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Holger Rune chegou

Holger Rune com o troféu do Masters 1000 de Paris em 2022 - Reuters
Holger Rune com o troféu do Masters 1000 de Paris em 2022 Imagem: Reuters

Colunista do UOL

07/11/2022 09h01

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Quando disputou o Australian Open, em janeiro, o jovem dinamarquês Holger Vitus Nodskov Rune tinha 18 anos e ocupava apenas a 99ª posição no ranking mundial. Já mostrava talento de sobra - ninguém entra no top 100 aos 18 por acaso - mas ainda tinha fama de garotinho mimado, esquentado e, por vezes, desbocado. Além disso, tinha cãibras nada raras que impediam uma ascensão mais rápida entre os profissionais.

Hoje, aos 19 anos, Rune aparece como top 10 pela primeira vez na carreira, no embalo de uma campanha fantástica no Masters 1000 de Paris. Bateu seis top 10 em sequência e completou a semana superando Novak Djokovic de virada em uma final tão dramática quanto bem jogada pelo dinamarquês. Antes, havia superado Stan Wawrinka, Hubert Hurkacz (#10), Andrey Rublev (#9), Carlos Alcaraz (#1) e Félix Auger-Aliassime (#8), que vinha de três títulos consecutivos.

O que mudou? Fisicamente, bastante. O mesmo Rune que teve cãibras depois de dois sets contra Djokovic no US Open do ano passado resistiu bravamente a três parciais cheias de pontos longos diante do mesmo sérvio neste domingo.

Sobre o comportamento, talvez ainda seja cedo para julgar. No ano passado, Rune foi multado em 1.500 euros após ofender um rival usando termos homofóbicos em um torneio da série Challenger. Em Roland Garros, quando foi derrotado por Casper Ruud, mal cumprimentou o adversário após a partida. O norueguês lançou um olhar de desaprovação que foi captado pelas câmeras e rodou o mundo. Na semana passada, no ATP da Basileia, Rune também foi extremamente grosso em uma discussão com um árbitro de cadeira.

O que mudou esta semana? Talvez Rune tenha topado seguir o conselho de Stan Wawrinka. Derrotado pelo norueguês na primeira rodada do torneio após perder três match points, o suíço parece ter dito para o garotão parar de se comportar como um bebê dentro de quadra. Pelo menos foi isso que o Eurosport relatou após o cumprimento entre os dois ao fim daquele jogo.

Falando apenas de tênis, Rune foi brilhante durante a semana, eliminando o número 1 do mundo, encerrando a sequência de 16 vitórias de Auger-Aliassime e, por último, derrubando o grande Djokovic, que não perdia há 14 jogos e esteve em vantagem duas vezes na final.

Nole não só venceu o set inicial como perdeu a chance de começar o segundo set com uma quebra (teve 0/40 no primeiro game) e, mais tarde, abriu 3/1 e 30/0 no terceiro. Rune foi brilhante nas variações, sem dar ao sérvio um padrão fácil de ler, sacou muito bem nos momentos importantes - inclusive arriscando alguns segundo serviços - e fez Djokovic pagar caro por subidas à rede mal executadas. Aproveitou todas suas chances, levantou o troféu e, agora, nesta segunda, aparece como #10 do mundo no ranking. Rune chegou.

Coisas que eu acho:

- Não foi uma partida tão ruim de Djokovic, mas foi uma derrota atípica porque o ex-número 1 deixou escapar um jogo que esteve em suas mãos contra um rival muito menos experiente. De todo modo, não muda o fato de que Nole será o favorito no ATP Finals (a não ser que haja uma lesão mais séria do que sua atuação deixou transparecer neste domingo).

- O Brasil conquistou pela primeira vez a Copa Davis Júnior, embalado principalmente pelos resultados de João Fonseca. Escrevo um pouco mais sobre o que isso significa amanhã. Até lá.

- Som de hoje no meu Kuba Disco: I Ain't Worried (OneRepublic) porque acordei pop, lembrando da animada cena de futebol americano em Top Gun Maverick.

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