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Alcaraz quer ser como o Big 3, mas não soa arrogante ao citar meta

USA TODAY Sports via Reuters
Imagem: USA TODAY Sports via Reuters

Colunista do UOL

29/03/2023 13h05

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Ela já conquistou um slam, tornou-se número 1 do mundo e venceu três torneios da série Masters 1000. Tudo isso aos 19 anos, algo um tanto precoce para um integrante de uma geração que cresceu vendo e, depois, perdendo para nomes como Rafael Nadal, Roger Federer e Novak Djokovic.

Carlos Alcaraz, porém, quer mais. Muito mais. Na conversa com a imprensa após sua vitória de ontem no Masters de Miami, o espanhol foi bastante incisivo ao revelar suas metas, que não são nada modestas.

"No US Open, alcancei meu objetivo de ser um campeão de slam e número 1, mas sou um garoto ambicioso e me coloco metas constantemente. Agora, meu grande objetivo é ser um dos melhores da história. Pode soar como loucura, mas quero me assemelhar ao Big 3, e é isso que me motiva a dar o meu melhor."

Ao colocar Rafa, Roger e Nole como objetivos, Alcaraz fala de três dos maiores (talvez "os" maiores) nomes da história do tênis masculino. Nadal e Djokovic dividem o recorde de títulos de slam em simples, com 22 cada. Federer venceu "apenas" 20, mas encantou mais e conquistou mais fãs do que seus rivais. O que dizer, então, das pretensões de Alcaraz? No mínimo, ousadas, mas isso não é exatamente um problema em seu caso.

Viesse de outro tenista, a frase acima talvez soasse arrogante. Ou, quem sabe, na melhor das hipóteses, um sonho distante. Alcaraz, contudo, não soa prepotente. Longe disso. Fala com naturalidade de seus objetivos, do que quer alcançar e - sempre - do trabalho que precisa fazer para alcançá-los. É diferente de chegar em uma coletiva dizendo que já merecia estar em uma posição melhor no ranking ou que está jogando no mesmo nível de alguém que tem um currículo um tanto superior.

E mais: Alcaraz tem só um troféu de slam em casa, mas seu tênis encanta (ou assusta?) com tanta frequência que não é impossível imaginá-lo enfileirando títulos em breve - sobretudo quando Djokovic e Nadal se aposentarem. Entre os de sua geração e também da anterior, Carlitos é quem mostra o pacote mais completo por enquanto. E se nenhuma lesão séria aparecer, ele é hoje "o" candidato a finalmente tirar Djokovic e Nadal do status de eterno favoritismo em todos os slams. Será?

Coisas que eu acho que acho:

- Quando ganhou o Rio Open do ano passado, Alcaraz já dizia que queria ganhar slams, ser número 1 e conquistar medalhas olímpicas. E completou essa fase dizendo, com um sorriso, "sou um menino que pensa grande". Talvez seja preciso ouvi-lo para entender que há zero arrogância em sua frase. Ouça, então, no link abaixo, o episódio do podcast Rio Open que contém essa declaração (na marca de 8'50").

- Uma parte interessante e não tão óbvia da declaração de ontem é que Alcaraz, ao estabelecer o Big 3 como meta, o adolescente automaticamente se coloca abaixo do patamar de Rafa, Roger e Nole. Sim, algo diferente disso seria insanidade, mas já ouvimos frases mais arrogantes e/ou sem noção no circuito masculino.

- Além de todos atributos já escritos e repetidos nesta página, Alcaraz começa a mostrar um bom potencial no mundo do marketing. Após a vitória sobre Tommy Paul, escreveu na câmera da transmissão uma mensagem sobre a possível 33ª vitória de seu compatriota Fernando Alonso na Fórmula 1. A imagem foi logo repostada pela ATP, pelo torneio da Flórida, pelo GP de Miami de F-1 e, claro, por Alonso. Aparentemente, tudo coordenado. Deu resultado.

- Som de hoje no meu Kuba Disco: "Tchibum da Cabeça ao Bumbum" (Palavra Cantada) porque tá impossível tirar o refrão da cabeça.

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