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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Maior defeito da atual geração aparece em queda contra a Croácia

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A seleção brasileira mais uma vez está eliminada de uma Copa nas quartas de final. Desta vez a seleção croata foi a carrasca e dominou grande parte do jogo naquela que é a maior carência do atual grupo de atletas do Brasil: o pouco poder de controle das ações no meio-campo. Modric, Kovacic e Brozovic deram aula disso. A equipe não conseguiu apresentar tal característica nem quando tinha a vantagem no placar.

Escalações

Tite repetiu a mesma escalação do jogo contra a Coreia do Sul. Danilo na lateral-esquerda e Militão na direita. Alex Sandro ficou no banco. Já Zlatko Dalic promoveu a entrada de Pasalic pelo lado direito do meio-campo. Kramaric foi adiantado. Borna Sosa voltou a lateral-esquerda. O equilíbrio foi a tônica do 1º tempo. Por mais que o Brasil tivesse produzido mais finalizações perigosas, a Croácia ganhou o meio-campo.

Bola rolando

A começar pela dificuldade brasileira de encaixar a marcação na saída de bola da seleção croata. Vini Jr e Neymar não conseguiam promover uma pressão eficaz pelo lado direito da construção rival, e a linha de passe para Juranovic em progressão no setor ou para Pasalic, atraindo Danilo para fora da zona, era encontrada. Casemiro ficava sobrecarregado e a Croácia se estabelecia no ataque para trocar passes.

Modric, Brozovic e Kovacic ficavam muitas vezes em superioridade numérica em relação a Casemiro e Paquetá. Já são jogadores com mais capacidade de controle e retenção de bola do que os meio-campistas brasileiros, e viram esse potencial crescer com a vantagem. Os europeus circularam a bola melhor que os brasileiros, mas não foram tão contundentes ao se aproximarem da área. A defesa do Brasil reagiu muito bem.

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Como Brasil e Croácia iniciaram o duelo válido pelas quartas de final da Copa do Mundo 2022
Imagem: Rodrigo Coutinho

Com exceção de Danilo, que levou um cartão amarelo e acabava exposto com o erro de marcação inicial descrito acima, os outros três integrantes da última linha fizeram intervenções cirúrgicas e nenhuma bola foi na direção do gol de Alisson. Com a posse, o Brasil achou boas soluções com Vini Jr e Neymar se aproximando pela esquerda até os 20 minutos, mas depois se desestabilizou com a dificuldade de se impor.

Mesmo assim, Livakovic fez duas boas defesas em finalizações dois jogadores mais talentosos do ataque brasileiro. Raphinha estava muito apagado pela direita, e Paquetá encontrou problemas para lidar com a boa marcação de Kovacic. O time brasileiro seguiu com os mesmos problemas defensivos na 2ª etapa, mas ao menos encaixou trocas de passes mais efetivas e produziu chances.

Neymar e Lucas Paquetá perderam ótimas oportunidades diante de Livakovic antes dos 20 minutos. Raphinha e Vini Jr foram substituídos por Antony e Rodrygo. O atacante do Real Madrid entrou muito bem em campo. Neymar fazia um jogo fraco. Ritmo baixo, movimentos sem tanta intensidade, contribuição defensiva nula. Esteve muito longe do que pode render.

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Juranovic e Neymar em ação na partida entre Croácia e Brasil, pelas quartas de final da Copa do Mundo do Qatar
Imagem: Jack Guez/AFP

O goleiro croata apareceu com destaque ainda ao abafar uma finalização do camisa 10 brasileiro após passe de Richarlison em profundidade, e ao salvar um gol contra de Gvardiol em grande jogada de Militão pela direita. Paquetá foi mais um a parar na eficiência do arqueiro ao bater de chapa da entrada da área.

A Croácia estava fisicamente cansada, era visível, mas mesmo assim ainda conseguia reter a bola em diversos momentos, mesmo sem objetividade. O jogo foi para a prorrogação. E aí Neymar fez jus ao status de melhor jogador desta geração. Recebeu na intermediária e foi costurando por dentro da defesa croata, tabelou com Rodrygo e Paquetá, driblou o goleiro e marcou um golaço.

Zlatko Dalic encheu o time croata de atacantes no 2º tempo da prorrogação. Pressionou e conseguiu um empate em um contra-ataque cedido de forma infantil pelo Brasil. Orsic arrancou pela esquerda com liberdade e serviu Petkovic na meia-lua, ele bateu de canhota, a bola desviou em Marquinhos e entrou no canto direito de Alisson. Casemiro ainda perdeu a última chance brasileira nos acréscimos. Livakovic defendeu.

O arqueiro do Dinamo de Zagreb defendeu a cobrança de pênalti de Rodrygo na decisão e Marquinhos mandou na trave direita a sua. A Croácia teve 100% de aproveitamento nas batidas e venceu. Neymar, inexplicavelmente, ficou por último na lista nacional, e nem teve a oportunidade de cobrar.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi publicado no texto, a bola desviou em Marquinhos no gol da Croácia, e não em Casemiro. O erro foi corrigido.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL