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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Coudet não é de usar pontas. Como os do Galo podem ser escalados

Colunista do UOL

26/12/2022 04h00

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O Atlético foi muito bem ao trazer Eduardo Coudet de volta ao Brasil. Depois do ótimo trabalho feito no Inter, em 2020, ele retorna para comandar o projeto do alvinegro. Será a nona temporada consecutiva dele como treinador, e algo que caracteriza suas equipes é a pouca utilização de pontas na estrutura do time. O Galo tem ao menos quatro em seu elenco. É hora de projetar a utilização deles.

Até o momento, Paulinho, Ademir, Pavón e Pedrinho são os jogadores do plantel com utilização nesta função em grande parte da carreira. A não ser que mude aquilo que fez em basicamente 90% dos jogos em que dirigiu, Coudet é adepto do 4-1-3-2, com uma variação para o 4-4-2 em determinados momentos das partidas.

Isso não quer dizer que nunca possa escalar uma linha de frente com três homens, o que abriria espaço para essa função no time, mas não é o usual. Geralmente tem um volante mais fixo - bem próximo aos zagueiros -, laterais espetados em amplitude no campo de ataque, e três meias flutuando por espaços pré-determinados no centro do gramado, por trás de uma dupla de ataque.

Com o tempo de treinamento e a sequência dos jogos, o argentino vai entender as características de cada jogador e decifrar qual é a melhor função designada para o quarteto citado acima, mas já dá para ter uma noção. Principalmente, se levarmos em conta as adaptações que fez em outros clubes.

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Como os times de Coudet costumam se estabelecer no campo de ataque e a função de cada peça.
Imagem: Rodrigo Coutinho

Com ele, dois dos três meias, geralmente os que partem de uma região mais recuada do gramado em relação ao meia-central, interagem com os laterais. Não ficam necessariamente abertos, mas fazem dobras pelos flancos, podem traçar diagonais em profundidade do meio para o lado.

Já um dos atacantes da dupla de frente tem mais liberdade de flutuação em relação ao companheiro, que fica mais restrito aos pivôs em passes rasteiros ou como alvo do ''jogo direto'', quando este é adotado. Para ser mais didático: é só lembrar da interação entre Guerrero e Thiago Galhardo durante alguns jogos do Inter. O peruano jogava mais de costas para o gol adversário, e Galhardo se mexia, infiltrava.

Detalhar esses movimentos nos leva a crer que há uma grande chance de Paulinho ser testado com Hulk no ataque. Possui capacidade de atuar mais centralizado, se mexendo, aproveitando os espaços gerados pelo camisa 7, seja atraindo um dos zagueiros para longe da linha defensiva ou nos pivôs bem feitos pelo principal atleta do Galo.

É óbvio que Hulk não ficará restrito a isso. O jogo proporcionará outros movimentos para que seu futebol apareça. Pavón é outro nome que também tem chance de ganhar espaço numa possível dupla com o artilheiro atleticano. Reúne mais condições de ser efetivo perto da área do que em regiões mais recuadas do gramado. Vargas, Alan Kardec e Eduardo Sasha seriam os demais jogadores desta ''gaveta''.

Já Pedrinho entrega um outro tipo de característica. Tem um perfil mais articulador, de drible curto, tabelas, menos agudo nos últimos metros do campo, por isso deve ser escalado como o meia-direita do losango de meio-campo.

Ademir é o ponta de resolução mais complicada. É muito restrito ao lado do campo. Melhorou na finalização dos lances recentemente. Desde 2020 passou a fazer gols e dar mais assistências, mas fica abaixo das demais opções de elenco para formar uma dupla de ataque. Ao mesmo tempo, encontra dificuldade quando tem que transitar por regiões centrais do campo. Coudet vai ter que achar uma solução.

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Onde cada um dos pontas pode se encaixar. Ademir é a dúvida
Imagem: Rodrigo Coutinho

É basicamente certo que Zaracho e Edenílson serão titulares do meio-campo. Se Jair ficar, tem tudo para formar um quarteto de meio que teria Allan mais recuado. Coudet conhece Edenílson do Inter. Utilizou o ex-jogador do Colorado muitas vezes como o meia-central de seu esquema. É provável que repita isso, fazendo com Jair e Zaracho venham da direita e da esquerda respectivamente.

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Provável time-base do Galo com Coudet
Imagem: Rodrigo Coutinho

O início de temporada é importante para encontrar o melhor encaixe de cada peça no ótimo elenco atleticano. Oscilações e erros serão naturais num primeiro momento, mas de uma coisa a torcida do Galo pode ter certeza. Eduardo Coudet foi um dos melhores técnicos surgidos nos últimos anos na América do Sul.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL