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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O sacrifício de Griezmann em prol de Mbappé

Colunista do UOL

10/12/2022 04h00

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Um dos efeitos causados com os muitos desfalques na seleção francesa foi a mudança forçada de esquema tático. O time passou a jogar no 4-1-4-1, ao contrário do 3-5-2 que vinha utilizando, e isso mexeu na função de Griezmann quando o adversário está atacando. O camisa 7 é um dos astros de um time recheado de grandes jogadores, mas não tem vaidade em fazer o ''trabalho sujo'' defensivamente para Mbappé brilhar.

Como passou a recompor com uma linha de quatro na defesa, o trabalho defensivo dos pontas aumentou em relação ao que faziam quando o time se protegia com uma linha de cinco atrás. Mbappé é o ponta-esquerda, mas Didier Deschamps sabe que tê-lo descansado e pronto para um contra-ataque pode gerar o tricampeonato para a França.

Por isso não exige que o seu camisa 10 faça o trabalho de recomposição para ajudar Théo Hernández. Rabiot, volante que em diversos momentos da carreira mostrou-se indolente, mas que tem tido outro comportamento neste Mundial, passou a fazer bem esse papel. O problema é que abriria um espaço muito grande para ser coberto só por Tchouaméni pelo meio, já que Dembelé recompõe na direita.

E é aí que entra Antoine Griezmann. Meia de talento, ótimos passes, condução de bola eficaz em velocidade e finalizações precisas, ele se transforma basicamente em um ''volante'' quando a França é atacada. A partir do momento em que o bloco de marcação recua, e isso não acontece poucas vezes, o jogador do Atletico de Madri se fixa ao lado de Tchouaméni, trabalho inédito em sua carreira.

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A França defendendo tem Griezmann ao lado de Tchouaméni por dentro, Rabiot e Dembelé voltando pelos lados para compor a linha de meio e Mbappé mais liberado para ser acionado em contragolpes
Imagem: Rodrigo Coutinho
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A representação no campo. Em vermelho, Griezmann destacado, e Mbappé(destaque branco) solto na frente das linhas de quatro.
Imagem: Rodrigo Coutinho

O desempenho tem sido muito eficiente. Seja com a bola ou sem ela. No duelo contra a Polônia, pelas oitavas de final, chegou a bloquear uma finalização perigosa dentro da área quando ojogo ainda estava 1 a 0. Venceu dois a cada três duelos defensivos, rebateu oito bolas e interceptou quatro passes.

Contra a Dinamarca, outro confronto de mais exigência defensiva para os franceses, venceu 80% dos duelos defensivos, fez cinco desarmes, e interceptou seis passes.

Óbvio que o comportamento para marcar é pontual e voltado a uma competição tão importante quanto a Copa do Mundo. Não se sabe se terá a mesma função contra a Inglaterra, que é mais criativa que os outros adversários enfrentados, mas o que fez até aqui é louvável, principalmente se considerarmos o quanto criou no ataque.

De acordo com a Opta, principal ferramenta de levantamento estatístico do futebol internacional, Griezmann foi o responsável por produzir 15 chances de gol nos quatro jogos que fez até aqui na Copa do Mundo. Quase quatro a cada 90 minutos. Brutal! Duas a mais do que Lionel Messi, o segundo colocado.

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Posicionamento médio quando a França está atacando. Griezmann como meia-direita, ao lado de Rabiot
Imagem: Rodrigo Coutinho

Griezmann é mais um exemplo de jogador de altíssimo nível técnico se adaptando às demandas do futebol de hoje. Desta forma está facilmente entre os cinco melhores atletas que entraram em campo no Qatar. Não existe time que funcione sem a dedicação de todos nas fases mais variadas do jogo.