Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Que ninguém distorça: Djokovic escolheu não competir nos EUA
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Já fui aos Estados Unidos um punhado de vezes. Minha primeira vez foi em 1992, numa ida a Orlando. A mais recente, em 2019, para acompanhar o Miami Open. Fui a Chicago, Boston, DC, Newport, Nova York e um punhado de outras cidades. Algumas vezes a trabalho. A maioria, a lazer. Nunca tive problemas. Nunca fui parado pela polícia, muito menos fichado.
Tantas entradas e saídas, tanto dinheiro gasto e tantos passeios que sempre terminaram com a minha volta para o Brasil na data prevista. Nada disso afeta meu processo de entrada nos Estados Unidos. Para obter o visto, preciso pagar os US$ 160, preencher um enorme formulário, agendar uma entrevista no consulado, comparecer para apresentar documentos, ser entrevistado e, se tudo der certo, voltar para retirar o visto. Um processo longo e caro.
Não é um protocolo que os americanos criaram especificamente para mim. Vale para milhões de pessoas que fazem parte de grupos determinados por uma série de critérios estabelecidos pelo governo americano. É um direito deles escolher quem pode entrar em seu país. Também é direito deles tratar americanos e estrangeiros de forma diferente.
Eu, Alexandre, tenho o direito de gostar ou não dessa postura dos Estados Unidos. Tenho o direito de concordar ou discordar dela. E, no fim das contas, tenho o direito de escolher se quero visitar o país e, portanto, submeter-me a esse procedimento. Se me autorizarem, entro. Caso contrário, fico no Brasil. E tudo bem, faz parte do que é viver em um mundo com fronteiras.
O governo americano, hoje, exige que estrangeiros apresentem certificado de vacinação para entrarem no país. Novak Djokovic não possui um. Logo, ele não pode pisar em solo americano. É uma regra válida para milhões de pessoas. Não foi criada especificamente para vetar um grande atleta. Você, leitor, pode gostar ou não. O fã de Djokovic tem todo o direito de argumentar se é válido, a esta altura da pandemia, um país exigir que estrangeiros estejam vacinados.
O que não muda é o direito dos Estados Unidos de estabelecerem seus próprios critérios de entrada no país. E Novak Djokovic, que oficializou nesta quinta-feira sua não-participação no US Open, tinha opções. Assim como eu ou qualquer outro cidadão sujeito às regras de um país estrangeiro. Quisesse entrar no país para competir, Novak tinha a opção de se vacinar. O sérvio, contudo, preferiu não cumprir as exigências. Direito dele. E tudo bem. Só não distorçamos as coisas: Djokovic nunca foi proibido de competir os EUA. Ele escolheu não competir.
Coisas que eu acho que acho:
- Importante ressaltar: nos seis parágrafos acima, tive o cuidado de não escrever o nome de nenhum torneio. Por quê? Porque os eventos não têm relação com as regras alfandegárias do país. O US Open não tem regras contra antivaxers. Os torneios de Montreal e Toronto não proíbem não-vacinados. Permitam-me a redundância: Djokovic não vai jogar o US Open porque escolheu não ir aos Estados Unidos. Por isso, também não jogou o Masters 1000 de Cincinnati. Do mesmo modo, Novak escolheu não ir ao Canadá disputar o Masters 1000 de Montreal. Apenas escolhas.
- Som de hoje no meu Kuba Disco: I Fought the Law, clássico da banda britânica The Clash.
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