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10 coisas que eu acho que acho sobre a Maria Esther Bueno Cup
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O evento mais relevante do tênis brasileiro na última semana foi a Maria Esther Bueno Cup, disputada no Rio de Janeiro e que colocou em jogo dois wild cards para o Rio Open. O campeão foi o paulista Mateus Alves, que conquistou uma vaga na chave principal do ATP 500 carioca, e o vice ficou com o gaúcho Eduardo Ribeiro, que faturou um wild card para o quali.
Com certo atraso (devido a um pequeno probleminha de saúde e outros afazeres mais urgentes), faço aqui alguns registros importantes sobre o que vi enquanto estive no Rio (e, depois, por streaming) e o significado disso.
1 - Não foi uma semana perfeita de Mateus Alves. Longe disso. Começou o torneio com derrota, precisou salvar match point na semi e, na final, perdeu o primeiro set após sacar para fechar a parcial. Valeu a força mental que ele mostrou ao longo do torneio e, também, a forma física porque os jogos de sábado e domingo começaram ao meio-dia. Em dezembro. No Rio.
2 - A temporada de Eduardo Ribeiro foi uma grata surpresa. Não é todo ano que alguém sobe 500 posições no ranking (mesmo saindo além do 900º posto) e termina conquistando um wild card para um quali de ATP 500. E mais: fez isso derrotando conterrâneos de mais peso e currículo, como Thiago Wild, João Lucas Reis e Gustavo Heide.
3 - João Fonseca precisa ser visto como a grande promessa do tênis brasileiro. Depois de carregar o Brasil no título da Copa Davis juvenil, o garoto de 16 anos encarou um punhado de tenistas mais velhos e mais experientes no Rio e, por um ponto (o match point perdido na semi), não ganhou um wild card para o ATP 500.
4 - Não é só uma questão de analisar resultados. É o jogo de Fonseca que empolga. Golpes potentes e boa cabeça são uma excelente base para o que será desenvolvido nos próximos anos. Em seu primeiro jogo na MEB Cup, saiu de 5/9 abaixo no match tie-break contra João Lucas Reis. Salvou sete match points e saiu com a vitória.
5 - A lesão de Heide foi uma grande pena. Chegou invicto na semi, sem perder sets, e era favorito contra Alves para alcançar a final.
6 - Thiago Wild mostrou-se uma sombra do tenista que já foi. Contra adversários mais consistentes, ficaram mais evidentes ainda suas dificuldades atuais. Seu tênis, embora com golpes bem trabalhados, não mostra propósito. Seu processo de construção de pontos quase inexiste. É como se Thiago trocasse bolas no ponto até o momento em que se entedia e decide buscar um winner, não importa de onde nem para onde. Isso explica muito sobre seu momento no circuito. Falamos, afinal, de um garoto que foi campeão de ATP há menos de três anos e, sem nenhuma grande lesão, despencou para o atual 386º lugar no ranking.
7 - O podcast oficial do Rio Open já está em sua terceira temporada, e a apresentação ficou mais uma vez por conta do autor deste blog. Além do orgulho de poder produzir algo para um ATP 500, fico feliz com a liberdade editorial que me é dada desde 2019, quando esse projeto começou. Ouça abaixo o segundo episódio do podcast, que traz entrevistas com Mateus Alves e Eduardo Ribeiro. No anterior, entrevistei Thomaz Costa, diretor da Maria Esther Bueno Cup e vice-diretor do Rio Open. Foi um bom papo.
8 - Acho importante destacar esse aspecto porque alguns anos atrás fui grande crítico dessa mesma Maria Esther Bueno Cup, cuja primeira edição não foi aberta ao público. Desde então, os clubes que receberam a MEB Cup permitiram a entrada de não-sócios. Um belo passo à frente como outros que o Rio Open deu ao longo dos anos.
9 - Por que não fazer a Maria Esther Bueno Cup no Jockey Club Brasileiro, sede do Rio Open? Porque o Jockey já está em obras preparatórias para o ATP 500 de fevereiro. A montagem da estrutura leva cerca de 90 dias, segundo me disse um tempo atrás o diretor, Lui Carvalho.
10 - Houve duas importantes ausências dentro da faixa etária da MEB Cup: Felipe Meligeni, atual número 2 do Brasil e 167 do mundo, e Matheus Pucinelli, número 3 do país e #211 na ATP. Segundo o torneio, ambos não foram ao Rio por causa de sua preparação para a United Cup, que começa antes da virada do ano (e será em quadras duras).
Mais coisas que eu acho que eu acho:
- O Rio Open vai anunciar mais nomes bem interessantes em breve. Levando em conta que o torneio tem Carlos Alcaraz e Casper Ruud já comprometidos, podemos apostar em uma chave das melhores possíveis.
- Não tenho nenhuma informação de bastidores sobre isso (nem do tenista nem do torneio), mas acho que, se Thomaz Bellucci decidir encerrar a carreira em 2022, ele deveria fazê-lo no Rio Open. É o maior palco do esporte no país. É o maior tenista homem do país desde o pós-Guga.
- Sim, eu acho que Bellucci mereceria um último wild card na chave principal do Rio Open se a ocasião for a despedida. Entendo que nem todos concordem com isso (e pode ser que o torneio mesmo discorde), mas acho que vale, no mínimo, por serviços prestados. E não é como se o Brasil tivesse muitos tenistas capazes de vencer um jogo na chave principal de um ATP 500, né? Enfim... escreverei mais sobre isso no futuro quando (e se) a situação acontecer de verdade.
- Som de hoje no meu Kuba Disco: City Lights, da banda The Sherlocks.
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