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Bia Haddad Maia alcança status que nenhum brasileiro teve desde Guga
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Gustavo Kuerten foi número 1 do mundo, conquistou três slams, venceu um ATP Finals e jogou uma semifinal de Copa Davis. O catarinense, certamente, não é o melhor nome para fazer comparações no tênis brasileiro. Que o digam os "novos Gugas", de Bellucci a Boscardin, que foram presenteados com o rótulo neste milênio. No entanto, se não convém comparar, o maior homem da história do tênis brasileiro é um excelente ponto de referência relativamente recente para demarcar feitos e status.
É aí que entra Beatriz Haddad Maia, campeã dos WTAs 250 de Nottingham e Birmingham, ambos na grama, nas duas últimas semanas. Algo que nenhum brasileiro fez desde Guga. Nem Ricardo Mello nem Thomaz Bellucci nem Teliana Pereira e muito menos Thiago Wild (todos os campeões de ATP/WTA do país em simples desde a Era Guga). Nenhum deles sequer chegou perto de conquistar dois títulos seguidos nesse nível.
Não é nem (apenas) a questão do ineditismo acima que coloca Bia em um patamar diferente. A paulista de 26 anos, número 29 do mundo a partir desta segunda-feira - melhor ranking de sua carreira por enquanto - levantou esses dois troféus seguidos fazendo três grandes vítimas: a top 5 Maria Sakkari, a bicampeã de Wimbledon Petra Kvitova e a ex-número 1 (e também campeã de Wimbledon) Simona Halep.
Mais do que isso: Bia, que dois meses atrás já falava ter condições para ganhar um slam este ano, já se coloca como mais do que apenas outra zebra no período pré-Wimbledon. E isso, caros leitores, também é mais do que já fizeram Mello, Bellucci, Teliana e Wild. Sim, Thomaz foi #21 do mundo, mas jamais foi um sério candidato a um slam e só passou da terceira rodada uma vez na carreira em torneios desse nível.
Hoje, depois dos dois títulos, Bia já figura entre as 10 principais favoritas ao título de Wimbledon em pelo menos uma casa de apostas. Além disso, em uma WTA equilibrada e sem óbvias favoritas (Iga Swiatek, número 1 do mundo, é a exceção, mas ainda não competiu na grama este ano), por que não acreditar que a brasileira, em um excelente momento, tem chances de estender essa sequência e brigar pelo título?
E esse status, essa esperança de título, já coloca Bia Haddad Maia um patamar acima dos melhores simplistas brasileiros do pós-Guga.
Coisas que eu acho que acho:
- Importantes ressalvas: tradicionalmente, as campeãs de Nottingham e Birmingham não costumam repetir o sucesso em Wimbledon. A última campeã de Birmingham a triunfar na grama do All England Club foi Maria Sharapova, em 2004. Em Nottingham, torneio com pouca história, nenhuma das sete campeãs passou da terceira rodada em Wimbledon.
- Sub-ressalva tão importante quanto a acima: qual foi a última vez que você, leitor, imaginou o quanto o resultado de um torneio vencido por um brasileiro tem de relação com o campeão de um slam? Isso, por si só, já diz bastante sobre a posição de Bia no circuito feminino de hoje.
- Som de hoje no meu Kuba Disco: Remind Me, faixa nova dos britânicos da Bastille.
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