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Bia vence a 7ª do mundo, vai à semi e atinge feito inédito em Roland Garros

Colunista do UOL

07/06/2023 08h37Atualizada em 07/06/2023 11h27

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Pela primeira vez na Era Aberta do tênis (a partir de 1968, quando profissionais começaram a competir com amadores), o Brasil tem uma mulher nas semifinais de Roland Garros. O feito - mais um! - pertence a Beatriz Haddad Maia, que voltou a vencer uma partida nervosa no torneio francês. Depois de um começo de jogo pouco inspirado, a paulista de 27 anos superou a tunisiana Ons Jabeur, número 7 do mundo, por 3/6, 7/6(5) e 6/1 e escreveu mais uma página importante na história do tênis verde-e-amarelo.

O triunfo também faz de Bia a primeira brasileira na semifinal de um torneio do Grand Slam desde o US Open de 1968, quando Maria Esther Bueno - sempre ela! - foi superada por Billie Jean King na mesma fase. Em 1964, ainda na época do amadorismo do tênis, Maria Esther foi derrotada por Margaret Court na final de Roland Garros.

"Nos grand slams, temos a chance de recuperar. Tive um dia de folga e tenho um time incrível. Meu fisio está aqui, então ele pôde trabalhar muito duro no meu corpo. Meu técnico também, na minha mente. Isso é tênis. Trabalhamos o ano inteiro para estar nesses momentos. Lembro que no meio do segundo set, meu técnico me mostrou o relógio, e eu vi 'uma hora e alguma coisa'. Pensei 'talvez temos tempo ainda pela frente'. Eu tinha que manter a paciência e continuar com os meus golpes porque ela é uma ótima jogadora, uma das melhores do mundo, então muito feliz e orgulhosa de mim e do meu time hoje", disse Bia logo após a partida, explicando como se recuperou fisicamente do jogo de 3h51min nas oitavas de final e como estava em ótimas condições para o duelo desta quarta-feira.

A próxima adversária da brasileira em Paris será número 1 do mundo, Iga Swiatek, bicampeã de Roland Garros. Também nesta quarta, ela superou a americana Coco Gauff.

Como aconteceu

O começo de jogo foi um tanto nervoso, com as duas tenistas cometendo mais erros não forçados do que bolas vencedoras. Jabeur era a melhor em quadra. Depois de confirmar seu saque, contou com um par de erros de Bia para abrir 2/0. A brasileira conseguiu devolver a quebra imediatamente, mas tinha problema para ganhar pontos em seus games de serviço e perdeu o saque outra vez no quarto game. A tunisiana, que errava menos, ainda contava com a eficiência de suas curtinhas, que Bia não conseguia alcançar. Só no primeiro set, foram cinco curtinhas vencedoras.

Jabeur abriu 4/1 com seu saque, e Bia até esboçou uma reação, devolvendo a quebra, mas voltou a perder o saque no oitavo game e viu a oponente fechar a parcial em 6/3 na sequência. Até ali, a brasileira havia vencido apenas 37% dos pontos com o primeiro serviço, embora tenha encaixado 73% deles na parcial. Jabeur disparou 15 winners contra apenas seis de Bia, e ambas cometeram 14 erros não forçados.

A paulista parece ter entendido que precisava fazer mais com o saque, e deu uma boa resposta no começo do segundo set. Forçando mais e sacando mais forte, não cedeu break points nos três primeiros games. Além disso, disparou três aces e evitou que Jabeur abrisse vantagem novamente. A tunisiana, contudo, também confirmava seus games de saque sem dar chances.

O jogo seguiu sem break points até o 11º game, quando Bia voltou a ter seu saque ameaçado. Depois de um winner de Jabeur e dois erros da brasileira, a tunisiana teve duas chances de quebra (15/40). Desperdiçou a primeira errando uma devolução de segundo saque e foi forçada a um erro na segunda, graças a um bom forehand agressivo de Haddad Maia. Bia salvou seu saque e finalmente conseguiu pressionar a oponente. Com um winner de devolução, conseguiu um set point. A paulista, entretanto, atacou com um forehand para fora e desperdiçou a chance. Jabeur já não mostrava a confiança de antes e errou duas curtinhas no game, mas confirmou o saque a duras penas e forçou o tie-break.

Aproveitando seu bom momento, Bia começou o game de desempate abrindo 3/0, com dois winners. Pouco depois, com mais um forehand vencedor, fez 4/1. Com um lindo backhand na paralela, fez 5/2. Jabeur ainda salvou mais dois set points, mas Bia, com o saque e 6/5 no placar, fechou a parcial com um forehand indefensável na paralela: 7/6(5).

Cheia de confiança, Bia foi para o ataque nas devoluções logo no começo do terceiro set e finalmente voltou a quebrar o serviço da número 7 do mundo. O jogo mudou. A brasileira agora era a senhora da partida e jogava um tênis incisivo, sem deixar Jabeur respirar. Jogando mais perto da linha, anulou também as curtinhas da oponente. Com técnica e tática funcionando, Haddad Maia quebrou a tunisiana mais uma vez e abriu 3/0. A africana ainda devolveu uma quebra, mas não conseguiu manter seu saque logo depois. Assim, Bia abriu 5/1 e não olhou mais para trás.