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RG 2023: Djokovic mira recorde, Alcaraz quer afirmação e Bia encara tabu
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O torneio de Roland Garros que começa domingo é um tanto diferente do que o fã de tênis se acostumou a ver desde 2005, sobretudo na chave masculina. O evento que teve Rafael Nadal como campeão ou favorito ao título nos últimos 18 anos desta vez não tem o espanhol, o que abre todo tipo de portas.
Para Novak Djokovic, significa a primeira grande chance para tornar-se de forma isolada o maior campeão de slams em simples da história do tênis masculino. Enquanto isso, Carlos Alcaraz, número 1 do mundo e favorito das casas de apostas, tenta mostrar que pode vencer sob todo tipo de pressão e expectativa.
Na chave feminina, Iga Swiatek tenta defender seu título e a liderança do ranking diante de duas grandes ameaças: Aryna Sabalenka e Elena Rybakina. Hoje, as três parecem um patamar (pequeno, é verdade) acima do resto da WTA e são as principais postulantes ao título.
E o Brasil? Pela primeira vez, Bia Haddad Maia é cabeça de chave em Roland Garros. A paulista, número 14 do mundo, viveu situação semelhante nos últimos três slams e venceu apenas uma partida, passando em branco em Wimbledon, no ano passado, e no Australian Open, este ano. Será que chegou a hora de finalmente ir longe em um dos quatro maiores torneios do mundo? É sobre isto que falaremos neste post.
Ao conquistar o Australian Open, Djokovic passou a somar 22 títulos de slam em simples, igualando a marca de Rafael Nadal. Roland Garros, sobretudo sem o espanhol, apresenta-se como uma bela oportunidade para Nole tomar a dianteira desta corrida e faturar o título de número 23.
O sérvio é o segundo mais cotado nas casas de apostas, o que é consequência de um pré-Roland Garros longe do ideal, atrapalhado por uma lesão no cotovelo. Djokovic sofreu derrotas precoces para seus padrões em Monte Carlo (oitavas, Musetti), Banja Luka (quartas, Lajovic) e Roma (quartas, Rune). Para sua sorte, o sorteio das chaves em Paris lhe colocou longe dos melhores saibristas, especialmente na primeira semana.
A expectativa é de que, estando em boas condições físicas, Nole chegue pelo menos às quartas sem grandes problemas. Uma semifinal contra Alcaraz seria "o" jogo da chave masculina.
Para o jovem Alcaraz, de 20 anos e atual campeão do US Open, Roland Garros será o primeiro slam enfrentado como número 1 do mundo e favorito nas cotações (Carlitos não jogou na Austrália, em janeiro). É um cenário diferente para o garotão, e uma conquista em Paris lhe dará uma certa dose de afirmação. Não que alguém duvide da capacidade ou deixe de apreciar o tênis e a personalidade encantadores de Alcaraz, mas não é tão simples assim converter todo esse potencial em realizações, ainda mais quando há um Djokovic na chave.
Para complicar um pouco mais as coisas, os deuses dos sorteios não foram tão generosos assim com Carlitos. Ele pode precisar enfrentar Tsitsipas (vice-campeão de Roland Garros em 2021) nas quartas e Djokovic na semifinal antes de uma decisão contra, quem sabe, Daniil Medvedev, Holger Rune ou Casper Ruud, que são os favoritos na outra metade da chave. Manter o a Copa dos Mosqueteiros na Espanha não será nada simples.
A chave das mulheres, sempre muito aberta devido ao maior equilíbrio no circuito feminino, desta vez tem três candidatas um pouco acima do resto. Iga Swiatek, número 1 do mundo e atual campeã em Paris; Aryna Sabalenka, vice em Stuttgart e campeã em Madri; e Elena Rybakina, campeã de Wimbledon que se colocou com forte candidata em Roland Garros ao vencer recentemente o WTA 1000 de Roma, jogado também no saibro.
Iga é, claramente, a favorita, não só porque seu currículo tem dois títulos em Roland Garros, mas porque seu tênis é o mais completo entre as três e lhe dá mais chances de triunfar naqueles dias em que nem tudo dá certo. Sabalenka, por sua vez, tem a chance de sair da capital francesa como número 1 do mundo, o que lhe dá motivação extra para finalmente ir bem no slam do saibro. Até hoje, a bielorrussa nunca passou da terceira rodada lá. Por último, Rybakina, que não estava tão cotada assim até o título de Roma, é quem pode jogar mais "livre" em Paris. Seu maior dilema hoje parece ser uma chave dura, que pode incluir duelos com Bia Haddad, Ons Jabeur e, claro, Iga Swiatek em uma semifinal.
Falando na brasileira, há um tabu a quebrar: Bia nunca passou da segunda rodada de um slam, mesmo ocupando um lugar no top 20 desde agosto do ano passado. Tênis não lhe falta. Falta, porém, fazer seu jogo funcionar nesses torneios maiores. Com seu potencial, a experiência adquirida com duras derrotas em Wimbledon/2022 e no Australian Open/2023, e o belo trabalho de seu técnico, Rafael Paciaroni, não há por que duvidar de que chegou a hora de Bia ir mais longe e alcançar a segunda semana de um slam.
E não esqueçamos: nos últimos dois duelos com Rybakina, a paulista levou a melhor em ambos. Vitória em Abu Dhabi, no começo do ano, e desistência da cazaque em Stuttgart, onde a brasileira vencia por 6/1 e 3/1. Se esse encontro se repetir em Roland Garros, pode ser a porta que Bia precisa arrombar para brigar por um título de slam. Será?
Coisas que eu acho que acho:
- A programação de domingo começa quente. Logo no primeiro jogo da Philippe Chatrier, a quadra central de Roland Garros, Aryna Sabalenka enfrenta Marta Kostyuk. Além de ser um bom jogo em condições normais, há que se levar em conta a questão geopolítica no encontro de uma bielorrussa com uma ucraniana. Ao fim de seus jogos, Kostyuk não vem cumprimentando adversárias russas e bielorrussas. Sabalenka já disse que não espera um handshake no domingo: "Se ela me odeia, tudo bem. Não posso fazer nada. Eu meio que entendo por que elas (ucranianas) não estão cumprimentando. Ao mesmo tempo, acho que esportes não deviam se misturar com política, somos apenas atletas."
- Dentro de quadra, há que se elogiar o desempenho de Thiago Wild em Paris. Nas três vitórias do qualifying, mostrou-se menos impaciente, entrou em ralis e deu menos pontos de graça. Fez por merecer a segunda chave principal de slam da carreira. O "presente" por isso é um duelo com Daniil Medvedev logo na estreia. Será interessante acompanhar.
- Felipe Meligeni ficou perto de furar o quali, mas deixou escapar o jogo contra Timofey Skatov. O campineiro vencia por 6/2, 4/2 e tinha 15/40 para quebrar o rival e abrir 5/2 na parcial. Derrota dura, daquelas difíceis de esquecer.
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