Sem Nadal e Federer, US Open será aperitivo de um circuito pós-Big 3
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Se há uma certeza no tênis masculino, é que Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic dominaram a maior parte dos últimos 20 anos, dando pouquíssimas chances às gerações que vieram depois. A inquestionável supremacia do chamado Big 3, que deixou de ser Big 4 quando Andy Murray caiu do posto de número 1 do mundo por causa de uma lesão no quadril, leva, contudo, a uma inversamente proporcional incerteza: o que será do circuito mundial quando os três pendurarem suas raquetes rumo à aposentadoria?
O mundo do tênis terá uma pequena prévia - ainda que parcial - desse mundo no US Open deste ano. Pela primeira vez desde 1999, um slam não terá nem Roger nem Rafa. O suíço se recupera de mais uma cirurgia no joelho direito, enquanto o espanhol optou por não viajar até Nova York durante a pandemia do novo coronavírus. "A situação sanitária segue muito complicada em todo o mundo com casos de covid-19 e aumentos de números que parecem fora do controle", disse, em sua justificativa, o atual campeão do US Open.
Pois bem. Sem dois terços do Big Three, o US Open será um aperitivo do que vem por aí. É claro que Novak Djokovic, número 1 do mundo, continua sendo um grande atrativo e um ícone de qualidade inegável, mas o sérvio sempre foi o número 3 na preferência do público. Quando Nole fez sua ascensão ao topo em 2011, conquistando seu segundo slam e fazendo uma temporada arrasadora, Federer e Nadal já estavam estabelecidos como os senhores do tênis. O suíço dominou o circuito de 2004 a 2008 e só foi desbancado pelo espanhol, que reinou absoluto em 2008/09 e 2010.
Quando Djokovic "chegou", a maioria dos fãs já estava engajada e/ou apaixonada por um dos outros dois. Roger e Rafa, além da excelência técnica, levavam para a quadra um irresistível contraste de estilos - de vida e de tênis - que acabou sendo o alicerce do que se tornaria "a" grande rivalidade de seu esporte. Hoje em dia, Nadal e Federer somam mais duelos contra Djokovic (55 e 50, respectivamente) do que entre si (40), mas ainda é o clássico "Fedal" que mais faz fervilharem as emoções do público.
Dois pequenos exemplos: 1) a final do Australian Open de 2017 entre Federer e Nadal teve uma audiência 80% maior nos Estados Unidos do que a final do ano anterior, entre Djokovic e Murray; e 2) em 2019, a espetacular decisão de Wimbledon entre Nole e Roger foi a maior audiência nos EUA para a final do torneio britânico em sete anos. A decisão de 2012, entre Federer e Murray, teve números superiores.
É bem verdade que o US Open deste ano será atípico por mais motivos. O evento será realizado dentro de uma "bolha de segurança" contra covid-19. Em tese, os tenistas terão seus movimentos limitados. Haverá outros desfalques. As arquibancadas estarão vazias e silenciosas. Talvez isso tudo torne mais difícil a tarefa de medir o quão reduzido será o interesse do planeta em um torneio sem Rafa e Roger.
Por outro lado, é seguro dizer que todas partes envolvidas (cartolas, canais de TV, promotores, patrocinadores, etc.) estarão de olho nos números. O quanto vai cair a audiência na TV? Veículos de imprensa terão menos leitores? Os fãs vão comprar menos produtos? Vão jogar menos? As torcidas de Rafa e Roger escolherão outros favoritos? São perguntas que podem não ter uma resposta definitiva com este US Open, mas certamente o torneio servirá um belo aperitivo para quem quer sentir o gosto (ou a falta dele) de um futuro sem os maiores campeões da história do tênis masculino.
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