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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Geração belga versão 2022: quando a apatia é maior que o talento

Colunista do UOL

27/11/2022 11h57

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Em seu segundo jogo na Copa 2022 a Bélgica mais uma vez ficou devendo. Desta vez o desfecho foi diferente da estreia, quando sem merecer a equipe bateu o Canadá. A sorte não esteve do lado europeu, e a seleção marroquina fez jus a agressividade que teve na 2ª etapa. Foi para cima do apático adversário. Sem dedicação e imposição, o talento torna-se irrelevante, e o time belga deixou isso bem nítido.

Roberto Martinez fez três mexidas em relação ao time da estreia. Dendocker, Carrasco e Tielemans deixaram a equipe para as entradas de Meunier, Thorgan Hazard e Onana. A equipe se defendeu com linha de quatro na defesa. Castagne foi o lateral-esquerdo. Já Walid Regragui repetiria a mesma escalação do jogo com a Croácia, mas Bono sentiu minutos antes da partida começar e Munir defendeu a meta.

Apesar de não sair vencendo para o intervalo, dá para dizer que a Bélgica fez um 1º tempo melhor em relação à estreia contra o Canadá. Ganhou agressividade com Thorgan Hazard pela esquerda. Teve Meunier bem espetado na direita, e De Bruyne e Eden Hazard se conectando por dentro. Onana foi participativo nos movimentos e na circulação da bola. Do outro lado, porém, havia uma equipe aplicada na marcação.

O Marrocos foi bem intenso na abordagem ao homem da bola, teve compactação entre os setores na maior parte do tempo e contou com coberturas bem-feitas em sua última linha de defesa. A Bélgica tentou. Finalizou seis vezes no 1º tempo, mas apenas uma pode ser considerada chance real de gol. Batshuayi recebeu de Thorgan Hazard em contra-ataque e bateu prensado com o goleiro Munir.

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Como Bélgica e Marrocos iniciaram o duelo válido pela 2ª rodada do Grupo F da Copa do Mundo 2022
Imagem: Rodrigo Coutinho

Os africanos chegavam em bolas lançadas nas costas da defesa belga, principalmente as que partiam do pé esquerdo de Nayef Aguerd. O zagueiro fez isso em dois momentos. Hakimi perdeu boa chance desta forma. Ziyech chegou a marcar um gol de falta nos acréscimos, mas o zagueiro Saiss atrapalhou Courtois e estava em impedimento, invalidando a jogada.

Castagne funcionava como o terceiro elemento da saída de bola europeia, sempre a esquerda de Alderweireld e Verthongen, não passava da linha da bola. Garantia a ocupação do setor mais atacado por Marrocos, que tinha em Ziyech a opção mais aguda. Amrabat fazia um bom jogo no meio-campo, atrapalhando a vida da dupla Hazard-De Bruyne. Teve auxílios valiosos de Ounahi e Amallah.

Marrocos conseguiu se soltar um pouco mais no 2º tempo. Dividiu a posse de bola com a Bélgica. Levou perigo com Ziyech e Boufal em finalizações da entrada da área, mas também deu espaços. Éder Hazard e Mertens, que entrou no lugar do camisa 10, fizeram Munir trabalhar novamente. Mesmo levando perigo em contragolpes, chamou a atenção a forma como a Bélgica aceitou a imposição marroquina.

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Abdelhamid Sabiri, do Marrocos, celebra após marcar sobre a Bélgica em partida da Copa do Mundo
Imagem: Buda Mendes/Getty Images

Os africanos chegaram ao gol aos 27'. Em lance muito parecido com o tento de Ziyech anulado no 1º tempo. Sabiri bateu falta da esquerda, ao lado da grande área, fechada e na direção do gol. Saiss entrou na frente de Courtois para atrapalhar, mas desta vez sem impedimento, e o goleirão aceitou.

Com a desvantagem, Roberto Martinez foi obrigado a apressar o retorno de Lukaku, que entrou aos 36'. Mas não deu certo. Sem ritmo, ele foi facilmente dominado pelos ótimos zagueiros marroquinos. O máximo que a Bélgica conseguiu fazer, foi levar perigo com uma cabeçada de Vertonghen a esquerda da meta.

Já nos acréscimos, o ''caixão foi fechado''. Ziyech fez bela jogada após ligação direta de Munir e cruzou para Aboukhlal marcar. Mais um jogador que saiu do banco para balançar as redes nesta vitória histórica.