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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Espanha é o time que circula a bola mais rápido na Copa 2022

Colunista do UOL

29/11/2022 10h25

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A seleção espanhola marcou oito gols em dois jogos e tem o melhor ataque do Mundial do Qatar. Fruto não só da acachapante goleada imposta a frágil Costa Rica, mas da capacidade de articulação de jogadas da equipe. Isso aparece nitidamente na quantidade de passes trocados a cada minuto de posse bola na Copa: 18! Quase dois a mais do que o segundo colocado.

Para se ter ideia do tamanho da estatística, se considerarmos as cinco principais ligas de clubes da Europa, uma realidade em que os jogadores treinam juntos todos os dias e disputam partidas com frequência, o PSG é líder com 17.6 passes trocados a cada minuto de posse, abaixo da Espanha.

Medir a quantidade de trocas de passes entre os jogadores é importante para saber algo fundamental no futebol de hoje. Contra sistemas defensivos cada vez mais fechados e atletas preparados para marcar com intensidade durante os 90 minutos, é preciso que se ''mexa'' a bola com velocidade. É um dos mandamentos para conseguir criar.

Óbvio que não é o único. Portugal, por exemplo, o segundo na lista. Costuma aproximar muitos jogadores no setor da bola, mas não produz tantas chances em virtude de uma ocupação de espaços confusa e movimentos pouco coordenados para gerar vantagens. Acaba criando muito na base da vitória individual de seus excelentes meias e atacantes.

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O Ranking com a Espanha liderando e o Brasil em sexto.
Imagem: Fonte: Wyscout

Algo que proporciona essa capacidade ao time espanhol é justamente a organização coletiva. Adepta do jogo de posição, a Fúria tem sempre jogadores bem distribuídos em campo. Cada um ocupa o seu setor e se mexe dentro dele de acordo com a posição da bola no gramado. As interações são geradas naturalmente e a pelota circula até achar um espaço ou uma situação de 1x1 de um jogador talentoso.

O sistema por si só não faz nada sozinho. Os jogadores da Espanha estão habituados a jogarem neste modelo na maioria de seus clubes, e Luis Enrique vem desenvolvendo esse trabalho há mais de quatro anos. Não é à toa que deixou de fora da convocação vários nomes que são unanimidades técnicas, mas que não se encaixam naquilo que ele quer hoje.

A partir desta organização coletiva, as características dos jogadores são potencializadas. Gavi e Pedri são os melhores exemplos. Articuladores natos. Mesmo com a juventude e a pouca experiência em competições desta natureza, conseguem entregar desempenho. Asensio como ''falso 9'' é outro atleta que pode ser citado como alguém ainda melhor dentro desse contexto, assim como Busquets.

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Estruturação tática da Espanha sempre num 4-3-3. Ocupação de espaços perfeita a partir do 'jogo de posição'
Imagem: Rodrigo Coutinho

Outro fator preponderante é a qualidade e velocidade do passe desde o goleiro Unai Simón. Rodri, que nem é zagueiro, mas vem atuando improvisado na linha de defesa, e Laporte, iniciam os ataques com extrema precisão. A partir do momento em que a bola vai ''andando'' em campo a qualidade só aumenta.

O dado não quer dizer que a Espanha será a campeã mundial. Muitas outras coisas precisam ser consideradas no jogo. A Copa do Mundo tem aspectos mentais e físicos influentes para decidir uma partida eliminatória. Mas a explicação de a Fúria ser o time mais bem organizado até aqui deste Mundial não é difícil de encontrar.