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Pausa é melhor opção para uma Naomi Osaka que precisa voltar a ser feliz
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O anúncio foi feito em meio a lágrimas durante a entrevista coletiva pós-jogo. Naomi Osaka vai se afastar do circuito por um tempo e não sabe quando será sua próxima partida oficial.
"Estou neste ponto em que preciso descobrir o que quero fazer. Honestamente, não sei quando vou jogar minha próxima partida de tênis. Acho que vou fazer uma pausa."
Um pouco antes, após consultar alguém na sala, dizendo "vou dizer o que conversamos, eu acho, no corredor", explicou para todos: "Acho que recentemente, quando ganho, não fico feliz. Eu sinto mais um alívio. E quando perco, fico muito triste. Não acho que isso seja normal. Eu não queria chorar, mas sinto que..." O moderador do US Open tenta até encerrar a coletiva nesse momento, mas Naomi insiste em concluir o raciocínio e encerra com a declaração sobre o afastamento do circuito. A sequência inteira está no vídeo acima a partir de 5'10".
Desde o episódio de Roland Garros, quando, primeiro, anunciou que não daria entrevistas e acusou os torneios de não se preocuparem com a saúde mental dos atletas e, mais tarde, se desculpou e abandonou o evento francês, revelando lidar com ansiedade e depressão, Naomi não é a mesma. Nem dentro nem fora de quadra.
O retorno às competições, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, ficou muito abaixo do esperado. Naomi mostrou-se apática e foi eliminada nas oitavas de final por Marketa Vondrousova por 6/1 e 6/4. Depois, apareceu ainda sem ritmo no WTA 1000 de Cincinnati, onde caiu diante da suíça Jil Teichmann, #76 do mundo. Até ali, porém, parecia que Osaka vivia apenas problemas típicos de quem precisa apenas ritmo de jogo e calibrar golpes. No US Open, porém, a situação se revelou mais preocupante.
No duelo desta sexta, contra a canadense Leylah Fernandez, de 18 anos, Osaka não fazia uma partida espetacular, mas jogava bem o bastante para vencer. Faturou o primeiro set e quebrou o saque da adversária na reta final da segunda parcial. Bastava, então, confirmar o serviço e carimbar a vaga para as oitavas de final. Foi aí que tudo desandou. Naomi fez um péssimo game, perdeu o game de serviço, e sua fragilidade ficou óbvia.
Irritada com a chance perdida, atirou a raquete mais de uma vez e desandou a errar. Perdeu não só o segundo set como saiu atrás no terceiro. Isolou uma bolinha. Foi punida pela arbitragem (abuso de bola) e levou mais vaias de uma torcida que estava a seu lado. Nas viradas de lado, Naomi parecia até mais preocupada com a reação dos outros e as críticas do que com a partida - o que, de fato, casa com declaração pós-jogo e com um post recente em que Osaka fala sobre como deveria celebrar mais seus feitos (veja abaixo).
Olhando de fora, e impossível dizer quando, como e por quê, mas está claro que o tênis não faz Osaka feliz no momento. Quando digo "tênis", é o pacote completo, envolvendo o trabalho diário, preparação, viagens, compromissos extraquadra e desafios táticos e técnicos, além, obviamente, da relação entre expectativa e realização já citada pela ex-número 1 do mundo.
A pausa, hoje, parece a melhor opção - talvez a única - para reconectar o que quer tenha se partido na relação entre Osaka e o esporte. Se o afastamento pós-Roland Garros não resolveu, que Naomi descanse corpo e mente o quanto precisar desta vez. Aos 23 anos, há tempo de sobra para para encontrar um caminho que mostre que sua alegria de viver não precisa estar ligada a vitórias e aplausos em uma quadra de tênis.
Talvez isso faça a japonesa redescobrir e reencontrar os sentimentos e sensações que a levaram a ser número 1 do mundo e conquistar quatro slams. Talvez não. Pode ser até que seu caminho não passe mais pelo tênis. E tudo bem. O importante é voltar a ser feliz e levar uma vida saudável, seja onde e como for. Boa sorte, Naomi.
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