Topo

Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rafael no São Paulo é o famoso 'bom para todos'

Colunista do UOL

28/12/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O que um goleiro de bom nível aos 33 anos quer? Jogar! Conjugar o verbo neste tempo da resposta acima não foi nada fácil nas 13 temporadas em que Rafael é profissional. Muitos podem torcer o nariz. Mas é preciso contextualizar o motivo de nunca ter tido uma temporada inteira como titular na carreira. Mesmo assim, é o melhor arqueiro que o São Paulo terá em seu elenco para 2023.

Se nada mudar nos próximos dias, Rafael terá a companhia de Felipe Alves —que terminou o ano como titular— e Jandrei na concorrência pela ''camisa 1'' do Tricolor. Tanto Jandrei quanto Felipe não gozam de extrema confiança da torcida.

Não que Rafael chegue como unanimidade. Citar o tempo como reserva no Atlético Mineiro e no Cruzeiro é válido para o debate. A questão é tentar entender os cenários.

O goleiro subiu aos profissionais da Raposa em 2009, foi vice-campeão mundial com a seleção brasileira Sub-20 naquela temporada. Levou apenas três gols em sete jogos e era uma joia da base celeste.

Acima dele na hierarquia havia um ''cara'' chamado Fábio no auge. Àquela altura ele já estava na sexta temporada como titular do Cruzeiro, algo que se manteve por mais dez anos, exatamente o tempo em que Rafael foi o primeiro suplente do gol, e sempre deu boas respostas ao entrar.

01 - Fonte: Wyscout - Fonte: Wyscout
Números da carreira de Rafael
Imagem: Fonte: Wyscout

Teve a sua primeira grande sequência da carreira entre o segundo semestre de 2016 e o primeiro de 2017, quando Fábio teve uma lesão nos ligamentos do joelho e ele entrou em campo 58 vezes em duas temporadas. Depois voltou ao banco e deixou a Raposa com o rebaixamento do clube em 2019.

Já no arquirrival Atlético, em 2020, começou como titular e deu o ''azar'' da contratação de Jorge Sampaoli, que queria um goleiro com mais qualidade no jogo com os pés. Everson chegou e se firmou, novamente complicando as coisas para que houvesse uma disputa, de fato, por posição.

Custou R$ 5 milhões ao São Paulo já aos 33 anos, e pode ter uma sequência maior de jogos pela primeira vez na carreira. É preciso observar como lidará com a pressão de ser a aposta para acabar com a rotatividade na meta do clube. Tiago Volpi chegou a agradar por algumas temporadas, mas saiu do Tricolor em baixa.

O fato de ter sido preterido por Everson, principalmente, pela questão da qualidade com os pés, leva a crer que Rafael é uma ''negação'' quando precisa intervir desta forma. Mas não é verdade.

02 - Bruno Cantini/Atlético-MG - Bruno Cantini/Atlético-MG
Rafael em ação pelo Galo
Imagem: Bruno Cantini/Atlético-MG

Ele só não tem um perfil tão arrojado em comparação a Jandrei e Felipe Alves. Não veremos o novo arqueiro são-paulino arriscando passes verticais e rasteiros quando estiver pressionando, tentando dribles e conduções de bola para vencer uma ''pressão alta'' do adversário. Faz o básico para iniciar bem os ataques. Não tem um passe impreciso com a sua canhota, sobretudo os longos. No aperto, faz a ligação direta.

É um estilo mais conservador também debaixo das traves. Rafael entrega ótimo posicionamento, sobriedade, gestos técnicos perto da perfeição para encaixar os chutes e espalmar as finalizações mais fortes, destinando-as para longe da área de perigo. Também vai muito bem no tempo de bolas aéreas e tem envergadura. É seguro!

Não é um goleiro de rápida reação. Seus movimentos com as pernas para chegar em bolas muito fora de seu alcance também não são tão ágeis, mas tenta compensar isso com as virtudes citadas no parágrafo anterior. Faz poucas coberturas nas costas da zaga por esta baixa velocidade. Pode melhorar também na comunicação com os companheiros. Falar mais em campo, se soltar.

Rafael talvez não seja o perfil de goleiro para o time dos sonhos de Rogério Ceni. Mas certamente ele entregará mais segurança defendendo a meta. E o comandante tricolor sabe que isso será mais importante do que outras coisas na temporada 2023.