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11 motivos para acreditar que Djokovic pode fechar o Golden Slam em 2021

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

14/06/2021 04h00

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Aconteceu uma vez na história do tênis. Em 1988, Steffi Graf completou o Golden Slam, feito mais raro do esporte. Venceu o Australian Open, Roland Garros, Wimbledon, US Open e ainda conquistou a medalha de ouro olímpica. Entre os homens, ninguém sequer chegou perto.

O último homem a vencer os quatro slams no mesmo ano foi o australiano Rod Laver, que completou o Grand Slam em 1962 e 1969. Essas temporadas, porém, não tiveram Jogos Olímpicos. Chegamos, então, a 2021 que, por conta da pandemia de covid-19, tornou-se ano olímpico e permitirá que Novak Djokovic alcance o "inalcançável". O sérvio já venceu o Australian Open e Roland Garros. Mas será que o atual número 1 do mundo, aos 34 anos, tem o que é preciso para conquistar Wimbledon, US Open e o ouro olímpico neste ano? Ele é capaz de realizar o que seria o maior feito da história do tênis masculino?

A resposta é sim e sim muitas vezes. Nem tanto pelos números já alcançados pelo recordista de semanas como número 1 do mundo e dono de 19 títulos de slam - embora suas estatísticas falem alto. O que impressiona na trajetória de Djokovic vai além dos números. Seus feitos, combinados com o nível de dificuldade e os obstáculos superados no caminho, são extraordinários. Falamos de um homem que ganhou uma final de Wimbledon após salvar dois match points com o grande Roger Federer no saque; que bateu Rafael Nadal duas vezes no saibro de Roland Garros, onde o espanhol só perdeu três vezes na vida (negrito e itálico em "na vida", por favor!); que virou uma final quase perdida na Austrália depois de 5h de jogo; que soma 35 vitórias e só dez derrotas em jogos de cinco sets; que, aos 34 anos, venceu semifinal e final de um slam somando mais de 8h de jogo em pouco mais de 48 horas; um homem que, um dia após o outro, nos faz acreditar no inacreditável.

E se você, leitor, precisa de exemplos palpáveis - o famoso ver para crer - para aprender a não duvidar de Novak Djokovic, acompanhe a lista a seguir e clique para ver as imagens.

1. Wimbledon/2019, Final

Uma tarde espetacular de Roger Federer. O suíço sacou horrores, deu slices, subiu à rede, matou pontos curtos e longos... Fez de tudo para contar o poder de Djokovic e, após virar o placar do quinto set, sacou em 87 e 40/15. Dois saques na grama de Wimbledon para um dos melhores sacadores do planeta, empurrado por uma torcida fanática, matar o jogo. Roger perdeu o primeiro ponto ao errar uma direita. No segundo match point, subiu à rede. Djokovic, preciso, fez uma passada na cruzada. Pouco depois, o sérvio devolveu a quebra, igualou o placar e forçou o tie-break no 12/12. Assim como fez no primeiro e no terceiro sets, o sérvio foi impecável, implacável. Saiu de quadra com o título por 7/6(5), 1/6, 7/6(4), 4/6 e 13/12(3).

2. Roland Garros 2021, Semifinal

Mais um duelo com Rafael Nadal no saibro de Paris, onde o espanhol é (era?) soberano. No histórico, uma vitória (em um momento ruim do rival) e sete derrotas. Pior: a lembrança de um massacre na final do ano passado, quando todas condições (temperatura, bola, quadra) jogavam a seu favor. Pois Rafa abriu o encontro desta sexta fazendo 5/0. Filme repetido? Nada disso. Enquanto um rival "normal" teria se abalado, Nole reagiu. Com uma atuação soberba, mudou a dinâmica do jogo e tornou-se o primeiro homem a bater Nadal em Roland Garros após perder o primeiro set. O único a superar o Rei do Saibro duas vezes no torneio. Venceu por 3/6, 6/3, 7/6(4) e 6/2.

3. US Open de 2010, Semifinal

Vaga na decisão em jogo, quinto set, e dois match points para Roger Federer, que até então levava nas costas um histórico de três vitórias em três encontros com Djokovic em Nova York. O sérvio sacava em 4/5 e 15/40 e foi para o ataque. Salvou o primeiro match point comandando o rali e matando o ponto com um swing volley nada simples. Salvou o segundo com uma direita arriscada que limpou a linha. Confirmou o saque e venceu os dois games seguintes. Avançou à decisão por 5/7, 6/1, 5/7, 6/2 e 7/5.

4. US Open de 2011, Semifinal

Mesmo cenário, mesma fase, desafio um pouco mais complicado. Um ano depois, Federer tinha a chance de se vingar se Djokovic. Desta vez, era o suíço que sacava para o jogo. Depois de perder os dois primeiros sets, Roger tinha 5/3 e 40/15 no quinto set. Nole fez mais mágica. Salvou o primeiro match point com um winner de devolução. Depois, viu Federer mandar uma direita que tocou na fita e caiu fora da quadra. A história se repetiu. Nole devolveu a quebra e venceu quatro games seguidos. Avançou à final por 6/7(7), 4/6, 6/3, 6/2 e 7/5. Alguns dias depois, bateu Nadal em quatro sets e levantou o troféu.

5. Australian Open de 2012, Final

A final de slam mais longa da história, que teve 5h53min, poderia ter se encerrado muito mais cedo. Djokovic vencia por 2 sets a 1 e tinha 5/3 no tie-break do quarto set. Nadal, contudo, virou o game de desempate e forçou o quinto set. A parcial decisiva começou quando a partida já levava 4h42min de duração, e o espanhol abriu uma quebra de vantagem. Nole parecia esgotado para esboçar uma reação. Nadal, no entanto, cometeu um vacilo. Com 4/2 e 30/15, tinha a quadra aberta para fazer um winner. Mandou um backhand para fora. Nole viu a chance, ganhou os pontos seguintes e iniciou uma virada espetacular, que ainda teve direito a break point salvo quando sacava em 6/5 e o relógio mostrava 5h51min de partida. Dois minutos depois, Djokovic venceu a final inesquecível.

Precisa de mais razões para acreditar no inacreditável? Que tal...

6. Motivação não é problema. Na coletiva deste domingo, seu técnico Marian Vajda disse que "seu objetivo e nosso objetivo é ganhar os Jogos Olímpicos e vencer o Grand Slam [o conjunto dos quatro torneios]. Isso seria absolutamente top este ano." Ou seja, o homem quer tudo.

7. Já aconteceu. Djokovic já venceu os quatro slams de forma consecutiva. Triunfou em Wimbledon/2015, US Open 2015, Australian Open/2016 e Roland Garros/2016. E não custa lembrar: Roger Federer e Rafael Nadal nunca venceram os quatro maiores torneios do planeta em sequência.

8. Djokovic é o único tenista a conquistar, na Era Aberta (a partir de 1968), pelo menos dois títulos em cada um dos quatro slams. Não que precisasse, mas essa estatística diz o bastante sobre sua capacidade. E é justo acreditar que o mais difícil deles - Roland Garros com Rafa Nadal na chave - já ficou para trás.

9. Nos últimos sete slams, Djokovic foi campeão em quatro. Nos três que não venceu, Nole saiu lesionado de Nova York em 2019, perdeu uma final em Roland Garros para Rafael Nadal em 2020, e foi desclassificado do US Open do ano passado por dar uma bolada (acidental, mas em um gesto imprudente, o que justifica a punição) em uma juíza de linha. Ou seja, desde Wimbledon/2019, é preciso acontecer algo extraordinário para Nole não vencer.

10. A idade pesa? Aos 34, Djokovic é o homem com mais títulos de slam conquistados após completar 30 anos. Em sua quarta década de vida, já são sete títulos. Nadal é o segundo da lista, com seis. E, depois de vencer uma semifinal em 4h11min e uma final em mais 4h11min (sim, os jogos contra Nadal e Tsitsipas tiveram a mesma duração!) num espaço de três dias, não há nenhum indício de queda no quesito físico.

11. A "nova" geração ameaça? Contra Daniil Medvedev (25 anos), Stefanos Tsitsipas (22), Dominic Thiem (27), Alexander Zverev (24) e Andrey Rublev (23), os principais desafiantes fora do Big Three, Djokovic tem um histórico de oito vitórias e duas derrotas em slams. Os reveses vieram diante de Thiem em Roland Garros. Esse fantasma não assombrará mais em 2021.

- Dentro do Big Three, antigo Big Four, Djokovic já bateu Federer três vezes em Wimbledon, Nadal duas vezes em Roland Garros e Andy Murray cinco vezes no Australian Open. Não vou nem contar isso como motivo. Eu é que acho espetacular mesmo esse conjunto de números.

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