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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mbappé: o antidoto perfeito para a bipolaridade francesa

Colunista do UOL

26/11/2022 14h56

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Mesmo repleta de desfalques, não há nenhuma dúvida sobre a imensa qualidade do elenco francês. Os postulantes ao tri mundial foram bem melhores que a Dinamarca no 1º tempo, mas voltaram a oscilar o comportamento na 2ª etapa e venceram apertado um jogo que poderia ser mais tranquilo. Mbappé foi decisivo. Jogou muito! Fez dois gols, classificou a equipe, e se igualou a Enner Valencia na artilharia da Copa

Deschamps barrou o lateral Pavard e escalou Koundé no setor. Varane voltou a zaga e Théo Hernández assumiu naturalmente a lateral-esquerda. Já Kasper Hjulmand mexeu bastante no time. Não teve Delaney, então recuou Eriksen e colocou Damsgaard no ataque. Dolberg e Skov Olsen foram sacados para as entradas de Cornelius e Lindstrom. Kjaer ficou no banco. Nelsson foi escalado na defesa.

Concentrada desde o início, ao contrário do que ocorreu na estreia, a França sobrou no 1º tempo contra a Dinamarca. Só não abriu o placar antes do intervalo em virtude da ótima atuação do goleiro Kasper Schmeichel. Ele fez duas excelentes defesas em finalizações de Griezmann e Rabiot, e impediu que sua meta fosse vazada. A zaga dinamarquesa também bloqueou finalizações na pequena área.

Os atuais campeões trabalharam a bola com paciência, mas sem lentidão, acelerando as ações na hora certa, buscando as associações por dentro e pelos lados, e reagindo rapidamente ao perder a bola na frente. Dembelé, bem aberto pela direita, foi uma importante peça para ter profundidade. A dobradinha Mbappé-Théo Hernández na esquerda também. Griezmann, Rabiot e Tchouaméni tomaram conta do meio-campo.

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Como França e Dinamarca começaram o duelo válido pela 2ª rodada do Grupo D da Copa do Mundo 2022
Imagem: Rodrigo Coutinho

Também cabe destacar as boas iniciações de jogadas com passes precisos a partir da linha de zaga, principalmente com Upamecano. A Dinamarca raramente adiantava a marcação. Passou a maior parte do tempo combatendo perto da própria área, mas sem pressão na bola. Difícil controlar tanto talento adversário desta forma. Com a posse, faltou justamente a qualidade que havia do outro lado.

Hojberg e Eriksen até controlavam a bola e pareciam não querer fazer a Dinamarca entrar numa ''trocação'' com a França. Os atacantes, quando acionados, quase sempre na faixa central, perdiam todos os duelos para os defensores franceses. Rasmus Kristensen, pela direita, se aproveitava do espaço que a França dava pelo planejado ''não retorno'' de Mbappé para marcar no setor, e era o homem mais agudo do time.

Cornelius chegou a finalizar com perigo em um raro contra-ataque armado por Hojberg, mas nada que tirasse o controle das ações dos pés franceses. O centroavante dinamarquês deu lugar a Braithwaite no intervalo. O jogo não mudou. E a França, por mais que não fosse dependente disso para criar, seguia muito perigosa em contra-ataques. Mbappé e Griezmann chegaram perto de marcar antes dos dez minutos.

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Antoine Griezmann lamenta chance perdida na partida entre França e Dinamarca, pela Copa do Mundo 2022
Imagem: Stu Forster/Getty Images

A espera acabaria pouco depois. Théo Hernández aproveitou o passe de Tchouaméni e puxou o contra-ataque. Fez linda tabela com Mbappé e serviu para o camisa 10 marcar já dentro da área. A Dinamarca manteve-se atenta e circulando a bola no ataque, e a França relaxou demais após o gol. Não demorou para ser punida. Eriksen bateu um escanteio pela direita, Andersen desviou na primeira trave e Christensen marcou.

Maehle cresceu na segunda etapa e o jogo dinamarquês se fortaleceu também pela esquerda. Por lá nasceu a jogada que poderia ter gerado a virada. Lindstrom bateu firme de chapa e Lloris espalmou. Braithwaite também perderia uma boa chance na sequência. A França voltou a criar em jogadas de bola parada. Tchouaméni e Rabiot poderiam ter colocado os Le Bleus novamente na frente do placar.

Faltando cinco minutos para o fim, Mbappé apareceu para resolver. Recebeu um cruzamento fechado de Griezmann e se antecipou a Rasmus Kristensen para marcar na segunda trave. Com a derrota, a Dinamarca se vê obrigada a vencer a Austrália na última rodada para manter viva a chance de classificação. Terá que torcer para a Tunísia não vencer a França, algo bem improvável de acontecer.