Irã supera crise dentro e fora de campo para ficar vivo na Copa

Um país que virou um caldeirão depois do absurdo assassinato da jovem Mahsa Amini pela '''polícia de costumes'', torcendo por um grupo de aguerridos jogadores que, em sua grande maioria, usa a ascendência sobre a sociedade para protestar contra o regime local.

Como se não bastasse isso, a seleção iraniana precisava se recuperar dos 6x2 sofridos contra a Inglaterra para superar País de Gales e se manter vivo no Grupo B da Copa 2022. Tinha como torcer contra? Se a Inglaterra vencer os Estados Unidos logo mais, o Irã precisará superar os norte-americanos na rodada final para obter a inédita classificação para as oitavas de final do Mundial.

Depois de entrar muito bem contra os Estados Unidos, o centroavante Moore foi escalado como titular ao lado de Bale no ataque. Daniel James foi sacado por Robert Page. Já Carlos Queiróz fez mais mexidas em relação ao jogo de estreia. Mudou o 5-4-1 pelo 4-1-4-1. Sacou Cheshmi, Ali Karimi e Jahanbakhsh. Colocou o volante Ezatolahi, o meia Gholizadeh e o ídolo Azmoun, que entrou como centroavante.

Um 1º tempo aberto e equilibrado no Ahmed Bin Ali Stadium. País de Gales e Irã ignoraram o forte calor e o tempo seco das 13h do Qatar, e buscaram o ataque com intensidade. O time europeu variou um pouco mais a sua forma de atacar. Com Moore, pôde explorar a bola direta e aérea para ele escorar e o time se estabelecer no ataque, mas as trocas de passes curtos, além de inversões para os alas, foram utilizadas.

Até por isso os galeses tiveram mais a bola e controlaram as ações, mas isso não significou mais criatividade. Perto da área rival, faltaram soluções diversas aos muitos cruzamentos. A maioria deles, rechaçados pela defesa asiática. O Irã foi direto o tempo todo. Seja em rápidas transições ou em fase ofensiva, a ordem era buscar Azmoun. Gholizadeh e Rezaeian foram bem agressivos pela direita.

Gholizadeh chegou a ter um gol anulado por impedimento em bela tabela com Azmoun. Já a melhor chance de Gales veio com Moore, aproveitando cruzamento de Roberts pela direita. O lado esquerdo da zaga iraniana era o mais vulnerável. Taremi partia da ponta para o meio quando seu time tinha a bola, mas sem ela não precisava voltar pelo setor. Hajsafi tentava compensar, mas nem sempre conseguia.

Na reta final da 1ª etapa, o Irã conseguiu levar perigo em dois lances de bola parada aérea. Azmoun incomodou demais o trio de zaga galês. Já Taremi ficou um pouco anulado. Como sua equipe elaborava pouco os ataques, fazia ligações rápidas para Azmoun, e encaixava poucos contragolpes pela esquerda, ele acabava não participando no jogo. Depois do intervalo, Queiróz os aproximou mais.

Novamente no contra-ataque, o Irã perdeu duas grandes chances logo no início do 2º tempo. Azmoun recebeu de Hajsafi em velocidade e bateu na trave esquerda. Na sequência, foi a vez de Gholizadeh mandar na trave direita. Os europeus tentavam pressionar, mas não criavam e ficavam expostos.

A transição defensiva de Gales era bem frágil, mas Rob Page quis aumentar o volume ofensivo de sua equipe com as entradas de Daniel James e Brendan Johnson. Sacou Roberts e Wilson. Assim como fez contra os Estados Unidos, mudou o esquema para o 4-4-2. Brendan Johnson e Daniel James jogaram pelos flancos. Williams passou para a lateral-direita e Ben Davies virou lateral-esquerdo.

O time europeu só conseguiu assustar em chute de Davies da entrada da área aos 37'. Passou um sufoco na reta final do jogo. Hennessey precisou sair da meta e fazer uma falta em Taremi, que sairia de cara para o gol. Acabou expulso. Ward entrou na meta e Ramsey foi sacrificado.

Torabi chegou perto de marcar na sequência, mas o gol da vitória veio aos 53 minutos, em lindo chute de Cheshmi da entrada da área. Rezaeian ainda ampliou o marcador na histórica vitória.