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Break Point: série da Netflix decepciona fãs de tênis, mas alvo é outro

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

17/01/2023 11h22

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A tão aguardada versão tenística de Drive to Survive ("F1: Dirigir para Viver" em português) estreou no último fim de semana, na Netflix, e o resultado não foi exatamente o que os fãs da modalidade esperavam. E tudo bem: é um produto que não tem esse nicho como alvo, embora muitos ainda não tenham entendido isso. É o que vou tentar explicar aqui.

Drive to Survive (DTS) é considerado um sucesso. Um "case". A série anual, que mostra bastidores da Fórmula 1, repassando momentos dramáticos e emocionantes da temporada anterior é tida como um dos principais motivos para o aumento da base de fãs da categoria. Um dos grandes objetivos da Liberty Media quando assumiu o comando da F1 era "atacar" o mercado americano, e foi exatamente isso que DTS alcançou - ou ajudou a alcançar.

Pois os produtores da série automobilística toparam o desafio de fazer o mesmo no tênis, uma modalidade em que muitos dirigentes acreditam que é preciso buscar fãs mais jovens e que, sobretudo, tem uma dificuldade histórica em se vender. Há décadas, os dois circuitos (ATP e WTA) tentam diferentes campanhas publicitárias em direções diferentes, e é justo afirmar que nenhuma delas fez diferença significativa no grande cenário das coisas. Não fosse um esporte que gera, naturalmente, histórias e personagens incríveis, o tênis estaria em sérios apuros.

Chegamos, então, a Break Point (BP), a série tenística da Netflix, entregue em uma primeira parte com apenas cinco episódios, suponho, para chegar ao público alguns dias antes do início do Australian Open. E o que vimos, nós, fãs de tênis, foram cinco filmetes que não trazem nem grandes histórias de bastidores nem novidades. Os personagens retratados não são exatamente os mais sexys do tênis (ok, Berrettini é lindão, mas não é disso que estamos falando), e a edição não ajuda a dinamizar as coisas.

O que BP faz, no entanto, é apresentar esses personagens. No primeiro episódio, a série mostra por que Nick Kyrgios é uma figura tão incomum e popular no esporte. No segundo, introduz o casal Berrettini-Tomljanovic, com a expectativa do italiano por ganhar algo grande e as frustrações da australiana com o lado mental de seu jogo. Maria Sakkari, Taylor Fritz, Ons Jabeur, Paula Badosa, Félix Auger-Aliassime e Casper Ruud são os nomes centrais dos outros episódios.

Não era o que fã de tênis esperava ou queria. Não é um resumo da temporada contado de ângulos diferentes ou entrevistas especiais. Diferentemente do que acontece na Fórmula 1, tenistas dão várias entrevistas em cada torneio, em cada semana. Não sobram histórias inéditas ou hot takes. Não para quem acompanha o circuito, segue os tenistas nas redes sociais e lê os principais blogs, colunistas e sites de notícias especializados.

Um hot take? Break Point não é para você, fã de tênis. BP é, assim como Drive to Survive, uma tentativa de trazer novos fãs para o esporte. É uma série que tem como meta apresentar o tênis a pessoas diferentes e mostrar o que a modalidade tem de mais emocionante. O aspecto mental, o drama ponto-a-ponto, a exigência física, a dificuldade técnica e tudo mais que nós, fãs de tênis, vemos no nosso dia a dia desde sempre. Não, Break Point não é para nós. E tudo bem.

Coisas que eu acho que acho:

- Também aconteceu com Drive to Survive: os fãs mais hardcore não gostaram e reclamam até hoje do tom exagerado com que a série mostra algumas das "polêmicas" da Fórmula 1.

- Sabe aquela bandinha que só você e seus oito amigos conhecem e que, de repente, começa a fazer sucesso e tira sua "exclusividade"? Os mais antigos se referem aos fãs mais novos de F1 como "Geração Drive to Survive". Há uma pitadinha de ciúme, mas não é assim com todas as paixões da vida?

- Se Break Point vai alcançar o mesmo que DTS, só o tempo vai dizer. Se, daqui a alguns anos, você se flagrar chamando algum fã de "Geração Break Point", é porque funcionou. E se não der certo, tudo bem. Felizmente, o tênis tem a capacidade inigualável de gerar histórias e construir ídolos por conta própria.

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