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No jogo mais importante da carreira, Alcaraz sentiu o peso do mundo

Reuters
Imagem: Reuters

Colunista do UOL

09/06/2023 19h35

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Carlos Alcaraz entrou em quadra nesta sexta-feira como campeão de slam (ganhou o US Open do ano passado) e número 1 do mundo. Dois feitos de tamanho inquestionável, conquistados com seu esforço e talento. Faltava no currículo, porém, uma vitória sobre um gigante nos maiores torneios do circuito, e encarar Novak Djokovic em Roland Garros era o maior obstáculo possível para Carlitos (dada a ausência de Rafael Nadal).

Durante dois sets, Alcaraz equiparou-se ao maior campeão de slams em simples da história do tênis masculino (22 troféus, empatado com Nadal). Disparou seus golpes mais poderosos e viu o rival devolver com o melhor de seu arsenal. Perdeu um set, ganhou outro. Um jogaço. O melhor do ano, caminhava para ser. Até que, na forma de cãibras, chegou a conta para o garotão de 20 anos. Após 2h30min de tanta tensão, Alcaraz viu seu corpo inteiro travar. Não conseguiu mais competir, e teve de ver, desolado, Djokovic completar o serviço e avançar.

Após a eliminação, admitiu o que parecia óbvio: os nervos.

"Hoje, não me senti diferente [antes da partida]. Estava igual aos outros dias. Talvez um pouquinho mais nervoso porque ia jogar uma semifinal contra Novak, mas nada fora do comum. O que aconteceu hoje foi algo mais mental. Entrei na partida mais tenso do que o normal e não soube relaxar, não soube retirar um pouco de pressão. Desde o começo, tive uma tensão extra que, em um slam, cobra uma conta. Depois da intensidade dos dois primeiros sets, a conta chegou. Obviamente, por jogar contra Novak, que te exige ao máximo e vai te drenando pouco a pouco, e se você não tenta tirar essa tensão, no final vem a conta com o que aconteceu comigo", explicou Alcaraz.

Não foi a primeira partida tão longa da carreira de Alcaraz. Longe disso. Quando venceu o US Open do ano passado, jogou três partidas de cinco sets de forma consecutiva. Venceu em 3h54min, 5h15min e 4h19min, respectivamente. E, depois disso, ainda venceu a final do torneio em quatro sets, somando mais 3h20min em quadra. Também no ano passado, no Masters 1000 de Madri, derrotou Djokovic nas semifinais em 3h35min.

Obviamente, é diferente jogar uma semifinal de um Masters como número 9 do mundo de encarar Nole em um slam como primeiro do ranking. O peso é outro. Derrubar Djokovic em Paris significaria avisar ao mundo do tênis que o circuito masculino mudou de mãos. "Quem dá as cartas agora sou eu", ou algo do gênero. Não é tão simples. Nunca foi e provavelmente jamais será enquanto o veterano sérvio empunhar uma raquete numa quadra central. O corpo inteiro de Alcaraz mostrou isso ao garotão.

"No fim do segundo set, era a mão [com cãibras]. Depois, começou nas pernas. E no fim, era praticamente todo o corpo. Tenho claro que a tensão da partida e o quão exigentes foram os dois primeiros sets cobraram a conta. O único que posso dizer é que vou treinar mais, e a experiência desta partida vai ficar na minha cabeça para as próximas partidas e torneios em que possa acontecer essa situação, e vou lidar melhor do que lidei hoje", prometeu o número 1 do mundo.

Enquanto Alcaraz volta para casa para se recompor, Djokovic fica mais alguns dias em Paris. No domingo, ele e Casper Ruud disputarão a final, e o recorde está na mira: se vencer, Nole será sozinho, com 23 títulos, o maior campeão de slams em simples da história do tênis masculino.

Coisas que eu acho que acho:

- É muito bacana da parte de Alcaraz admitir que sentiu os nervos e que esteve em um estado de tensão como nunca na carreira. Foi honesto, ainda que revelando uma - digamos - "fraqueza". Melhor do que culpar remédios, uma noite mal dormida ou alguma doença misteriosa. Carlitos encarou a coletiva com naturalidade, falou o que tinha que falar com educação e paciência e foi embora. Simples e honesto, como parece ser tudo sobre sua carreira.

- Mais uma da cobertura televisiva de Roland Garros. O SporTV informa que o duelo entre Bia Haddad Maia e Iga Swiatek foi a maior audiência de um jogo feminino na história da TV paga brasileira. O canal global divulgou que "mais de 1,4 milhão de pessoas passaram pelo canal, que foi líder de audiência entre todos os demais da TV paga - foi também a maior audiência do canal desde os Jogos Olímpicos de Tóquio -, ficando com o dobro de audiência em relação ao segundo colocado na faixa, o Viva. Se compararmos com a ESPN 2, que exibia a mesma partida, o resultado é ainda melhor, já que o Sportv3 atingiu uma audiência de 185% acima do concorrente e teve 55% da participação entre todos os canais esportivos."

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