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AO, dia 1: Jogão Sinner-Shapo e debate Kyrgios-Djokovic salvam dia monótono

Reuters
Imagem: Reuters

Colunista do UOL

08/02/2021 10h53

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O primeiro dia do Australian Open não foi lá dos mais empolgantes. Todos os grandes favoritos ao título que entraram em quadra nesta segunda-feira não só venceram como passaram sem sustos, em sets diretos. Foi o caso de Novak Djokovic, Dominic Thiem, Naomi Osaka, Serena Williams, Simona Halep, Iga Swiatek, Aryna Sabalenka e Petra Kvitova.

A rodada também teve a eliminação da ex-número 1 do mundo, Angelique Kerber, e a vitória da veteraníssima Venus Williams, de 40 anos. Na chave masculina, o que houve de emoção ficou por conta de Alexander Zverev que, só para variar um pouco, precisou jogar mais de três sets numa primeira rodada de slam, e pelo último jogo da noite, que colocou frente a frente o italiano Jannik Sinner e o canadense Denis Shapovalov durante cinco sets.

Na sala de entrevistas, as atenções se voltaram mais uma vez para o australiano Nick Kyrgios, que voltou a disparar na direção do número 1 do mundo. Desta vez, Djokovic tentou evitar prolongar o debate, mas não sem antes dar uma leve alfinetada no garotão.

Rod Laver Arena

A quadra principal do Australian Open ficou devendo no primeiro dia. Todos venceram em sets diretos, a começar com a japonesa Naomi Osaka, número 3 do mundo, fez 6/1 e 6/2 em cima da russa Anastasia Pavlyuchenkova, #39. A jovem de 23 anos, atual campeã do US Open, não só impôs seu jogo de golpes potentes do fundo de quadra como se mostrou muito mais afiada do que sua oponente. E se faltou emoção na estreia, Osaka deve ter mais trabalho em seguida. Sua próxima rival no AO será a ex-top 5 Caroline Garcia. A francesa, atual #43, estreou fazendo 7/6(6) e 6/3 sobre a eslovena Polona Hercog.

O segundo jogo do dia na Laver foi um passeio de Serena Williams, que perdeu o saque no primeiro game, mas depois venceu dez games seguidos. Vestindo uma espécie de catsuit de uma perna só, ela precisou de apenas 56 minutos para despachar uma errática Laura Siegemund, #49, por 6/1 e 6/1. Não foi uma atuação brilhante da veterana de 39 anos, mas foi uma partida muito mais sólida do que algumas de suas estreias recentes em slams. O pouco tempo em quadra também deve lhe ajudar no longo prazo, já que cada minuto poupado faz diferença durante um torneio de duas semanas - sobretudo para uma atleta de 39 anos. Na próxima fase, ela vai encarar a sérvia Nina Stojanovic, #99, que bateu a romena Irina Camelia Begu por 6/3 e 6/4.

O último duelo da sessão diurna viu Dominic Thiem fazer 7/6(2), 6/2 e 6/3 em cima do cazaque Mikhail Kukushkin, #90. A partida até teve emoção, mas só no primeiro set, quando o azarão teve uma quebra de vantagem, sacou para o set e conquistou até um set point, mas não conseguiu aproveitar. Thiem devolveu a quebra, venceu o tie-break e deslanchou. Foi nítido como o austríaco entrou em quadra um tanto cauteloso, até inseguro, e foi se soltando à medida em que ganhava confiança. Na segunda rodada, contra o alemão Dominik Koepfer, Thiem novamente será favoritíssimo e terá mais margem para seguir trabalhando seu tênis e evoluindo no torneio.

A sessão noturna começou com mais um passeio: Simona Halep (#2) passou fácil pela convidada australiana Lizette Cabrera (#140): 6/1 e 6/2. Surpresa nenhuma para a ex-número 1 do mundo, que vai encarar outra tenista da casa na segunda fase: Alja Tomljanovic (#72) estreou com vitória sobre a japonesa Misaki Doi por 6/2 e 6/1. O último jogo entre Halep e Tomljanovic foi há pouco mais de um ano, também na Austrália (WTA de Adelaide), e a romena venceu por 6/4 e 7/5.

O fim das atividades colocou em quadra o oito vezes campeão do Australian Open, Novak Djokovic, diante de um velho freguês: o francês Jeremy Chardy (#61), que somava 13 derrotas em 13 encontros com o número 1. O resultado desta vez não foi diferente. Nole aplicou 6/3, 6/1 e 6/2 em apenas 1h31min. Djokovic, que esteve calibrado o bastante para acumular 41 winners e apenas 11 erros não forçados, agora soma 33 sets vencidos em 33 sets disputados contra o freguês. Seu próximo oponente em Melbourne será o americano Frances Tiafoe (#64), que aplicou 7/6(5), 6/2 e 6/2 sobre o italiano Stefano Travaglia - o mesmo que superou Thiago Monteiro semana passada.

Os outros candidatos

Longe da quadra central, a história não foi muito diferente para os candidatos ao título. Na chave feminina, a campeã de Roland Garros, Iga Swiatek, fez 6/1 e 6/3 em cima da holandesa Arantxa Rus; a tcheca Petra Kvitova aplicou 6/3 e 6/4 na qualifier belga Greet Minnen; e a bielorrussa Aryna Sabalenka iniciou sua participação no torneio com um pneu que abriu o caminho para a vitória por 6/0 e 6/4 sobre a eslovaca Viktoria Kuzmova. Atual #7, Sabalenka fará um dos jogos mais interessantes da segunda rodada. Ela vai encarar a ex-top 10 Daria Kasatkina (atual #75).

Quem também triunfou, embora com um pouco mais de trabalho, foi Bianca Andreescu, campeã do US Open de 2019 e que não jogava um torneio oficial desde outubro daquele ano. Ela passou aperto e precisou de três sets, mas eliminou a romena Mihaela Buzarnescu (#138) por 6/2, 4/6 e 6/3. O momento decisivo do jogo foi o sétimo game da última parcial. Andreescu chegou a sacar em 3/3 e 0/40 antes de salvar três break points, confirmar o serviço e quebrar o saque de Buzarnescu no game seguinte.

Entre os homens, Alexander Zverev deu um pequeno susto em seus fãs e não foi só pelo gosto questionável de sua camisa sem mangas. O alemão, #7 do mundo, perdeu o primeiro set para o americano Marcos Giron (#75) e teve seu serviço quebrado quando sacou para a segunda parcial. Depois de destruir a raquete, Sascha se recuperou a tempo de vencer o tie-break do segundo set, o que mudou a partida. Ele avançou por 6/7(8), 7/6(5), 6/3 e 6/2 e vai encarar na segunda rodada o qualifier americano Maxime Cressy (#172), que eliminou o japonês Taro Daniel por 7/6(1), 7/6(3) e 6/4.

Outros resultados relevantes

O primeiro dia da chave feminina terminou com apenas um nome de peso dando adeus: a ex-número 1 do mundo Angelique Kerber (#25) foi presa fácil para a americana Bernarda Pera (#66): 6/0 e 6/4. Ficou nítida a "ferrugem" no jogo da alemã, que foi uma das tenistas que precisaram fazer quarentena rígida em Melbourne, sem poder sair de seu quarto por 14 dias.

Vale destacar ainda o triunfo de Venus Williams, 40 anos, que não vencia em um slam desde o US Open de 2019. Atual #81, a americana bateu a belga Kirsten Flipkens por 7/5 e 6/2. Ela vai enfrentar em seguida a também veterana Sara Errani, de 33 anos. A italiana, ex-top 5 e atual #134, derrubou a cabeça 30, Qiang Wang, por 2/6, 6/4 e 6/4.

A chave masculina registrou vitórias tranquilas de Nick Kyrgios, Stan Wawrinka, Félix-Auger Aliassime, Milos Raonic e Diego Schwartzman. Até jogos mais badalados terminaram sem grandes emoções. Pablo Carreño Busta eliminou Kei Nishikori por 3 sets a 0: 7/5, 7/6(4) e 6/2. Também em sets diretos Grigor Dimitrov desfez-se de Marin Cilic: 6/4, 6/2 e 7/6(5).

A rodada terminou com um dos melhores jogos do dia na chave masculina. O adolescente italiano Jannik Sinner (19 anos, #32), que vinha de dez vitórias seguidas (conquistou o ATP de Sofia, em novembro do ano passado, e o Great Ocean Road Open, há pouco mais de 24 horas) deu trabalho para o canadense Denis Shapovalov (21 anos, #12). Mesmo claramente cansado pela sequência de jogos, Sinner encontrou energia para, depois de estar perdendo por 2 a 1, forçar o quinto set e levar Shapo ao limite. No fim, o canadense, mais inteiro fisicamente, saiu com a vitória por 3/6, 6/3, 6/2, 4/6 e 6/4.

Kyrgios x Djokovic: mais um capítulo

Depois de derrotar o português Frederico Silva por triplo 6/4, o australiano Nick Kyrgios foi à sala de entrevistas e retomou um de seus passatempos favoritos: criticar Novak Djokovic. Desta vez, Nick respondeu aos comentários que o sérvio fez na última semana, quando declarou que não tem respeito pelo australiano fora de quadra.

"É estranho para mim. Eu leio os comentários dele. Ele disse que não me respeita fora de quadra. Faria sentido para mim se ele dissesse 'eu não respeito o cara em quadra' porque entendo se ele não concorda com algumas das atitudes que tive em quadra no passado", disse Kyrgios. "Acho que fiz as coisas extremamente bem, especialmente durante a pandemia. Dirigi levando comida para pessoas que não podiam comprar mantimentos durante a pandemia. Tive muito cuidado com o que fiz. Não quis espalhar o vírus. Agora estou tentado doar kits de alimentos para pessoas que precisam de comida. Tenho minha fundação."

Kyrgios disse ainda que Novak é muito estranho. "Um grande tenista, mas infelizmente alguém que está fazendo festa sem camisa durante uma pandemia global, não sei se posso aceitar críticas desse homem."

Djokovic, que deu sua coletiva depois de Kyrgios, tentou encerrar o assunto, mas não sem alfinetar o rival. "Não quero comentar muito porque é isso que ele está buscando: algum tipo de debate, atenção, quem sabe, mas não vou dar isso a ele porque ele não merece. É isto. Não sinto a necessidade nem acho que devemos sentar e conversar. Não tenho interesse nenhum pelo cara."