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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Enzo é o antídoto argentino contra o ponto mais forte croata

Colunista do UOL

13/12/2022 04h00

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Ao contrário do que muita gente pensa, a Croácia não é um time reativo. Não faz parte do plano principal se fechar para jogar em contra-ataques. A forma que eles têm de evitar o volume de jogo adversário é diferente. Controlar o meio-campo e manter a posse. Fez isso durante um bom período dos 90 minutos contra o Brasil, mas contra a Argentina terá que anular Enzo Fernández neste duelo pela gestão do jogo.

Desde 2018 os croatas são assim. Na última Copa ainda contavam com um ataque mais poderoso com Mandzukic e Rebic. Agora, com Perisic quatro anos mais velho, e menos potência física na frente, a equipe de Zlatko Dalic reforçou esse caráter. Trocando em miúdos, se defende com a bola. Se o adversário não tem a posse, não criará tantas chances de gol.

Isso acontece em virtude da qualidade e das características dos jogadores de meio-campo. Brozovic, Kovacic, e o craque Modric formam um miolo muito bem azeitado. Dentro de níveis diferentes, os três conseguem marcar e armar. Possuem passes precisos e muita noção da velocidade que o jogo pede. Entendem se é hora de acelerar ou pausar. Esse entendimento é para poucos.

A capacidade de condução de bola de Kovacic ainda se soma à ''pegada'' de Brozovic sem a bola, oferecendo um estofo a Modric, o grande cérebro do time. Se aparece menos com gols e assistências em relação ao Mundial de 2018, o camisa 10 teve bom desempenho nos cinco jogos da Croácia até aqui. Contra o Brasil e contra a Bélgica, jogos de maior nível de dificuldade, se destacou mais.

01 - JUAN MABROMATA / AFP - JUAN MABROMATA / AFP
Enzo Fernandez é o sexto jogador que mais acerta passes para o terço final do campo nesta Copa: 89,3% de aproveitamento
Imagem: JUAN MABROMATA / AFP

A boa notícia para os argentinos é que há um setor de meio-campo com potencial de oferecer o contraponto necessário aos europeus. Principalmente se tratarmos da figura de Enzo Fernandéz. O volante do Benfica ganhou a posição ao entrar muito bem e marcar um golaço na 2ª rodada da fase de grupos, diante do México, e desde então melhorou o nível da Albiceleste.

Mesmo aos 21 anos, possui capacidade de organização a partir da faixa central muito acima da média. Distribui as jogadas com eficiência, qualidade nos passes longos e curtos, e ainda é eficiente sem a bola. De Paul e Mac Allister, pela qualidade e a boa movimentação que oferecem, são excelentes ''sócios''. A entrada de Paredes poderia acrescentar ainda mais poder de controle com a bola, mas é Enzo a peça-chave.

Impressiona o quanto mostrou de futebol em um momento difícil para a Argentina nesta Copa do Mundo. O time precisava vencer o México depois de perder para a Arábia Saudita na estreia, empatava sem gols, e depois da entrada do camisa 24, a bola começou a sair mais ''redonda'' de trás. Messi não demorou a abrir o placar nove minutos mais tarde.

Por mais que essa conexão não aconteça de forma direta na maioria das vezes, Enzo é um grande facilitador de coisas para o homem que decide no time sul-americano. A partir de uma boa iniciação de jogadas, Messi consegue receber mais bolas em condições de finalizar ou servir os companheiros.

Foi assim contra o México, por exemplo, Enzo Fernandez começou de forma bem criteriosa o ataque que terminou no gol do camisa 10. O volante também serviu Julián Álvarez no segundo gol contra a Polônia. Certamente será um dos meio-campistas mais importantes desta década, e já é um dos melhores jogadores de sua posição na primeira Copa em que disputa. É fundamental para a Argentina buscar o tri.