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Uma bela e justa homenagem ao grande legado de Bruno Soares

Bruno Soares em sua despedida do tênis em Belo Horizonte - DGW/Washington Alves
Bruno Soares em sua despedida do tênis em Belo Horizonte Imagem: DGW/Washington Alves

Colunista do UOL

27/11/2022 12h09

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É difícil quantificar este tipo de coisa, mas arrisco-me a dizer que nenhum homem fez pelo tênis brasileiro tanto quanto Bruno Soares desde que Gustavo Kuerten encerrou a carreira. Os resultados têm um peso considerável nessa equação, e os seis slams conquistados (três em duplas masculinas e outros três em mistas) falam alto, junto com algumas vitórias importantes na Copa Davis.

O legado do mineiro de 40 anos, porém, vai além. Forçado por uma lesão e impulsionado por uma semi de slam nas duplas, Bruno largou a carreira de simples relativamente jovem, ainda em 2008, aos 26. Quase por acaso, serviu de pioneiro e mostrou o caminho (quase junto com Marcelo Melo) para compatriotas que vieram depois, como Marcelo Demoliner e Rafael Matos.

Mais do que tudo isso, Bruno deixa uma história de generosidade e disponibilidade, qualidades não tão comuns no tênis brasileiro. Em todos os momentos do esporte - na vitória e na derrota. Bruno sempre se colocou à disposição de quem fosse para ajudar, fosse com uma análise honesta de um revés (quando a maioria se omite) ou respondendo, fosse gravando um vídeo para ajudar a divulgar um evento numa cidadela de interior ou atendendo jornalistas no WhatsApp para explicar regras ou questões de bastidores do tênis (e o autor deste texto foi muito auxiliado em ocasiões assim).

Não por acaso, Bruno atraiu tantos patrocinadores a parceiros, tornando-se, ao longo do tempo, o rosto mais reconhecível entre os tenistas brasileiros em atividade. Por tudo isso, o mineiro merecia uma homenagem à altura não só de seus feitos dentro de quadra, mas pela herança e pelo exemplo que deu quando não estava com uma raquete nas mãos.

Diante de tudo isso, não seria fácil fazer uma despedida à altura do que Bruno fez pelo tênis brasileiro. No entanto, o evento estrelado por Rafael Nadal e Casper Ruud em Belo Horizonte, organizado pela Mundo Tênis, fez isso brilhantemente. Mesmo sem conseguir lotar o Mineirinho (comentarei o preço dos ingressos y otras cositas más no post seguinte), o promotor criou ocasiões belíssimas para que Bruno fizesse sua última partida em grande estilo.

Primeiro, no almoço de gala para cerca de 500 pessoas que desembolsaram mais de R$ 8 mil para estarem perto de Nadal. Lá, antes que Rafa aparecesse, um vídeo com depoimentos de muitos amigos e tenistas levou o mineiro as lágrimas. O salão inteiro se levantou para aplaudir o mineiro em uma rara amostra de reconhecimento dos feitos de um tenista do país.

À noite, no Mineirinho, mais emoção. O jogo teve momentos divertidos, a presença de Bob Bryan deu um brilho extra à partida e o fim, com Bruno trocando de dupla e optando por encerrar a carreira ao lado de Marcelo Melo - que esteve a seu lado em muitos momentos importantes, foi especial. O discurso do mineiro, agradecendo a muitas pessoas, também levou muita gente às lágrimas. O público aplaudiu de pé. Uma justa homenagem. Um justo reconhecimento.

Coisas que eu acho que acho relevantes:

- Em sua vez com o microfone, Melo, além de dar os parabéns e tudo mais ao ex-parceiro, disse que ainda pretende seguir no circuito por alguns anos.

- Bruno dedicou belíssimas palavras a Bruna, sua ex-esposa (de quem se separou em 2020), que não estava no Mineirinho. Ficou de fora da lista de agradecimentos o ex-empresário Márcio Torres. A separação não parece ter sido das mais amigáveis. Torres, aliás, também rompeu com Bia Haddad Maia recentemente.

- Aproveitei um curto espaço de tempo entre o jogo de duplas e Nadal x Ruud para agradecer pessoalmente a Bruno. Ele sabe o quanto foi importante para mim e tantos outros jornalistas desde sempre.

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