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Final do US Open põe frente a frente novos símbolos do Nadalismo

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

11/09/2022 04h00

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Lutar por cada ponto até a última gota de suor. Pensar sempre no próximo ponto. Estudar o adversário. Construir pontos com inteligência, esperando a hora perfeita para buscar a definição. Um técnico de longa data, que participou da transição do juvenil ao profissional. Bom comportamento em quadra. Respeito aos árbitros. Quebrar raquete? Nem pensar.

O parágrafo acima descreve algumas das características de Rafael Nadal, maior vencedor de slams em simples da história do tênis masculino, além de atual campeão do Australian Open e de Roland Garros. No entanto, várias dessas qualidades também podem se aplicar aos finalistas do US Open deste domingo: o espanhol Carlos Alcaraz e o norueguês Casper Ruud, que duelam a partir das 17h (de Brasília - ESPN, Star+ e SporTV mostram ao vivo) não só pelo título do torneio nova-iorquino, mas pelo direito de figurar como número 1 do ranking mundial a partir de segunda-feira.

O favorito é Alcaraz, um fenômeno de 19 anos, compatriota e fã de Nadal de longa data. Seu tênis é mais agressivo - "menos paciente" talvez seja uma avaliação mais precisa - que o do veterano, mas seu modus operandi fora de quadra tem semelhanças. Carlitos e seu técnico, Juan Carlos Ferrero, são adeptos de muito trabalho e pouca badalação. Falam em humildade, em dar o máximo todos os dias, jogar ponto a ponto e aproveitar as chances que aparecerão como consequência do trabalho.

Toni Nadal, tio e técnico que formou Nadal, acredita que Alcaraz soube entender que precisava de Rafa como referência (leia abaixo). Diz que Carlitos "tem essa capacidade para não se render até a última bola e essa intensidade tão característica [de Nadal]".

O azarão é Ruud, outro fã assumido de Rafa. Tão admirador do jeito Nadal de trabalhar que adotou a Rafa Nadal Academy, em Maiorca, como sua base de treinos. O norueguês de 23 anos tem seus melhores resultados no saibro, o que é fácil de entender quando se vê que seu tênis é moldado no do veterano, baseado na construção de pontos e na execução de bolas de alta porcentagem, com mais margem de segurança, e um excelente condicionamento físico. Ruud pode até ser considerado uma versão "humana" de Rafa. Faltam-lhe justamente a força mental que separa Nadal da maioria e um golpe dominante como o forehand canhoto do espanhol.

Estar em posição de brigar pelo número 1 significa que Ruud não é um simples saibrista. Apesar do vice em Roland Garros e ter conquistado a maioria de seus pontos na terra batida, o norueguês foi semifinalista do ATP Finals e vice-campeão do Masters 1000 de Miami, em quadra dura, onde foi batido pelo mesmo Alcaraz deste domingo. A campanha no US Open, igualmente no piso sintético, é outra evidência da evolução de Casper fora do pó de tijolo.

Qualquer que seja o resultado, o tênis masculino terá um novo número 1 e um campeão de slam inédito. E mais: um representante do Nadalismo no posto mais alto do ranking. Prova de que o legado do maior campeão de slams em simples da história do tênis masculino vai além de seus feitos. Quando deixar o tênis, Rafa terá deixado para trás também um exemplo de humildade, de trabalho, de força mental e de comportamento. E o tênis, com características tão peculiares, talvez recompense essas qualidades mais do que qualquer outro esporte. Ruud e Alcaraz, este domingo, são prova irrefutável disto.

Coisas que eu acho que acho:

- Mais uma prova? Iga Swiatek, número 1 do mundo e maior fã de Nadal no circuito feminino, acaba de conquistar o US Open, seu terceiro slam na carreira. Iga, assim como Ruud e Alcaraz, teve seus primeiros grandes resultados no saibro. Agora, conquista a quadra dura.

- Fato interessante: a filipina Alexandra Eala, de 17 anos, conquistou, neste sábado, o título juvenil do US Open. Na final, ela derrotou a tcheca Lucie Havlickova por 6/2 e 6/4. É a primeira vez que uma atleta das Filipinas ganha um slam juvenil. Sua inspiração? "Meu ídolo é obviamente Rafa. Ele é um grande exemplo, alguém que muitas pessoas deveriam idolatrar e tentar fazer igual. Ele é muito calmo, mas ao mesmo tempo muito aceso. Acho que tentei canalizar essa energia durante toda esta semana", disse a moça. Ela também treina em Maiorca, na Rafa Nadal Academy.

- Ainda sobre Nadal, vale mencionar: a exibição de Nadal no Brasil, marcada inicialmente para o dia 1º de dezembro, em Belo Horizonte, mudou de data. O jogo agora será no dia 29 de novembro. O adversário será Casper Ruud, e a venda de ingressos para o público geral não tem data estipulada por enquanto.

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