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O que pode definir o equilibrado Argentina e França
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A final da Copa do Mundo 2022 é certamente uma das de mais difícil prognóstico na história. Sabe-se exatamente como argentinos e franceses jogam. São trabalhos de médio e longo prazo feitos por seus treinadores, com virtudes e defeitos mostrados de forma extensa neste Mundial. Mas é exatamente a variedade de cenários que torna o jogo tão imprevisível.
A ''Scaloneta'' reaparece na hora certa
A Argentina conseguiu ser um time mais equilibrado nas duas últimas partidas. Mesmo sofrendo o empate da Holanda na base do ''abafa'' no final do tempo normal, foi superior aos europeus em grande parte dos 120 minutos, e levou a vaga merecidamente nos pênaltis. Diante da Croácia, demorou a encaixar, mas mostrou estar preparada para neutralizar o que Modric e cia fazem de melhor.
Scaloni vem montando sua equipe de acordo com o adversário. Uma demonstração de humildade e entendimento do que é necessário para evitar vantagens rivais. Isso não é cultural do futebol sul-americano, sobretudo no nível de protagonismo a que a Argentina está acostumada. Mesmo assim, não escala sua equipe para se defender prioritariamente. Visa exatamente o equilíbrio necessário para competir.
Contra a Holanda escalou três zagueiros para que seus alas ''batessem'' com os alas rivais e a marcação se encaixasse com mais facilidade. Contra a Croácia, acumulou jogadores no meio, setor forte dos balcânicos, e ganhou formas de gerar linhas de passe, além de inibir o avanço adversário no campo através da bola de pé em pé.
É provável que mude de novo contra a França. Di Maria não está na sua melhor condição física. Deve ficar de fora, e isso abre a possibilidade de ter Lisandro Martinez compondo uma linha defensiva com cinco elementos. Mais gente para proteger a área e os espaços de infiltração bem explorados pela França nos últimos metros do campo. Além de coberturas próximas aos laterais.
Lionel Messi faz a ''Copa da sua vida''! Muito do que a Argentina produz ofensivamente passa obviamente pelos pés dele. É uma dependência natural do jogador mais talentoso surgido neste século, mas isso não quer dizer que o time não possa criar sem ele. Enzo Fernández entrou e tomou conta do meio-campo. Inicia os ataques com qualidade e critério a partir de seus ótimos passes. Muita personalidade.
Julián Álvarez e Mac Allister entraram no time com a competição em andamento e resolveram problemas importantes para desafogar Messi. O primeiro gera mais mobilidade em relação a Lautaro Martínez, e já fez quatro gols no torneio. Tecnicamente vive uma fase superior. O segundo foi quem mais se aproximou do poder de retenção e articulação que o lesionado Lo Celso dava antes do Mundial.
O ponto mais preocupante para a Argentina no jogo é evitar os enfrentamentos individuais contra os atacantes franceses. O desnível técnico é considerável. Até por isso a formação com uma linha de cinco na defesa, e a entrada de Lisandro Martínez, muito firme nos combates, é provável.
O talento transborda na França
Não há seleção com mais poder de decisão do que a francesa. Benzema, Nkunku, Pogba, Kanté, Kimpembé e Lucas Hernández são importantes desfalques surgidos no período pré-Copa e durante a competição. Mesmo assim a reserva de talento é imensa para definir em momentos adversos, que o diga as últimas duas vitórias antes da final.
Não dá para dizer que a França foi melhor coletivamente do que Marrocos e Inglaterra. Teve momentos de muito perigo contra a sua meta em ambos os jogos. Diante dos africanos abriu o placar cedo, e levou um sufoco de um time tecnicamente inferior até conseguir marcar o segundo gol na reta final dos 90 minutos.
No confronto com os ingleses, mostrou debilidades pelo lado esquerdo de sua defesa. Um risco calculado pela liberdade dada por Deschamps a Mbappé. O camisa 10 é o homem mais decisivo e não precisa retornar marcando pelo lado esquerdo, o que teoricamente seria a sua obrigação, ajudando Théo Hernández no setor. A ideia do treinador é tê-lo livre para os contragolpes, descansado para brilhar com a bola.
Rabiot é o responsável por compensar o combate nesta faixa do gramado, o que não é exatamente uma especialidade dele. Com isso, Griezmann acaba ''sacrificado'', retornando alguns metros e compondo a linha de meio como se fosse um volante no momento defensivo, ao lado de Tchouaméni.
O problema é que os adversários já se deram conta do ''mapa da mina'' da defesa francesa, e muitas vezes forçam as jogadas no setor, acumulam jogadores por ali, e nem sempre há igualdade numérica para combater. Menos mal que os zagueiros disponíveis são de altíssimo nível. Varane, Upamecano e Konaté fazem excelente Mundial, e bloquearam diversas investidas de perigo dos oponentes.
Com a bola, o jogo francês flui naturalmente. Griezmann, em grande Copa do Mundo, e Rabiot, articulam à frente de Tchouaméni. Circulam a bola e infiltram na área. Mbappé pode ficar bem aberto pela esquerda ou buscar o espaço entre o lateral-direito e o zagueiro rival, abrindo o corredor para os avanços sempre contundentes de Théo Hernández.
Na direita, Dembélé fica mais fixo. Koundé não avança com frequência, está sempre por trás da linha da bola, dando suporte aos zagueiros. Upamecano é um nome importantíssimo na distribuição dos passes e Giroud é a certeza de presença perigosa na área rival.
Os contra-ataques franceses são uma arma poderosíssima. Sempre que faz um gol ou o oponente faz questão de ter a bola, o time não se priva de recuar o bloco para acionar Mbappé ou Dembélé em velocidade. Sair atrás da França no placar é fatal na maioria das vezes.
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