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Lorenzo Musetti: de olho no top 10 com ascensão à la Guga
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Aos 21 anos, dono de um tênis versátil e uma vistosa esquerda executada com apenas uma das mãos, o italiano Lorenzo Musetti é um dos nomes mais promissores do tênis mundial. Em 2021, aos 19 anos, colocou Novak Djokovic contra as cordas em Roland Garros, abrindo 2 sets a 0 nas oitavas de final. O sérvio venceu aquele duelo, mas Musetti entrou de vez no radar de tenistas, ex-tenistas e especialistas de todo tipo. E, nesta quinta-feira, derrubou o mesmo Djokovic nas oitavas de final do Masters de Monte Carlo.
Atual número 21 do mundo, Lorenzo é tido por vários nomes importantes da modalidade como futuro top 10. Para alguns, até um pouco mais. É o caso do brasileiro Gustavo Kuerten. O tricampeão de Roland Garros já declarou que o Big Three formado por Djokovic, Federer e Nadal será substituído por Carlos Alcaraz, atual número 2 do mundo e campeão do US Open; Jannik Sinner, oitavo do ranking, e Lorenzo Musetti.
Coincidência ou não, a ascensão de Musetti tem alguns elementos em comum com a história do catarinense. Além do belo backhand de uma mão e da capacidade para vencer no saibro, piso preferido de Guga, o jovem italiano vem crescendo no esporte com um técnico de longa data, algo incomum no tênis de hoje, em que jovens astros atingem um certo patamar e trocam de treinadores, buscando um orientador com mais experiência em torneios e jogadores grandes.
Durante o Rio Open, tive dez minutinhos para uma pequena exclusiva com o garotão. Falamos sobre essas coincidências e um pouco mais, como suas metas e ídolos no tênis, o incrível título no ATP 500 de Hamburgo, a famosa partida contra Djokovic em Paris e, claro, o que ele acha da opinião de Guga e o que acredita que precisa fazer para confirmar, digamos, as expectativas.
Vou começar com uma pergunta simples: Rafa, Roger ou Novak?
Roger. Fácil. Porque jogando com a esquerda de uma mão, sempre foi o meu ídolo.
Você é treinado por Simone Tartarini desde o começo de sua carreira, certo? É bastante incomum no tênis de hoje. Geralmente, quando um tenista sobe no ranking ou ganha algo grande, opta por trabalhar com um técnico mais experiente, que já esteve com tenistas top. Não é o seu caso. O que há de especial na sua relação com Tartarini?
Acho que nossa relação é algo de único, de especial, algo que vai além dos ensinamentos e da relação entre técnico e pupilo. Eu sempre o vi como um segundo pai, então há uma confiança. Às vezes, pode ser até algo negativo, mas digamos que não trocarei Simone por ninguém. É uma relação que vai além do tênis. Seguramente, Simone faz parte da minha família.
Não sei o quanto você conhece sobre tênis brasileiro, mas Gustavo Kuerten, que foi tricampeão de Roland Garros, ganhou esses títulos com o mesmo técnico de sua adolescência, o Larri Passos.
Sim, sei.
E o Guga disse alguns meses atrás que o futuro do tênis, em vez de Rafa, Roger e Novak, será com Alcaraz, Sinner e você. Como é escutar isso?
Fico muito contente porque... Guga não foi da minha época tenística porque cresci vendo Federer, Rafa e Nole, mas sempre soube de Guga, Sampras, Agassi e outros. Mas Guga especialmente por causa da esquerda de uma mão, do talento. Fico muito feliz de ouvir essas palavras porque espero que seja assim. Espero que o futuro seja dividido entre mim, Carlos e Jannik. Seria lindo.
Para muitos fãs, você "surgiu" no tênis quando fez aquela partida contra Djokovic em Roland-Garros. Que sensação ficou de mais forte para você daquele jogo?
Foi uma partida inesquecível e acho que jogar contra Nole com 19 anos, na quadra central de Roland Garros, não foi fácil, mas fiz uma das melhores partidas da minha vida, especialmente nos dois primeiros sets, e ele voltou à quadra e foi um animal porque também na final contra Tsitsipas fez o mesmo, voltando de 2 sets abaixo. Foi uma lição sem preço contra o número 1 do mundo e me agregou muito para os torneios seguintes, sobretudo como mentalidade, que toda partida pode mudar, como aconteceu em outras ocasiões.
Depois daquele torneio, você teve cinco derrotas seguidas. O que aconteceu ali? Algo ainda relacionado à derrota para Djokovic?
Não. Digamos que era mais uma coisa minha pessoal, que não conseguia encontrar motivação para me divertir na quadra. Eu senti o peso da vida de tenista. Mas consegui voltar a trabalhar e sair dessa situação, fazendo um bom fim de ano e depois voltando ao caminho, sendo humilde e com mais vontade de trabalhar.
No ano passado, você deu outro salto no ranking quando venceu o ATP 500 de Hamburgo, em uma chave duríssima. Você derrotou Lajovic, Ruusuvuori, Fokina, Cerúndolo e, na final, Alcaraz. Como foi viver essa semana?
Foi uma semana surpreendente porque eu sentia que jogava bem, mas os resultados vinham com altos e baixos. Eu não conseguia ser constante. Quando eu ganhei na primeira rodada do Lajovic, salvando dois match points, tudo foi melhorando. Joguei o meu melhor tênis, e a final foi uma partida incrível, com match points salvos, meio como uma montanha russa, mas certamente foi uma final inesquecível. O primeiro título, seguramente, não se esquece.
Aquele título mudou o quê em sua visão? Aumentou sua confiança? Foi o que fez você sentir que pertence pelo menos ao top 20? (Musetti disputou o torneio como #62 e subiu para #32 com a conquista)
Provavelmente, sim. Seguramente, o meu ranking antes de Hamburgo não era talvez justo para o nível que eu tinha - ou pelo menos que eu sentia que tinha dentro de mim. Obviamente, para subir no ranking você precisa vencer, então o ranking corresponde ao que mostra cada jogador nesse momento, então quando eu ganhei Hamburgo, logo depois entrei no top 30 e consegui continuar subindo, conquistando o segundo título em Napoli. Então no fim do ano entrei no top 20.
Para terminar: o que você acha que ainda lhe separa do top 10 ou até mesmo do top 5?
Acho que... espero que seja uma questão de tempo, de materializar algumas coisas e ter a confiança e a metodologia de trabalho certa para chegar lá. Espero que caso não seja este ano, que no próximo ano eu me aproxime o máximo possível porque é um dos objetivos que coloquei para mim.
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Coisas que eu acho que acho:
- Djokovic apareceu para a coletiva obrigatória, mas não foi lá muito elegante com a imprensa. Deu respostas curtas, cortou perguntas de jornalistas e, entre outras coisas, disse que não estava a fim de papo. O mau humor é compreensível, mas Nole já foi mais simpático após derrotas. Não é lá um comportamento típico (nem elogiável) para ele.
- Independentemente da entrevista, Djokovic perde uma chance enorme em Monte Carlo. Por não ter competido no Sunshine Double (Indian Wells e Miami), chegou ao torneio monegasco sem o desgaste de um mês de jogos em quadra dura e teve tempo suficiente para treinar no saibro do clube onde o torneio é realizado. Além disso, desperdiça uma chave de saibro sem Nadal e Alcaraz, o que é uma chance e tanto para pontuar bem.
- O outro lado da moeda é que Djokovic chegou a Monte Carlo sem ritmo de competição, mas é bom lembrar que Musetti não vencia duas partidas seguidas desde janeiro, na United Cup, quando não superou nenhum top 100. Não dá para dizer que o italiano começou o torneio embalado ou cheio de confiança.
- Além de tudo, Djokovic teve 6/4 e 4/2 de frente. Bastava confirmar seu serviço mais duas vezes para confirmar uma vitória diante de um Musetti que não parecia - nem mental nem tecnicamente - perto de iniciar uma virada.
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