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O que Djokovic ganha competindo na semana anterior à de Roland Garros?

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

25/05/2021 08h51

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Já faz algum tempo que isso se tornou uma regra não-escrita do tênis de altíssimo nível: quem briga por título de slam não compete na semana imediatamente anterior ao grande evento. Os torneios encaixados nesses períodos do calendário são, de modo geral, modestos ATPs 250. Não vale a pena correr o risco de lesão jogando por tão pouco. Além disso, seria melhor estar já na sede do slam, adaptando-se às condições do evento.

Este ano, Novak Djokovic desafia o senso comum e opta por entrar em quadra esta semana, num fraquíssimo ATP 250 de Belgrado, um torneio cuja chave só tem mais um top 30, e estou falando de Gael Monfils, #14 do mundo, veterano que só venceu uma partida nos últimos 15 meses (desde o começo da pandemia, e o triunfo foi sobre o brasileiro Thiago Wild). Competindo neste nível, em condições diferentes das que vai encontrar em Paris, o que o número 1 do mundo tem a ganhar?

Em defesa do número 1, é fácil entender os motivos para a opção incomum. O torneio é organizado por sua família, na sua cidade, no Novak Tennis Centre. Não é preciso dizer muito mais. Outro "atenuante" para Djokovic é o fato de o torneio ser jogado com as bolas Wilson Roland Garros, as mesmas que estão sendo usadas em Paris. Tivesse mantido as Dunlops usadas no ATP de Belgrado de um mês atrás, a organização estaria vendo uma chave ainda mais fraca.

Também é importante dizer que Djokovic fez ajustes em seu calendário para poder se dar o luxo de jogar em casa. Em vez da habitual sequência Monte Carlo-Madri-Roma (três Masters 1000), o sérvio pulou o torneio da capital espanhola, evitando o desgaste. Atuou em Mônaco, em Belgrado, na Itália e está agora em Belgrado mais uma vez, com uma semana de folga desde a derrota para Rafael Nadal na final do Masters 1000 de Roma. Ou seja, minimizou os riscos.

Esportivamente, contudo, há o que ganhar? O que alguém como Djokovic, que está abertamente tentando alcançar os 20 slams de Federer e Nadal, pode levar de Belgrado para Roland Garros? Confiança? Ritmo de jogo? As respostas são "sim" e "sim", embora ambas tenham efeito limitado. Nole vem de final em Roma, um Masters 1000, e qualquer vitória em Belgrado será analisada a partir de "não fez mais do que a obrigação". Quanta confiança pode se levar jogando nessas circunstâncias? Pouca. Ritmo de jogo, por sua vez, nunca é ruim, mas em outra cidade, "roubando" valioso tempo de treino em Roland Garros? Não parece tão importante assim.

Resumindo? Nole estará longe de Paris, numa chave fraca e correndo - ainda que pouco - risco de lesão e desgaste com jogos em dias consecutivos e às vésperas de um slam. Difícil acreditar que ele faria o mesmo em outra cidade. No fim das contas, a participação de Djokovic no ATP 250 de Belgrado conta mesmo é para valorizar o negócio da família...

Onde ver: Nole estreia nesta terça contra o lucky loser alemão Mats Moraing, número 253 do mundo. A ESPN mostra ao vivo.

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