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Brasil é campeão da Copa Davis Júnior, mas o que isso significa?

Gustavo Almeida, Pedro Rodrigues, João Fonseca e Rodrigo Ferreiro com o título da Copa Davis Jr. - Divulgação/ITF
Gustavo Almeida, Pedro Rodrigues, João Fonseca e Rodrigo Ferreiro com o título da Copa Davis Jr. Imagem: Divulgação/ITF

Colunista do UOL

09/11/2022 04h00

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No último fim de semana, o Brasil conquistou, pela primeira vez em sua história, a Copa Davis Júnior, versão da competição entre países jogada em sede única entre atletas de até 16 anos. Na final, o time do capitão Rodrigo Ferreiro, composto por João Fonseca, Pedro Rodrigues e Gustavo Almeida, superou os Estados Unidos de Meecah Bigun, Kaylan Bigun e Alexander Razeghi.

Antes, na fase final disputada em Antália, na Turquia, a equipe verde-e-amarela bateu França, Marrocos e Paraguai na fase de grupos, a Austrália nas quartas, e a Itália na semifinal. Resultados de respeito. Mas, afinal, o que isso quer dizer para o futuro do tênis brasileiro, considerando que a lista de campeões da Copa Davis Júnior tem nomes como Carlos Alcaraz, Félix Auger-Aliassime, Denis Shapovalov, Pedro Martínez, Jaume Munar e Kyle Edmund?

Há nomes ilustres, mas também há ilustres desconhecidos. De modo geral, não é muito diferente de observar a lista de campeões de slam no juvenil. Para cada famoso que chegou ao top 10, há pelo menos um que nem sequer figurou entre os 200 do mundo no tênis profissional. Dito isso, é preciso afirmar: um título de Copa David Júnior é muito, muito legal, mas não diz tanto assim sobre as chances de o trio brasileiro se tornar um grupo de sucesso comparável entre os profissionais.

A história do tênis brasileiro é cheia de casos assim. Nos últimos 15 anos, não foram poucos os atletas daqui que entraram no top 10 mundial como juvenis: Nicolas Santos, Fernando Romboli, Zé Pereira, Tiago Fernandes, Thiago Monteiro, Orlando Luz, Thiago Wild, Gilbert Klier e Natan Rodrigues. Deste grupo, apenas Monteiro chegou ao top 100 e teve resultados para se manter lá. Wild bateu e voltou. O resto nem chegou perto.

Não é segredo que o cenário do tênis brasileiro não é exatamente o mais saudável para juvenis badalados, e a falta de sucesso de alguns nomes do grupo acima reflete isso. Alguns não tinham tênis preparado para o profissional. Houve quem não soubesse lidar com as derrotas nos Futures. Houve também quem venceu e não soube administrar o "sucesso". E houve, claro, quem foi muito prejudicado por lesões. Os motivos não são poucos, e variam de caso a caso.

Não que seja um grupo de fracassados. Longe disso. A transição é um processo naturalmente difícil e fica ainda mais complicado quando, por exemplo, a família do garoto não cria um ambiente saudável; quando a cobrança é muito grande, e a cabeça do jovem não foi preparada; quando, no outro polo, não há cobrança nenhuma; quando patrocinadores amadores fazem chover dinheiro nos cofres de um menino mal orientado sobre o que fazer com tanta grana; ou até quando a entourage do menino é composta de puxa-sacos que querem se beneficiar do sucesso alheio e são incapazes de apontar erros e aconselharem devidamente a pessoa (por má-fé ou falta de capacidade mesmo).

O que dizer e esperar de João Fonseca, Pedro Rodrigues e Gustavo Almeida? Do trio, Fonseca é o óbvio nome a ser observado mais de perto. Aos 16, já tem no currículo uma terceira rodada de Roland Garros e uma segunda de Wimbledon, além da Davis, é claro. Há potencial para ser trabalhado. Vale acompanhar e, sobretudo, torcer para que João, assim como Pedro e Gustavo, possam treinar com a devida estrutura de apoio (familiar, física, técnica, psicológica, etc.) e, assim, desenvolver seu tênis. E se um deles chegar ao top 200, 100, 50, etc., demos os parabéns. Superar a fase que eles vão encarar agora não é nada, nada, nada simples no Brasil.

Coisas que eu acho:

- A ideia aqui não é menosprezar a conquista do trio brasileiro. Pelo contrário. Ganharam, é um título grande para a faixa etária, e devem mesmo comemorar. A questão que o post propõe, porém, é sobre o potencial de sucesso dos jogadores no tênis profissional, e ainda há muito chão pela frente. Como sempre escrevo, convém observar com carinho, mas moderando expectativas. Passam poucos pelo funil.

- Som de hoje no meu Kuba Disco: "16 Years" da banda The Griswolds. Não é novinha, mas matei a saudade ouvindo a playlist Ultimate FIFA Soundtrack, uma parceria da EA Sports com o Spotify pra marcar o lançamento do DLC da Copa do Mundo, disponível a partir de hoje para quem tem FIFA 23. É uma coletânea das músicas mais marcantes de toda a franquia FIFA, e "16 Years" brilhou no FIFA 15, um dos FIFAs que mais joguei.

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