Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Em quadra, Thiago Wild mostrou o que todos esperavam há alguns anos
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O potencial sempre esteve lá. Não era por acaso que Thiago Wild passou tanto tempo tão badalado no meio do tênis brasileiro. Desde os tempos de juvenil. Com 18 anos, foi campeão do US Open nessa faixa etária e já tinha título profissional no currículo. Aos 19, ainda fora do top 200, fez duas grandes apresentações no Rio Open. Na semana seguinte, foi campeão do ATP 250 de Santiago. Pouco depois, mostrou muita personalidade em sua estreia na Copa Davis, contra a Austrália, em Adelaide.
Tipo de coisa que, sobretudo em sequência, não acontece por acaso. Toda a sorte do mundo é incapaz de conspirar para alguém mostrar um jogo tão empolgante - e vencedor - quanto Wild fez durante alguns anos, inclusive na sua transição para o tênis profissional.
A pandemia interrompeu o circuito e, quando a ATP retomou os torneios, Thiago Wild era outro. E antes que sigamos adiante: ninguém aqui está culpando a pandemia. É mera questão cronológica. Pois bem. Sigamos. O paranaense ainda teve um bom resultado - uma final de Challenger em Aix-en-Provence - mas vieram dez derrotas seguidas.
A história é inversamente proporcional. Nem todo azar do mundo consegue conspirar. O Thiago pós-pandemia se perdeu em quadra e fora dela. Não demoraram para vir à tona relatos de sua ex-namorada, que falava em relacionamento abusivo e violência doméstica, tanto física quanto psicológica. Wild foi investigado e, em seguida, acabou denunciado pelo Ministério Público (o processo está parado desde abril de 2022 porque o tenista não foi encontrado em três oportunidades nos diferentes endereços que informou à Justiça do Rio de Janeiro). Na coletiva desta terça, recusou-se a falar sobre o tema.
Thiago perdeu patrocinadores e, dentro de quadra, seu tênis sumiu. A potente direita que comandava ralis escondeu-se entre escolhas ruins e caminhões de erros não forçados. As duplas faltas tornaram-se mais frequentes. Faltava paciência. Sobravam raquetes quebradas, palavrões e todo tipo de queixa. Em um Challenger, Wild reclamou até da luz que vinha de um freezer na beira da quadra. As vitórias escassearam, e seu ranking entrou em queda livre.
Foi preciso despencar além do 400º posto no ranking para iniciar uma reação. "Trabalhei muito duro", foi o que Thiago disse após derrotar Medvedev. E como nada acontece por caso, a direita voltou a comandar ralis, a curtinha voltou a entrar, e a expectativa de vida de suas raquetes aumentou. Nesta terça, mesmo depois de cometer falhas graves no fim do segundo set, a cabeça não se foi. Wild ficou. Seu tênis ficou.
A vitória sobre Medvedev lembrou o Wild de anos atrás. Lembrou a expectativa - totalmente justificada - de anos atrás. Confirmou o potencial de anos atrás. Mostrou o tênis que todos esperavam ver um dia. Parabéns, Thiago.
Coisas que eu acho que acho:
- Mantendo o tema do post, repito: nada acontece por acaso. O triunfo desta terça talvez não tivesse acontecido - não assim, desta maneira - se Wild não tivesse vivido a queda dos últimos anos.
- Escrevi este texto aqui sobre Thiago Wild mais de um ano atrás, e continuo acreditando no que argumentei ali.
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