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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A dupla da Segundona Inglesa que foi destaque na Copa

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Entre os muitos motivos que tornam a Copa do Mundo o campeonato mais gostoso de se acompanhar, está a quantidade de jogadores não listados como possíveis destaques, mas que se colocam entre os melhores de suas posições. Dois deles vieram de seleções pouco badaladas e clubes menos ainda. O zagueiro australiano Souttar joga no Stoke City. E o atacante senegalês Ismaila Sarr atua no Watford.

Os dois clubes já fizeram parte da elite do futebol inglês, mas atualmente disputam a Championship, a segunda divisão local. É verdade que o nível do campeonato é mais alto do que vários de primeira divisão de outros países europeus, mas não deixa de ser inusitado. É impossível fazer uma lista de dez melhores zagueiros ou pontas do Mundial e não inserir Souttar e Ismaila Sarr.

Harry Souttar

Do alto de seus 1,98m, o zagueiro australiano se aproveita da estatura e do estilo de jogo da sua seleção para se impor. Termina a Copa entre os líderes de vitórias em duelos defensivos, duelos aéreos e em precisão nos passes longos. Não que seja refinado tecnicamente para sair jogando ou tenha muita desenvoltura com a bola nos pés, mas foi bem no fundamento em passes diretos, para o centroavante Duke.

Nas muitas disputas pelo alto em que se envolveu saiu-se efetivo. Ganhou a maioria, principalmente dentro da área dos Socceroos. O único jogo em que não conseguiu ter um bom desempenho foi na goleada sofrida para a França, logo na estreia. Mesmo assim, não comprometeu e não esteve envolvido com erros em nenhum dos quatro gols sofridos por sua equipe.

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Harry Souttar, defensor da Austrália
Imagem: Divulgação/Soccer Australia

Na sequência fez atuações excelentes contra a Tunísia e contra a Dinamarca, mostrando-se fundamental para a improvável classificação da Austrália para as oitavas de final. Diante de Messi e companhia, manteve o bom nível. Foi firme e arriscou bons passes curtos nas saídas de bola.

Nascido na Escócia, mas com pais australianos, chegou a defender a seleção europeia em torneios de base. Foi revelado pelo Dundee United e atua pelo Stoke City desde 2016, com apenas 18 anos. Tem contrato com o clube até junho de 2025.

Ismaila Sarr

O atacante africano funcionou como o principal ponto de agressividade do ataque senegalês sem o craque Sadio Mané. Ele já havia se destacado na Championship 2020/2021, temporada em que Watford foi vice-campeão e retornou para a Premier League, mas não conseguiu se provar na elite. A Copa do Mundo pode ter gerado uma nova dúvida neste sentido. Estaria ele preparado para saltos maiores?

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Ismaila Sarr - atacante da Seleção Senegalesa
Imagem: Laurence Griffiths - FIFA/FIFA via Getty Images

O que se viu em campo foi um atacante extremamente agudo, levando a loucura defensores de elite. Bagunçou a vida de De Vrij, na estreia contra a Holanda. O zagueiro da Internazionale perdeu até a vaga no time de Van Gaal depois do jogo. Na sequência foi uma das ferramentas mais criativas na vitória por 3x1 sobre o Qatar. E infernizou o lado direito da defesa equatoriana no encerramento da 1ª fase.

Saiu de seu segundo Mundial aos 24 anos, com um gol em quatro jogos. Precisa melhorar em alguns aspectos como o controle de bola em espaços curtos, as finalizações e se desenvolver quando precisa receber em regiões mais centrais do campo, nas costas dos volantes rivais.

Quando acionado em profundidade, porém, faz estragos com sua velocidade, mudança rápida de direção, passadas largas e força física para vencer os embates. Sempre busca a direção do gol e amadureceu bastante nas tomadas de decisão. No Watford desde 2019, Sarr tem contrato com o clube até junho de 2024.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do publicado, Ismaila Sarr tem contrato até junho de 2024, e não de 2022. A informação foi corrigida.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL