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King Richard é show de Will Smith na linda história das irmãs Williams
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Todo mundo sabe quem são Venus e Serena Williams. Quase todo mundo sabe que as irmãs nasceram em uma família humilde e foram treinadas pelo pai em quadras públicas nos Estados Unidos. Só que pouca gente sabe - de verdade - como isso aconteceu e o quanto Richard Williams batalhou para que seu "plano" virasse realidade. E isso incluiu brigar com jovens que provocavam suas filhas nas quadras públicas, ser rejeitado por várias figuras famosas do esporte e ver a polícia entrar em sua casa porque uma vizinha fez uma denúncia - tudo por conta do quanto ele exigia de Venus e Serena.
É uma história com material para Hollywood do começo ao fim. Era questão de tempo para alguém colocá-la nas telonas. Mais do que isso: seria preciso um trabalho muito, muito ruim para não fazer um ótimo filme com esses elementos. Ao dizer isso, não tiro os méritos de "King Richard: Criando Campeãs", que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 2 de dezembro. O filme, que vi esta semana em uma pré-estreia a convite da Wilson, é mesmo excelente.
Não que precisasse, mas Will Smith carrega a película com extrema competência. O ator brilha ao reproduzir o jeito de andar e falar de Richard - até nos erros gramaticais - e, bem do jeito holywoodiano, faz um Williams levemente mais carismático do que o da vida real. Não faz tanta diferença assim. O grande atrativo do filme - mesmo - é a história. É como um cidadão meio gênio, meio louco, cria, sem histórico tenístico, duas das maiores atletas da história.
Falando em tênis, a parte tenística é bem feita. O roteiro não precisou cortar partes importantes nem emburrecer certos elementos específicos do esporte para simplificar sua compreensão. As cenas de jogo não decepcionam. Os técnicos e ex-tenistas que aparecem na história (entre eles, Pete Sampras e John McEnroe) são decentemente reproduzidos.
Venus e Serena são representadas, respectivamente, pelas jovens e Saniyya Sidney e Demi Singleton, que também fazem um ótimo trabalho. As meninas são coadjuvantes no filme, e não poderia ser muito diferente porque a figura central da família naquele período retratado na película sempre foi Richard Williams. Venus e Serena eram "apenas" adolescentes promissoras.
Resumindo? "King Richard: Criando Campeãs" leva um 7,5 no meu caderninho de reviews. Além da história, que por si só é fantástica, vale muito pela atuação de Will Smith. Não me surpreenderá se ele for indicado a prêmios importantes.
Coisas que eu acho que acho:
- De modo geral, o filme encontra um balanço interessante para mostrar-se atraente tanto ao público "normal" quanto ao fã de tênis, o que não é nada simples. O público de tênis é chato e reclama muito quando um ou outro aspecto de seu esporte não é reproduzido 100% como na vida real.
- Há críticas a serem feitas, mas mais pelo que entrou ou deixou de entrar no roteiro do que pela execução do filme. Já li um texto criticando o quão Oracene, mãe das meninas, é pouco valorizada na criação das meninas (há apenas uma cena em que ela discute com Richard sobre isso). Outra crítica alertava para o fato de que o machismo e os casos extraconjugais de Richard não são mostrados como na vida real. São pontos válidos. Por outro lado, King Richard é uma "biopic" - um filme biográfico, que não é uma biografia, muito menos um documentário. Hoje em dia, ninguém faz uma biopic, sobretudo com o apoio do personagem principal, que vá mostrar certos elementos e fatos negativos. Hollywood funciona assim.
- Som de hoje no meu Kuba Disco: Everything I Love Is Going to Die (The Wombats).
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