Já é possível pensar o Santos do 'jeito Odair'

Depois de duas temporadas de total ostracismo, com direito a flerte com o rebaixamento em Campeonato Paulista e Brasileirão, o Peixe promoveu profundas mudanças no comando do futebol. Uma delas foi a chegada do técnico Odair Hellmann, que tentará repetir no alvinegro aquilo que foi visto no Internacional e no Fluminense: competitividade alta. É muito provável que isso aconteça.

Até o momento o Santos contratou quatro jogadores. O lateral-direito João Lucas, que tem características diferentes, mas deve disputar a titularidade com Nathan Santos. O zagueiro Messias, uma ótima sombra para duelar por posições com Maicon e Eduardo Bauermann. O volante Dodi, investida precisa para o que treinador gosta. E o atacante Mendoza, mais uma opção de velocidade no ataque.

Todos os quatro, somados a alguns jogadores que o alvinegro já tinha, acrescentam naquilo que Odair costuma montar em suas equipes. Nem o Fluminense e nem o Internacional eram equipes desorganizadas para atacar. Pelo contrário. Tinham padrões bem identificáveis de ocupação de espaços com a bola e movimentações coordenadas. Mas é inegável que o forte de ambas era o comportamento sem a bola.

A marcação intensa no campo de ataque ou em bloco médio, setores compactos, dedicação de todos os atletas para fechar os espaços, saídas letais em velocidade. Bom repertório de bolas paradas ofensivas e defensivas. E uma ótima gestão de grupo. Odair consegue trazer um ''pacote'' precioso para clubes com a realidade atual do Santos. Times que precisam dar respostas e obter resultados melhores.

O novo comandante nunca foi campeão como técnico, mas teve conquistas relevantes nos outros dois trabalhos em solo brasileiro. Foi 3º colocado no Brasileirão 2018 e vice da Copa do Brasil de 2019 sem um elenco tão qualificado no Colorado. Chegou também nas quartas de final da Libertadores. Ajudou a conduzir o Fluminense para a Libertadores via Brasileirão de 2020.

Nos dois casos, Odair teve mais vitórias do que derrotas, algo que não foi a realidade do Peixe em 2022 e 2021. Sem contar a imposição como mandante, mais um traço que desapareceu da Vila Belmiro.

João Lucas conseguiu crescer defensivamente no Cuiabá, por isso deve sair na frente numa disputa com Nathan Santos na lateral-direita.

Não será surpresa se Messias, um ótimo defensor de área, ganhar espaço ao lado de Eduardo Bauermann, mesmo considerando a liderança e a experiência de Maicon, que teve lesões e entrou em campo apenas 28 vezes pelo alvinegro em 2022.

Dodi certamente será titular no meio. Odair valoriza meio-campistas que conseguem entregar o mesmo nível para atacar e defender. E o atleta revelado pelo Criciúma é assim. Marca forte, é leve, faz infiltrações no último terço do campo, gera volume criativo a partir de sua mobilidade e boa técnica.

Já Mendoza é uma alternativa de ponta mais regular. Mesmo com o rebaixamento do Ceará, ele fez uma temporada bem consistente em 2022. Mostrou melhoria em alguns aspectos que o elevaram a outro patamar de estabilidade. Certamente vai disputar posição, principalmente por fazer mais gols em comparação a Lucas Braga e Soteldo. Pode até ser utilizado no centro do ataque se Marcos Leonardo não estiver disponível.

O elenco santista ainda tem lacunas importantes e é difícil imaginar que todas elas sejam sanadas em virtude da dificuldade em fazer investimentos, mas os nomes que chegaram até aqui atendem bem o projeto que deve ser colocado em campo. E isso, por si só, já é mais do que o clube vinha fazendo.