Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Brasil alcança elite da BJK Cup e mostra força para brigar por algo grande
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Com a bela vitória por 3 a 1 sobre a Argentina, em Tucumán, neste fim de semana, o time brasileiro da Billie Jean King Cup sobe para a elite do tênis feminino. A partir do ano que vem, a equipe da capitã Roberta Burzagli começará a competição na fase de Qualifiers, que classifica nove países para a final da competição, valendo o título, no fim do ano.
Mais do que derrotar a Argentina - o Brasil era mesmo favorito - o time de Bia Haddad Maia, Laura Pigossi, Luisa Stefani, Carol Meligeni e Ingrid Martins mostrou a força de quem pode brigar por coisas maiores. Isso ficou nítido, sobretudo, na competência de Bia para confirmar seu status e vencer duas partidas com folga, o que é mais complicado do que parece em competições como a Billie Jean King Cup, quando se compete pelo país, com torcida contra e muito mais em jogo do que uma rodada e alguns pontos no ranking.
Primeiro, na sexta-feira, Bia abriu o confronto fazendo 6/1 e 6/3 na experiente Nadia Podoroska, que já foi semifinalista de Roland Garros e esteve entre as 40 melhores do mundo até pouco mais de um ano atrás. Depois, neste sábado, com a série empatada em 1 a 1, a paulista fez 6/3 e 6/3 sobre María Lourdes Carlé, colocando o Brasil em vantagem mais uma vez. Foram atuações sólidas, impondo seu status e seu estilo de jogo, o que, repito, é menos simples do que parece na BJK Cup. Além disso, é preciso lembrar que Bia perdeu seu tio, Rolando Boldrin, poucos dias antes do confronto.
Laura, por sua vez, não foi brilhante na sexta-feira. Não conseguiu empurrar a argentina Paula Ormaechea para trás e quase sempre esteve na defensiva. A tenista da casa acabou vencendo por 6/2 e 7/5. Atual número 114 do ranking, Pigossi é uma número 2 consistente, raçuda e capaz de minar a paciência (talvez "irritar", no bom sentido, seja um adjetivo mais preciso aqui) de qualquer adversária em um dia irregular. Foi mais ou menos isso que aconteceu no sábado, no quarto jogo, quando Solana Sierra insistiu em tentar jogar perto da linha de base e colecionou erros enquanto Laura empilhava games. A argentina cometeu 47 falhas não forçadas em 14 games (mais de três por game, um número altíssimo), e Laura fez 6/2 e 6/0, confirmando a vitória brasileira por 3 a 1.
Coisas que eu acho:
- Chegar à elite na Davis ou na BJK pode ser fruto de um punhado de sorte. Um sorteio favorável ou um rival desfalcado não são eventos tão raros assim. Pois este time feminino brasileiro seria favorito contra a maioria dos possíveis adversários deste playoff. E possivelmente terá chances reais de avançar à fase final da BJK Cup em 2023.
- Mais do que a vitória e a ascensão à divisão principal, onde é possível começar o ano pensando em título, trata-se de um resultado que anima porque veio sem drama, com a número 1 do país confirmando a diferença de nível entre ela e suas oponentes (e repito-repito: não é tão simples assim fazê-lo na BJK Cup) e a número 2 somando um pontinho mais do que valioso. Dá uma noção da força do time.
- Parece ousado afirmar, mas é para isto que estamos aqui, não? Acredito que este time da Billie Jean King Cup, sobretudo com Bia, Laura e Luisa, tem mais chance de brigar por coisas grandes do que qualquer equipe brasileira da Copa Davis nos últimos 20 anos. Por quê? A começar porque Bia é uma top 15 com títulos de WTA no currículo e um histórico de triunfos sobre tenistas fortíssimas (Iga, Halep, Pliskova, Muguruza, Bencic, Sloane e Sakkari) em pisos diferentes; Laura é uma número 2 consistente e que pode tirar proveito para "furtar" um ponto contra uma favorita um qualquer dia ruim da rival; e Luisa é, na prática, uma top 10 de duplas. Trata-se de uma combinação que, no fim de semana certo, pode vencer em casa ou fora contra qualquer time.
- Parágrafo incluído às 10h20min, após o sorteio dos Qualifiers: o Brasil vai enfrentar a Alemanha fora de casa nos dias 14 e 15 de abril do ano que vem. Não é o pior dos cenários. Potencialmente, a Alemanha tem uma equipe forte e conta com veteranas como Angelique Kerber, Andrea Petkovic, Tatjana Maria e Laura Siegemund. No entanto, não parece provável que esse seja o time escalado em abril. Neste fim de semana, nos playoffs, a equipe germânica era formada por Jule Niemeier (#61 do mundo), Eva Lys (#123), Anna-Lena Friedsam (#111 de duplas) e Siegemund (27 de duplas, #169 nas simples). Não é um time imbatível.
- Som de hoje no meu Kuba Disco: "Live in the Moment", de uma banda do Alaska chamada "Portugal. The Man". A música está na trilha do FIFA 18 (e sim, eu continuo ouvindo a playlist do último texto).
.
Quer saber mais? Conheça o programa de financiamento coletivo do Saque e Voleio e torne-se um apoiador. Com pelo menos R$ 15 mensais, apoiadores têm acesso a conteúdo exclusivo, como podcast semanal, lives restritas a apoiadores, áudios exclusivos e de entrevistas coletivas pelo mundo, além de ingresso em grupo de bate-papo no Telegram, participação no Circuito dos Palpitões e promoções.
Acompanhe o Saque e Voleio no Twitter, no Facebook e no Instagram.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.