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Carlos Alcaraz, os dois lados da Força e uma bela mensagem no fim

Carlos Alcaraz na segunda rodada do Masters 1000 de Madri 2023 - Reuters
Carlos Alcaraz na segunda rodada do Masters 1000 de Madri 2023 Imagem: Reuters

Colunista do UOL

29/04/2023 04h00

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A estreia de Carlos Alcaraz no Masters 1000 de Madri deste ano não foi das mais fáceis. Diante do ótimo finlandês Emil Ruusuvuori, o espanhol viu-se numa jornada pouco inspirada. Viu também o rival abrir 6/2 e 3/2. Emil teve até alguns break points para fazer 4/2 na segunda parcial, o que lhe deixaria perigosamente perto de uma enorme vitória.

A essa altura, Alcaraz já tinha esbravejado consigo mesmo e até atirado uma raquete no chão - gesto raríssimo para o garotão mostrando um lado "malvadão" que o mundo ainda não viu com frequência desde sua ascensão à elite da modalidade (foi a primeira vez que eu vi Carlitos atirar uma raquete - não sei se foi a primeira vez que aconteceu em um torneio desse nível, com transmissão para o mundo todo).

Antes de ir mais longe, o contexto faz-se necessário. Alcaraz acaba de ser campeão do ATP 500 de Barcelona. Ano passado, foi o campeão em Madri, com uma campanha que incluiu vitórias sobre Nadal e Djokovic. Hoje, é o número 2 do mundo. O #1 da Espanha. E, sem o lesionado Rafael Nadal na chave, Carlitos também é a grande atração do torneio. Um peso e tanto para o garotão de 19 carregar. Logo, o início de jogo ruim era mais do que compreensível.

Só que Alcaraz salvou um break point com um bate-pronto mágico, virou o segundo set e saiu do fundo do poço para anotar uma vitória por 2/6, 6/4 e 6/2. Por parte de Alcaraz, uma belíssima atuação do meio do segundo set em diante. Na torcida, uma grande festa para o "herdeiro de Rafa".

O melhor, porém, ainda estava por vir. Dentro de quadra, entrevistado pelo grande Alex Corretja, Alcaraz, tão jovem e tão brilhante, aproveitou a deixa do veterano e voltou a mostrar o lado bom da Força, transmitindo uma bela mensagem, que serve para pais, mães, filhos e todos envolvidos de alguma maneira com o tênis:

"Cada partida é um mundo e todo rival é capaz de fazer uma partida duríssima. É preciso estar com muita humildade, aceitar que as coisas não estão saindo bem e tentar mudar isso com uma boa atitude, motivando-se a todo momento. É algo que tento fazer em cada partida, mas é algo super importante, é algo que tenho claro e transmito isso a todas crianças e jovens."

Coisas que eu acho que acho:

- Alcaraz também falou sobre o momento em que atirou sua raquete no chão, em um breve momento de fúria. "Não apoio esse tipo de coisa. Aconteceu e me arrependo. Falei com Juan Carlos [Ferrero, seu técnico], e sei que esse tipo de coisa não pode acontecer. O bom é que eu me corrigi e segui positivo."

- É sempre bom ter como entrevistador um ex-tenista, mas ter uma carreira de jogador não é garantia de boas atuações com um microfone na mão (e temos exemplos disso por aqui). Alex Corretja, contudo, é brilhante. Não só porque entende do esporte, mas porque sabe se expressar e, sobretudo, tem a sensibilidade para saber o que dizer e quando dizer. Nessa entrevista com Alcaraz, o veterano foi impecável, não só com a fina ironia do "acho que houve um bom nível, sim", mas com a deixa para que o garotão explicasse a importância de disciplina e humildade em partidas difíceis. Aplausos.

- Som de hoje no meu Kuba Disco: My Hero, dos Foo fighters, porque na troca de mensagens pós-entrevista, Rafael Paciaroni me enviou um link para o momento em que Shane Hawkins assumiu a bateria da banda durante o show de tributo para seu pai, Taylor, que morreu eu março do ano passado. É de fazer lágrimas rolarem. Veja aqui.

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