Exibição de Nadal em BH testa paixão e bolso de fãs brasileiros

Como noticiado previamente aqui no Saque e Voleio, Rafael Nadal fará uma turnê de exibições pela América Latina neste fim de ano, e a parada brasileira será em Belo Horizonte, no dia 26 de novembro, no renovado Mineirinho, que reabrirá suas portas nesse dia. O adversário será Casper Ruud, atual número 3 do mundo, vice-campeão de Roland Garros e do US Open.

Nadal, o maior vencedor de slams em simples da história do tênis masculino, e Ruud, um fã e discípulo do espanhol - tanto que treina na Rafa Nadal Academy, em Maiorca, fizeram a final de Roland Garros este ano e têm boa relação. Que os dois façam a turnê juntos faz sentido. Vê-los aqui em BH, porém, não será tão simples. Os valores para uma exibição de uma noite são um tanto salgados.

O menor valor, que corresponde apenas às últimas sete fileiras do Mineirinho, é de R$ 490, mas pela meia-entrada. Quando acabarem os ingressos solidários, disponíveis nos primeiros lotes (a organização não divulgou quantos lotes haverá nem quantos bilhetes estarão à venda em cada lote), o valor cheio passa a ser R$ 980. Somando a isso taxa de conveniência, estamos falando em mais de mil reais para ver Nadal x Ruud de um assento no Everest do ginásio.

Para efeito de comparação, um ingresso de categoria 3 (a mais barata) para a final de Roland Garros deste ano custava € 155, o equivalente a R$ 800, usando o câmbio oficial de hoje, com o euro cotado a R$ 5,166. Sim, você entendeu. No valor cheio, Nadal x Ruud em BH, uma exibição, custará mais do que Nadal x Ruud em Roland Garros, uma final de slam. E isso não vale só para os bilhetes mais acessíveis. Uma entrada para a fila 3 do Mineirinho custará R$ 4.800 no valor cheio. Sem contar os pacotes VIP, é o ingresso mais caro. Pois na final masculina de Roland Garros 2022, as entradas mais valiosas saíram por € 310, ou seja R$ 1.601,46. Uma diferença considerável.

Coisas que eu acho que acho:

- Evidentemente, ver Nadal x Ruud em Belo Horizonte é uma chance rara para quem não pode custear uma viagem até Paris com hospedagem, alimentação e tudo mais em euros. No entanto, somando os altos preços dos ingressos aos valores de passagens aéreas cobrados no Brasil atualmente, esse argumento já não é tão atrativo assim.

- Isso aqui não é elogio nem crítica, mas fico imaginando se o público-alvo desta exibição, com os preços assim estabelecidos, não será o mesmo do grupo que já viaja anualmente para ver um ou mais slams.

- Evidentemente, informar preços e contextualizá-los não é torcer contra nem criticar o evento. Com o câmbio atual, é óbvio que não seria simples trazer Nadal ao Brasil, e parte desse custo é repassado a quem compra ingressos. Faz parte do processo. Que o Mineirinho fique cheio e seja um belo espetáculo.

- Gosto de comparar exibições a shows de rock. Afinal, ver um atleta jogar uma exibição no seu país é mais ou menos como esperar a banda preferida e vê-la em uma rara ocasião. Nesse sentido, o ingresso mais barato (valor cheio) para um show do Coldplay no Rio de Janeiro, no dia 25 de março, custará R$ 430. O mais caro, R$ 950.

- Uma curiosidade: os bilhetes que serão colocados à venda para shows do Coldplay no Rio e em São Paulo estarão disponíveis no site da Eventim a partir das 10h do dia 20 de outubro. É exatamente o mesmo horário do início da venda de ingressos para Nadal x Ruud em BH, que acontecerá aqui. Divirtam-se.

- Som de hoje no meu Kuba Disco: "Thrift Shop", de Macklemore e Ryan Lewis.

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