Topo

Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mesmo fora na 1ª fase, Tunísia fez a sua melhor Copa

Colunista do UOL

02/12/2022 08h39

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O triunfo sobre a França por 1x0 foi apenas a terceira vitória tunisiana em 18 jogos na história dos Mundiais, mas o significado desta participação é imenso. Além de superar uma seleção europeia pela 1ª vez na competição e por todo o contexto de colonizados pelos franceses, os africanos praticaram um bom futebol. Intenso, organizado, e repleto de coragem. Dá esperança que o próximo ciclo pode ser melhor.

Jalel Kadri fez algumas mexidas em sua equipe. Ghandri entrou no miolo de zaga. Kechrida e Ali Maaloul foram os alas e Ben Romdhane atuou próximo de Khazri, a novidade na frente. Já Didier Deschamps escalou o time reserva com apenas dois titulares: Varane e Tchouaméni. Camavinga atuou como lateral-esquerdo improvisado.

Precisando vencer para tentar a inédita classificação para as oitavas, o time tunisiano tomou a iniciativa de atacar uma desfigurada França. Conseguiu se estabelecer no campo rival. Rodou a bola com velocidade e encontrou as linhas de passe até a entrada da área. Ben Romdhane e Ben Slimani trabalhavam bem nas costas do meio-campo. Khazri se mexia incessantemente e a dupla de volantes controlava as ações.

A França conseguia impedir a entrada dos adversários em sua área a partir de vitórias individuais de seus defensores, principalmente Konaté, mas não tinha como dar uma resposta mais contundente. Nitidamente desconfortável para subir a marcação. Com a bola, também não progredia. Os movimentos não saíam naturalmente. A Tunísia, marcando em bloco médio ou baixo, não dava espaços. Muito ligada e firme!

01 - Rodrigo Coutinho - Rodrigo Coutinho
Como Tunísia e França iniciaram o duelo válido pela 3ª rodada do Grupo D na Copa do Mundo 2022
Imagem: Rodrigo Coutinho

Khazri foi a principal ferramenta para levar perigo a Mandanda. Esteve envolvido em quatro dos cinco bons ataques africanos no 1º tempo. No melhor deles, obrigou o arqueiro francês a espalmar um petardo que soltou da entrada da área. A França chegou apenas uma vez com perigo. Coman recebeu de Fofana em contragolpe, mas se desequilibrou na hora de chutar e mandou para fora.

O ponta do Bayern abria para o flanco direito quando sua seleção tinha a bola, mas no momento defensivo dava o primeiro combate ao lado de Kolo Muani na frente. Fofana compensava o movimento e os franceses se defendiam num 4-4-2. Na 2ª etapa, o domínio tunisiano ficou ainda mais evidente. Laidouni ganhou de Fofana dentro da área e bateu por cima com perigo.

O volante francês representou o termômetro da disparidade de entrega e intensidade entre as duas equipes em campo. Seis minutos depois voltou a perder uma dividida, desta vez no meio-campo. Skhiri e Laidouni acionaram Khazri, que avançou na direção da área, driblou Varane e chutou de canhota no canto esquerdo de Mandanda.

02 - Jose Breton/Pics Action/NurPhoto via Getty Images - Jose Breton/Pics Action/NurPhoto via Getty Images
Khazri em ação pela Tunísia durante partida contra a França na Copa
Imagem: Jose Breton/Pics Action/NurPhoto via Getty Images

O gol daria a classificação para a Tunísia, mas a Austrália abriu o placar contra a Dinamarca na sequência e pulou na frente na tabela do Grupo D.

Mbappé foi chamado por Deschamps na sequência. Rabiot, Dembele e Griezmann também entraram e a França teve uma natural melhora nos últimos 15 minutos. Dahmen fez boas defesas em finalizações de Dembele e Mbappé. Kolo Muani também assustou. Griezmann chegou a empatar aos 53 minutos, mas estava impedido na origem do lance e o placar histórico se manteve.

Jogadores como Laidouni, Skhiri, Msakni, Khazri, Talbi, Sliti e Ben Slimane podem formar uma espinha dorsal de bom nível para que a Tunísia tenha resultados mais expressivos no próximo ciclo.