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ATP silencia sobre postura polêmica no caso de covid de Felipe Meligeni
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O brasileiro Felipe Meligeni, atual #208 do mundo, foi excluído do Challenger de São Paulo, no último sábado, após testar positivo para covid-19. O campineiro de 23 anos estava classificado para as semifinais de simples e finais de duplas, mas não pôde competir. O caso, no entanto, gerou muita reclamação de tenistas adversários que argumentam que a ATP não deveria ter deixado Meligeni competir nem na sexta-feira, quando esteve em quadra para as quartas de final de simples e semifinais de duplas.
De fato, Meligeni recebeu o resultado positivo de um teste PCR na manhã de sexta-feira. No entanto, por estar vacinado, ouviu da ATP que poderia jogar se um teste de antígeno (de resultado mais rápido, mas que detecta menos carga viral do que os PCRs) desse negativo. Foi o que aconteceu. Felipe, então, foi à quadra e derrotou o argentino Andrea Collarini por 6/4, 4/6 e 6/3. Nas duplas, ao lado de Rafael Matos, superou o uruguaio Martín Cuevas e o argentino Pedro Cachin por 6/2 e 6/4.
Cachin e Collarini reclamaram publicamente da conduta da ATP. O primeiro escreveu em sua conta no Twitter que a ATP deveria dar explicações se não quiser perder credibilidade. Collarini, por sua vez, disse que ligou para pedir explicações. "Alguns não me respondem, outros dizem que estão se informando. Neste mundo tão corrupto, me faz pensar que está se armando tudo para que fique dentro das regras. Uma vergonha."
Para Collarini, a derrota foi especialmente dura. O argentino de 29 anos ocupa atualmente o 259º posto no ranking mundial, e uma vitória a mais no Challenger de São Paulo (que teria sido por WO caso Felipe tivesse sido impedido de jogar) teria sido valiosa para aumentar sua chance de se classificar para o qualifying do Australian Open. Na sua posição atual, não há garantias de que ele conseguirá uma vaga em Melbourne.
A ATP não deu explicações sobre o procedimento adotado em São Paulo. Nem o setor de comunicação da entidade nem o supervisor do torneio, Jaime Chavez, responderam às tentativas de contato do UOL Esporte, o que só contribui para a sensação de insatisfação dos atletas e para um sentimento de dúvida por conta dos fãs. Qual é o procedimento padrão? Por que os dois testes? É uma questão importante tanto no aspecto competitivo quanto no âmbito da saúde pública - o torneio, afinal, era aberto a público, e a entrada não era limitada a pessoas vacinadas contra covid-19.
A assessoria de imprensa de Felipe Meligeni, por sua vez, declarou que o atleta fez o indicado pela ATP. Primeiro, na sexta de manhã, depois de saber do positivo no PCR, aguardou o resultado do teste antígeno para saber se poderia competir. Como o resultado veio negativo, entrou em quadra. No dia seguinte, fez outro teste antígeno, que deu positivo. Por isso, não pôde mais competir.
Meligeni, agora, está em isolamento em Campinas, onde mora. Além de não poder competir no Challenger desta semana, em Florianópolis, o tenista já decidiu que não vai ao Challenger do Rio de Janeiro, que começa na próxima segunda-feira.
Coisas que eu acho que acho:
- Como a ATP não se explicou publicamente, posso apenas presumir (com o benefício da dúvida) que Meligeni teve o "benefício" do teste de antígeno porque está vacinado. Seu caso é bem diferente, por exemplo, do que aconteceu com Fernando Romboli, excluído do Challenger de Braunschweig quando a namorada de seu parceiro testou positivo. Romboli, que testou negativo, foi considerado contato próximo e acabou excluído do torneio por não estar vacinado na época.
- Mesmo que consideremos o benefício da dúvida ao analisar o procedimento da ATP, vale questionar o seguinte: se a supervisão de um torneio vai considerar apenas o resultado de um teste de antígeno para liberar a participação de um atleta vacinado, por que existe a necessidade de um teste de PCR?
- Som de hoje no meu Kuba Disco: "My Own Soul's Warning", por The Killers.
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