Por quê Mendez e Franco são tão necessários ao São Paulo de hoje

Duas das contratações feitas pelo São Paulo, além de elevarem tecnicamente o nível da defesa e do meio-campo, acrescentam a um ponto que foi carente nos últimos anos. Jhegson Méndez e Alan Franco trazem mais maturidade e leitura de jogo. O Tricolor foi um time sem controle algum das ações em diversos momentos.

É claro que isso passa bastante pelo treinador. Rogério Ceni teve um balanço negativo nos últimos meses de São Paulo. Tomou decisões questionáveis em escalações, estratégias, e mexidas no decorrer dos jogos. Isso foi fundamental para deixar o time desequilibrado várias vezes.

A questão é que jogadores mais conscientes taticamente e inteligentes emocionalmente minimizam os erros. Jhegson e Alan possuem isso!

O volante fez dois excelentes jogos na última Copa do Mundo. Não era exatamente um nome certo para ser titular do meio-campo equatoriano, mas ganhou a vaga e foi um dos melhores em campo na estreia diante do Catar. Contra a Holanda, manteve um nível bem próximo. Esteve bem contra um time mais qualificado tecnicamente.

Acabou de fora do duelo contra Senegal pelo acúmulo de cartões amarelos. O que denota uma de suas principais características. Joga muito duro! Não é desleal, mas por ser um jogador de imposição física e intensidade nos duelos de meio-campo, vai precisar se adaptar ao futebol brasileiro. Aqui se tolera menos o contato em relação ao que acontece na MLS, onde atuou nas últimas quatro temporadas.

Jhegson Méndez não é um volante de extrema qualidade na construção ofensiva. Sua distribuição de passes é mais básica e menos vertical ou inventiva, mas faz a bola andar com dinâmica e funciona bem em transições, gera volume, movimentação para ser opção de passe aos zagueiros e laterais. Vai muito bem nos momentos de subida de marcação que Rogério Ceni gosta de montar. Toma bolas no campo rival!

A Copa do Mundo serviu como um respiro para ele. Era reserva do Orlando City e manteve o mesmo ''status'' ao se mudar para os Los Angeles Galaxy no segundo semestre. Foi, inclusive, campeão da MLS com a equipe da Califórnia.

Em 2021 conseguiu mostrar um desempenho melhor, mas teve duas lesões que atrapalharam a sua sequência. Em 2020, também como titular, foi vice-campeão nacional com o Orlando. É mais um entre os muitos valores equatorianos revelados pelo Independiente del Valle e profissional desde os 18 anos, Jhegson Méndez tem o ''estofo'' necessário para vestir a camisa são-paulina e não sentir.

O mesmo se aplica a Alan Franco. Desde que surgiu no Independiente(ARG), em 2017, chama a atenção pela personalidade e liderança em campo. Não demorou a virar titular e foi importante no Rojo que venceu a Copa Sul-Americana em pleno Maracanã, contra o Flamengo. Ficou mais três temporadas e meia no futebol argentino e acabou vendido ao Atlanta United por 2,5 milhões de euros em 2021.

Era titular absoluto do time da Geórgia e possui um jogo pela seleção argentina. Trata-se de um zagueiro firme! Não é lento, entrega um bom tempo de cobertura e virilidade nos combates. Pode ter uma leitura um pouco mais apurada do momento certo de dar o ''bote'' ou tentar antecipações. Por vezes erra e precisa colocar em prática sua boa recuperação. Tem nível alto também na bola aérea.

Com a posse, consegue acrescentar aquilo que Ceni mais preza em um zagueiro: qualidade na saída de bola. Arrisca passes verticais com frequência e até algumas conduções para atrair a marcação e liberar uma linha de passe a um companheiro. É destro, mas pode atuar pelo lado esquerdo da defesa.

O São Paulo foi muito bem nessas empreitadas. Não são jogadores de um nível técnico absurdo ou titulares em qualquer equipe do Brasil, mas estão perfeitamente alinhados às necessidades do Tricolor hoje. Se tudo correr normalmente, serão titulares e nomes importantes na estrutura do time.