar a finalização. O goleiro também foi seguro em um chute de Otávio da entrada da área. Pouquíssima produtividade para o material humano em campo. As Estrelas Negras tentaram atacar com ligações diretas ou contra-ataques, mas não conseguiram incomodar Portugal.

O jogo mantinha-se no mesmo ritmo na 2ª etapa até um erro grosseiro da arbitragem levar emoção ao gramado. Raphael Guerreiro aproveitou um dos poucos movimentos de infiltração de João Félix no jogo para enfiar a bola ao camisa 11. Ele deu um leve toque de calcanhar para Cristiano Ronaldo, que se atirou ao disputar a bola com Salisu. O árbitro marcou o pênalti e não foi corrigido pelo VAR.

Aos 21', o ''Robozão'' entrou para a história das Copas do Mundo. Converteu a penalidade máxima e tornou-se o único jogador a marcar em cinco Mundiais diferentes. A pasmaceira portuguesa com a bola passou a ser defensiva também logo depois que o placar foi movimentado. Gana se soltou e chegou ao empate. Kudus, principal opção criativa da equipe, recebeu em profundidade e cruzou para André Ayew marcar.

O empate causou euforia e Gana não teve inteligência para sentir o momento do jogo. Saiu para o ataque de forma afoita duas vezes, perdeu a bola no meio-campo e pagou caro. O cobrador foi Bruno Fernandes, que com sua genialidade deixou João Félix e Rafael Leão na cara do gol em três minutos. O resultado? Dois gols de Portugal!

Gana ainda conseguiu diminuir aos 44', com Bukari, que havia entrado no lugar de Kudus, mas não teve sabedoria no momento mais importante dos 90 minutos. Poderia ter explorado o desespero que certamente bateria nos portugueses. O time de Fernando Santos, de novo, passou muito longe de convencer.