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Seis fatores que podem decidir a Supercopa entre Palmeiras e Flamengo
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O primeiro jogo de grande importância da temporada nacional acontece neste sábado, em Brasília, a partir das 16h30, e Palmeiras e Flamengo viverão mais um capítulo da crescente rivalidade entre ambos em busca do protagonismo brasileiro e sul-americano. São os clubes mais vencedores dos últimos anos. Travaram duelos históricos e vamos projetar o que pode definir o caneco.
- Níveis de enfrentamento diferentes nos Estaduais
A amostragem ainda é bem curta em 2023. O Flamengo fez cinco jogos na temporada, apenas dois com o time titular e um terceiro com o time mesclado entre reservas e titulares. Já o Palmeiras entrou em campo quatro vezes em janeiro, três deles com os principais jogadores. É inegável que acaba chegando mais testado à decisão.
Não só pelo número de jogos em que contou com os titulares, mas pelo nível de enfrentamento que teve. Precisou encarar um clássico contra o São Paulo no último domingo. Enfrentou Ituano e Botafogo de Ribeirão Preto fora de casa, equipes que estarão na Série B nacional a partir de abril. Desafios mais contundentes em relação ao rubro-negro.
O Flamengo atropelou Nova Iguaçu e Portuguesa da Ilha, teve o time basicamente ''C'' contra Bangu e Audax Rio, mas empatou sem gols com todos os titulares em campo diante do frágil Madureira. Não é culpa da equipe carioca, mas o Estadual do Rio tem um nível geral inferior ao de São Paulo.
Até mesmo o São Bento, clube que encarou Palestra na rodada inaugural do Paulistão, possui jogadores mais experimentados do que o Volta Redonda, por exemplo, que é o time pequeno de melhor campanha no Campeonato Carioca até o momento.
Flamengo e Palmeiras tiveram oscilações naturais de um início de temporada, mas foram exigidos de formas bem distintas. Nesse aspecto, ponto para o Verdão!
- Liberdade posicional a meias e atacantes do Flamengo
Aqui está um traço que Vitor Pereira manteve no time e que pode causar problemas para Abel Ferreira. Não que o treinador palmeirense não saiba disso. Certamente tem estudado há algumas semanas qual é a melhor forma de parar o quarteto ofensivo do Flamengo. Algo que, mesmo com um bom sistema defensivo, não é tão simples.
O Palmeiras marca por encaixes e perseguições. Elas nem sempre são longas. Ou seja, é provável que Piquerez siga Everton Ribeiro, por exemplo, mas se o camisa 7 rubro-negro flutuar para muito longe da região de origem de ambos no campo, o uruguaio provavelmente não se afastará tanto da lateral-esquerda. Essa troca necessária de ''alvos'' entre os jogadores alviverdes precisa ser muito bem ensaiada.
Pesa contra o Palmeiras a ausência de Danilo, que consegue entregar mais ''pegada'' sem a bola em relação a Gabriel Menino. Os volantes serão fundamentais para entenderem esse momento de ''troca'' de marcação. Podem ter que seguir um dos meias em determinados momentos, fechar a entrada da área em outros, compensar uma perseguição feita por um dos zagueiros ou pelos laterais.
É até difícil imaginar qual será o encaixe se o Palmeiras de fato se defender com um 4-4-2, como costuma fazer. Quem ficaria responsável por grudar em Arrascaeta? E os movimentos de Gabigol entre o centro e o lado direito, as chegadas de Gérson vindo de trás? São pontos determinantes para entender o jogo. Uma linha de cinco atrás no momento defensivo, como na final da Libertadores 2021, não pode ser descartada
- Bolas paradas aéreas do Palmeiras
Vitor Pereira ainda vai completar um mês de trabalho no Flamengo. O período é insuficiente para que um time em todos os aspectos seja desenvolvido. As ideias estão em execução em cada momento do jogo, e a bola parada defensiva rubro-negra é algo que inspira cuidados diante de uma equipe com muito repertório de jogadas em faltas laterais, escanteios e até arremessos laterais batidos na área.
O Palmeiras pode decidir um jogo assim. Não são poucos os exemplos recentes. A saída de Gustavo Scarpa, especialista nas batidas para a área, quebrou um pouco isso, mas Raphael Veiga também tem precisão, e Gustavo Gómez, Murilo e Piquerez geram muito volume, ganham disputas pelo alto dentro da área rival, fazem gols.
- Peças de reposição do Flamengo
Esse aqui é o grande debate do início de temporada no futebol brasileiro. Qual é a distância do elenco do Palmeiras para o do Flamengo? O duelo deste sábado pode ajudar a responder a pergunta. Principalmente se o placar estiver indefinido até a metade do 2º tempo, período em que as substituições acontecem com mais frequência.
Mesmo com a saída de João Gomes não resta muita dúvida de que as opções de banco do Flamengo são melhores em relação às do Palmeiras. Vidal, longe de sua melhor forma física, é um dos jogadores que podem sair da suplência e acrescentar bastante em campo. Everton Cebolinha é outro.
No Verdão, poucos jogadores vindos do banco têm esse poder. Num início de temporada, com pernas ainda pesadas e o calor do verão brasileiro, é natural que o ritmo não seja forte o tempo inteiro. Os elencos serão utilizados.
- Dudu x Filipe Luís/Ayrton Lucas
Esse é o principal ponto de desequilíbrio ofensivo do Palmeiras. O camisa 7 deve atuar pelo lado direito, como ocorre na maioria das vezes, bem aberto, gerando amplitude e situações de mano a mano com o lateral adversário. E aí o Flamengo precisa ter toda a atenção do mundo. Redobrar os cuidados de cobertura para não ser punido.
Filipe Luís fez pré-temporada a parte. Teve uma lesão na final da Libertadores de 2022 e voltou aos treinos mais intensos depois dos companheiros. Possui 37 anos e fez apenas um jogo até aqui no ano. É bom o suficiente para entender os atalhos necessários para marcar Dudu, mas a parte física é preocupante.
Não só pela diferença de velocidade entre eles, mas pela potência distinta que têm neste momento da carreira. Ayrton Lucas poderia ser alguém com a mesma energia de Dudu, mas em comparação a Filipe apresenta erros em relação ao posicionamento na última linha e na abordagem de marcação. Thiago Maia e Léo Pereira precisam estar muito atentos.
- Experiência da zaga rubro-negra x Endrick
Endrick é uma joia e joga num nível acima da média dos garotos da sua idade. Se profissionalizou no final do ano passado e passa pelo período de adaptação ao time principal do Palmeiras. Tem oscilações naturais. Ainda busca o seu primeiro gol nesta temporada. Consegui-lo neste sábado não será tão simples assim. David Luiz e Léo Pereira vivem ótima fase.
Desde que Dorival Junior assumiu o Flamengo em meados do ano passado, os dois defensores se firmaram e foram subindo de produção junto com o time. David enfim mostrou aquilo que a torcida esperava. Segurança, boa proteção de área e vivência para anular atacantes importantes do futebol brasileiro.
Já Léo Pereira não é nem sombra do zagueiro vacilante dos primeiros dois anos de clube. Mais firme e concentrado. Ganhou confiança e falha pouquíssimo. Endrick vai precisar jogar mais do que mostrou nas últimas partidas para levar vantagem. Num setor de definição dos ataques, ponto para o Flamengo.
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