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Por que Djokovic é tão favorito contra Nadal em Roland Garros este ano
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Rafael Nadal conquistou Roland Garros 13 vezes em sua carreira. No saibro parisiense, acumula 109 vitórias e três derrotas. Contra Roger Federer, são seis triunfos e nenhum revés. Diante de Novak Djokovic, são sete vitórias em nove duelos. Nunca perdeu uma final. Por que, então, Djokovic é tão favorito para derrotar Rafa nesta terça-feira, quando os dois se encontram não antes das 15h45min (de Brasília), nas quartas de final do torneio francês?
A resposta fast food é simples: porque favoritismo não se faz apenas de retrospecto. A resposta menu degustação, contudo, é mais complexa. Se é inquestionável que o currículo de Rafa em Roland Garros é vastamente superior ao de qualquer outro ser humano que já pisou naquele complexo, é igualmente inegável que o momento de Novak Djokovic, atual número 1 do mundo, é muito melhor. E até o horário da partida contribui para esse favoritismo. Vejamos como esse cenário foi desenhado.
1. Preparação prejudicada para Nadal
Dois problemas físicos impediram que Rafael Nadal fizesse sua costumeira preparação para Roland Garros. Seu calendário normalmente inclui o Masters 1000 de Monte Carlo, o ATP 500 de Barcelona e os Masters 1000 de Madri e Roma. Uma sequência que quase sempre o espanhol adotou para calibrar seu jogo e chegar a Paris na melhor forma possível.
Este ano, uma fratura por estresse em uma costela, diagnosticada após o Masters de Indian Wells, exigiu um bom tempo fora das quadras. Por isso, Rafa não pôde competir em Monte Carlo e Barcelona. Teve de se contentar com Madri e Roma, e o torneio da capital espanhola, jogado em condições bem diferentes das de Roland Garros, nunca foi o ideal para Rafa.
Para piorar, Nadal voltou a sentir dores no pé durante o Masters de Roma. Resultado? Perdeu mais cedo do que o ideal, ainda na segunda rodada, e teve poucas oportunidades para ganhar ritmo de jogo e confiança.
2. Roteiro ideal para Djokovic
Tempo foi algo que sobrou a Djokovic nos últimos meses. O sérvio não competiu em Indian Wells e Miami porque não se vacinou contra covid e, portanto, não podia entrar nos Estados Unidos. Assim, planejou uma longa temporada de saibro, e seu tênis melhorou a cada semana.
Depois de perder na estreia em Monte Carlo, foi finalista do ATP 250 de Belgrado, semifinalista em Madri (perdeu para Carlos Alcaraz) e campeão em Roma, onde venceu cinco jogos sem perder sets e jogando um tênis de altíssimo nível. Na chegada a Roland Garros, Djokovic já estava em grande forma.
3. Inconsistência para Rafa
De modo geral, Nadal mostrou um belo nível de tênis durante a semana, inclusive desempenhando como em seus melhores dias em alguns momentos. E, como era de se esperar, até um Rafa abaixo de 100% consegue ir longe em Roland Garros. Missão cumprida até as quartas.
O espanhol, no entanto, não esteve em seu melhor o tempo todo. Mostrou-se errático e hesitante aqui e ali. Em um jogo com menos margem para isso, precisou de cinco sets para superar o #9 do mundo, Félix Auger-Aliassime. Espera-se que Djokovic exija muito mais consistência de Rafa. E por mais tempo.
4. Solidez para Nole
Djokovic jogou 12 sets e venceu todos em Roland Garros. Somando com a campanha de Roma, já são 22 parciais sem perder. E mais: nesses 12 sets disputados em Paris, em apenas um Nole perdeu mais do que três games (contra Molcan, o terceiro set terminou no tie-break).
Os números acumulados são excelentes: 31 aces, 71,2% de primeiros serviços encaixados, 49% dos pontos vencidos no saque do adversário, 134 winners e 100 erros não forçados. Suas curtinhas estão afiadas. O jogo de rede, idem. Fisicamente, mostrou-se impecável durante toda a primeira semana do torneio. Batê-lo exigirá uma atuação muito acima da média.
5. Horário do jogo ajuda Djokovic
A organização determinou que o décimo duelo entre Nadal e Djokovic em Roland Garros será na sessão noturna, com início previsto para não antes das 20h45min locais (pode começar até mais tarde, dependendo das partidas anteriores). Isso significa que o jogo será disputado em um clima menos quente e com a quadra mais lenta. Durante o dia, especialmente com o calor, a bola encontra menos resistência no ar e ganha mais altura após o quique porque a quadra está mais seca. São condições de jogo melhores para o estilo de Nadal, que usa seu top spin para empurrar os rivais para trás e forçá-los a rebaterem bolas mais altas.
Com a quadra menos seca, as bolas ganham menos altura, o que ajuda Djokovic no duelo direto com Nadal. Vários dos jogos mais duros (ou "menos fáceis"?) que Nadal fez em sua carreira em Roland Garros foram realizados assim, com a quadra pesada, em dias nublados ou chuvosos. Foi assim contra o próprio Djokovic na final de 2012, quando o sérvio começou a reagir enquanto a partida era realizada sob pingos. O jogo foi interrompido e no dia seguinte, sob sol, Rafa virou o quarto set e levantou a taça.
Ano passado, depois de ser superado por Djokovic nas semifinais em uma partida que entrou pela noite parisiense, Nadal disse que, com o passar do tempo, foi tendo mais dificuldade para fazer a bola quicar e empurrar o rival para trás. O cenário desta terça-feira promete não ser muito diferente.
Coisas que eu acho que acho:
- As casas de apostas estão pagando por volta de 1,40 para uma vitória de Djokovic, enquanto um triunfo de Nadal fica na casa dos 2,80 - cotação inimaginável para uma partida do espanhol em outros tempos. Ano passado, por exemplo, as cotações estavam ao contrário. Um triunfo de Rafa pagava 1,40, enquanto uma vitória de Nole pagava perto de 3.
- Nada disso garante que Djokovic sairá vencedor. Se alguém é capaz de fazer o impensável na Quadra Philippe Chatrier, Nadal é "o" cara. Foi assim na final de 2020, quando o sérvio também vinha mostrando mais tênis e sucumbiu em três sets rápidos.
- Especialmente este ano, convém não rotular esse duelo de "final antecipada". Alcaraz possivelmente vai estar na semifinal aguardando o vencedor, e o garotão tem jogo para qualquer um dos dois como fez em Madri.
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