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Alcaraz x Sinner já é o Fedal de sua geração

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

01/04/2023 01h30

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Caro ChatGPT, crie dois tenistas jovens com talento e condicionamento suficientes para reproduzir o nível técnico e atlético do Big 3, porém com personalidades diferentes e que, quando se encontram em quadra, sejam capazes de: 1) protagonizar ralis com ambos performando em seu máximo ao mesmo tempo, indo aos limites físico, técnico e mental; 2) cativar milhões de fãs; e 3) representar a maior rivalidade em potencial do tênis na próxima década.

Não, a famosa ferramenta de inteligência artificial (ainda?) não é capaz de roteirizar a já apaixonante rivalidade entre Carlos Alcaraz, atual número 1 do mundo com 19 anos, e o italiano Jannik Sinner, de 21, 11º do ranking e vencedor do incrível duelo desta sexta-feira, válido pelas semifinais do Masters 1000 de Miami, por 6/7(4), 6/4 e 6/2. Carlitos e Jannik, com seis duelos de altíssimo nível no H2H - inclusive o espetacular encontro no US Open do ano passado - já são, proporcionalmente falando, o Fedal da nova geração.

A questão não é comparar nível técnico, currículos nem mesmo o potencial para vencer slams. Se a história do tênis vem ensinando algo, é que o Big 3 é incomparável em muitos sentidos, daí o "proporcionalmente falando" do parágrafo anterior. Porém, nenhum outro matchup de jovens tenistas produz duelos tão equilibrados, nervosos e com o nível estratosférico de tênis que Jannlitos (ou Alcasinner, que parece nome de remédio contra azia?) entrega. Não é difícil imaginar que Alcaraz e Sinner dividam fãs e sejam, para sua geração, o confronto que mais atrairá espectadores, assim como foi com Federer e Nadal - com "proporcionalmente falando" em negrito e itálico, por favor.

Obviamente, trata-se de uma geração que ainda nem tomou para si as rédeas do circuito masculino. O veterano Novak Djokovic, de 35 anos, ainda é o homem a ser batido (quando compete em países que permitem a entrada de não-vacinados contra covid), e que ninguém duvide que Rafael Nadal, aos 36, é capaz de voltar e produzir sua habitual magia, sobretudo no saibro de Roland Garros. Contudo, entre os seus e especialmente entre eles dois, Alcaraz e Sinner entregam um pacote glorioso. Vide o ponto abaixo. E este. E mais este. E este também. E o que dizer deste? Insanidade pura!

Impossível prever o que vai acontecer com essa rivalidade ao longo do tempo. O histórico de confrontos diretos, atualmente empatado em 3-3, não costuma ser grande indício. Fedal começou com 6-1 para Rafa, e a rivalidade terminou com o suíço vencendo muito mais na reta final de sua carreira. Rafole teve 5-1 a favor de Nadal, e hoje Djokovic tem uma vitória a mais (30-29). De Jannlitos (sintam-se à vontade para substituir mentalmente pelo apelido de sua preferência), por enquanto, "apenas" a expectativa por mais e mais duelos de tirar o fôlego como o da noite desta sexta-feira, na Flórida.

Vida longa à mais nova apaixonante rivalidade do tênis masculino.

Coisas que eu acho que acho:

- Quando há equilíbrio entre dois atletas brigando por coisas grandes, cada episódio da rivalidade tem uma importância maior do que aquele jogo individual. Nesta sexta, Sinner anotou duas vitórias importantes: impediu que Alcaraz lhe derrotasse três vezes seguidas, voltando a plantar dúvidas na cabeça do espanhol; e chegou melhor fisicamente à reta final do encontro, provando para si mesmo que seu jogo ofensivo, apesar de correr mais riscos do que o adversário, é capaz de levar Carlitos a problemas físicos. Cabe a Alcaraz, agora, buscar respostas para dar o troco no próximo duelo.

- "Vou torcer por você", disse Alcaraz após a derrota, motivando Sinner, que avança para a final contra Daniil Medvedev. Classe e respeito. Boa, Carlitos.

- Alcaraz, campeão em Indian Wells há cerca de suas semanas, ainda não tinha perdido nenhum set no Sunshine Double, como é chamada a dobradinha IW-Miami. Sinner quebrou a sequência e, sobretudo, mostrou novamente que Carlitos tem um rival à altura dentro de sua geração e não apenas nos remanescentes do Big 4/Big 3.

- O tweet acima é apenas para registrar que concordo com o Renato. O tênis esteve nesse nível nesta sexta-feira.

- Com a derrota de Alcaraz, Djokovic voltará ao posto de número 1 do mundo na próxima segunda-feira. Lugar que ele dificilmente teria perdido se Wimbledon/2022 tivesse contado pontos para o ranking e se Nole não tivesse deixado de competir nos torneios de quadra dura da América do Norte (Canadá e EUA não permitiam a entrada de estrangeiros não-vacinados contra covid).

- Som de hoje no meu Kuba Disco: "Incancellabile", de Laura Pausini, favorita do grande Fernando Nardini. Aliás, que pecado a ESPN não ter seu primeiro time de transmissão em um jogo tão grande e tão memorável.


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